'Metrô não vai resolver problema', diz Peñalosa sobre trânsito em Salvador

Ex-prefeito de Bogotá, que participa na terça de evento no Teatro Castro Alves, diz que faixa exclusiva para ônibus é opção como solução de mobilidade

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Fonte: G1 BA  |  Autor: Ruan Melo  |  Postado em: 01 de outubro de 2013

Ciclofaixa foi inaugurada no centro de Salvador

Ciclofaixa foi inaugurada no centro de Salvador

créditos: Max Haack/Agecom

 

Faixas exclusivas para ônibus e restrição ao uso de veículos particulares. Estas são as soluções para a mobilidade de Salvador apontadas pelo urbanista e ex-prefeito de Bogotá, Enrique Peñalosa.

 

O especialista é considerado um dos principais nomes sobre mobilidade urbana no mundo. Na terça-feira (1), ele irá participar do projeto Fronteiras do Pensamento, que acontece na sala principal do Teatro Castro Alves (TCA), na capital baina. No evento, Peñalosa irá debater sobre as ideias implantadas durante sua gestão como prefeito da capital da Colômbia.

 

Durante coletiva de imprensa realizada na manhã desta segunda-feira (30), em Salvador, Peñalosa falou sobre os problemas e apontou soluções para o trânsito na capital baiana.

 

"O sistema de ônibus não é a melhor solução para Salvador. É a única solução. Mobilidade só se soluciona com transporte público.Toda via importante tem que ter faixa exclusiva para ônibus. Uma faixa de ônibus mobiliza mais pessoas que sessenta carros", afirma o ex-prefeito.

 

Segundo Peñalosa, o uso do sistema de metrô não é suficiente para melhorar a situação do trânsito na capital baiana. "O metrô não vai resolver o problema. Os engarrafamentos não vão melhorar com ou sem ele. A linha de metrô atende a 5% da população. Antes de fazer um metrô é necessário aproveitar bem todas as vias já existentes. O metrô em São Paulo custou R$ 250 milhões. Esse dinheiro é o suficiente para criar vias para ônibus", opina.

 

Cidade para pedestres

Peñalosa acredita que os espaços das vias rápidas devem ser melhor aproveitados. "Eu quando vim do aeroporto de Salvador passei por uma autopista. As autopistas são vias rápidas que não têm interseção, edificações. Não se pode atravessar. Elas são como um rio venenoso que passa pela cidade. Se faz uma via nova, ela tem que ter faixas exclusivas para ônibus, passeios grandes".

 

O investimento em calçadas também é defendido por Penãlosa. "A parte mais importante da estrutura de uma cidade são as calçadas. Temos cidades desenvolvidas para os carros, mas não para as pessoas. Os carros tomam mais espaço que os seres humanos. Uma cidade avança não somente com autopistas, metrôs, mas com calçadas".

 

Peñalosa é atualmente presidente do Institute for Transportationand Development Policy – ITDP, organização não governamental norte-americana que presta assistência técnica no desenvolvimento de meios de transporte sustentáveis na Ásia, África e Américas. Durante a gestão como prefeito, ele implantou cinco megaprojetos: banco de terras, distrito dos parques (incluindo a Rede Bogotá de Ciclovias); o distrito de bibliotecas; o Transmilênio (sistema de transporte coletivo) e a construção e manutenção de estradas.

 

enrique penalosa (Foto: Divulgação)Enrique Peñalosa é um dos principais nomes sobre
mobilidade urbana no mundo (Foto: Divulgação)

 

"Fizemos 350 km de ciclovias protegidas, 19% das viagens passaram a ser feitas em automóvel privado e 6% de bicicleta. Esse número era zero em 12 anos. Hoje, 500 mil pessoas vão de bicicleta para o trabalho em Bogotá", afirma o ex-prefeito.

 

Peñalosa também acredita que é fundamental restringir o número de veículos na cidade. Uma das saídas apontadas por ele é limitar o acesso a estacionamentos. "Para que haja mudança precisamos melhorar a qualidade do transporte públicos: ônibus limpos, iluminados, seguros. Também é necessário restringir o uso de carros e isso se faz restringindo o uso de estacionamentos. Em Londres nenhum jovem tem carro. Eles alugam o carro para usar no final de semana. Em alguns edifícios há carros compartilhados. É preciso que seja fácil alugar carros, para que as pessoas não precisem ter o delas".

 

Crítico do uso diário de veículos, Peñalosa afirma que não é contra a compra de automóveis.

 

"Não é ruim que as pessoas tenham carro. O ruim é que elas o usem em hora de pico. Usar durante a noite, no final de semana para ir a praia, tudo bem. Em cidades mais avançadas, as pessoas não têm carros. Quando falo nisso parece um sonho hippie, uma utopia. Mas isso não só existe, como são as soluções mais exitosas".

 

Ações em Salvador

Uma das ideias implantadas por Peñalosa começou a funcionar no dia 22 de setembro em Salvador, data em que se comemora o Dia Mundial Sem Carro. A partir desta data a capital baiana passou a disponibilizar bicicletas compartilhadas em pontos específicos. Até o final do ano, segundo a gestão municipal, serão 40 estações de compartilhamento de biciletas em vários pontos da cidade, do Comércio à Orla Atlântica, onde a Prefeitura também pretende recuperar as ciclovias.

 

Cinco estações localizadas nas praças Castro Alves, Piedade, Campo Grande, Porto da Barra e Jardim Apipema já foram inauguradas. Saiba como utilizar o sistema aqui. Além das estações, a gestão municipal inaugurou no domingo (22) uma ciclofaixa entre o Campo Grande e o Centro Histórico. De acordo com a prefeitura, esta é a primeira ciclofaixa da capital baiana, que vai funcionar aos domingos e feriados, das 7h às 16h.

 

Fronteiras do Pensamento

Os ingressos para o evento custam R$ 20 e podem ser comprados na bilheteria do TCA, ou nos postos de vendas localizados nos Sacs do Shopping Barra ou Iguatemi. A apresentação acontece às 20h30.

 

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