"Bicicleta não é meio de transporte", diz engenheiro da Poli

Fala polêmica do engenheiro Sergio Ejzenberg, mestre de transportes pela USP, foi dada ao jornal Folha de S. Paulo deste fim de semana

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Fonte: Via Trolebus  |  Autor: Renato Lobo  |  Postado em: 26 de janeiro de 2016

Simulação de trânsito. Avener Prado/Eduardo Knapp/

Simulação de trânsito. Avener Prado/Eduardo Knapp/Folhapress

créditos: Montagem Blog do Ônibus/ Fotos FSP

 

Sergio Ejzenberg, engenheiro e mestre de transportes pela USP, que muitas vezes é consultados por jornais impressos, rádio, e televisão, fez declarações polêmicas em relação ao uso da bicicleta como meio de deslocamento. A declaração está em reportagem do jornal Folha de S. Paulo, do último sábado (23), que reproduziu uma experiência feita na Alemanha, em 1991, só que desta vez na cidade de São Paulo, sobre a ocupação de diferentes meios de transporte em um espaço no viário.

 

O jornal fez a simulação na Avenida Pacaembu, e constatou que para transportar 48 pessoas, com média paulistana de 1,2 pessoa por veículo, são necessários 40 carros que ocupam 840 m², 1 ônibus que ocupa 50 m², ou 48 bicicletas que ocupam 92 m².

 

“Esse ensaio induz à conclusão de que é uma maravilha andar de bicicleta. Bicicleta não é meio de transporte; é uma alternativa. E o ônibus não consegue atender todas as viagens. O carro não pode ser tratado como bandido. O pensamento idílico não resolve a questão da mobilidade”, disse Ejzenberg.

 

Alguns fatos que contestam a fala de Ejzenberg:

 

1 – A bicicleta é sim meio de transporte, mencionada no código Brasileiro de Trânsito;

 

2 – De acordo com pesquisa da Rede Nossa São Paulo e Instituto Ibope, feita em 2012, 65% das pessoas aceitaria deixar o carro em casa se outras opções, como transporte público e bicicleta, fossem viáveis. Ou seja, para a maior parte das pessoas ouvidas nesta pesquisa, a bicicleta é sim um meio de transporte;

 

3 – Pesquisa Origem/Destino feita pelo Metrô em 2007 apontava que existiam mais pessoas usando a bicicleta para se deslocar do que passageiros em táxis.  Cabe lembrar que o número de ciclistas aumentou, com o aumento da malha cicloviária;

 

4 – Toda a unanimidade é burra, e obviamente não se pode imaginar que todas as pessoas deixem de usar o carro, e passem a usar apenas a bicicleta, excluindo a peculiaridade dos trajetos. Porém, o uso da bicicleta tem potencial de ocupar o lugar que era do automóvel para parte das pessoas. Uma pesquisa feita pela ONG Transporte Ativo, relatada no telejornal Bom dia Brasil, apontou que os ciclistas usam a bicicleta cinco ou mais dias na semana.

 

5 – Outro estudo, intitulado “De bike ao trabalho”, feita pelo Bike Anjo, aponta que 68% fazem o uso da bicicleta como meio de transporte frequentemente;

 

Ejzenberg e o carro

O especialista fala ainda de que o carro não pode ser tratado como vilão. Todavia o automóvel é privilegiado nos espaços urbanos. A taxa de ocupação no viário é muito maior do que os outros meios de transportes, e levam um número bem menor de passageiros, mostrado pelo estudo da folha. Em outras palavras, o carro ainda ocupa o lugar de herói.

 

Ejzemberg é fonte recorrente da mída diária

 

A questão não é demonizar o uso do carro, e sim democratizar outros meios de deslocamento, em benefícios de todos. “O carro de passeio realmente não pode ser encarado como vilão, no entanto, a verdade é que o automóvel particular também não pode continuar a ser encarado como uma solução”, disse Adamo Bazani, do Blog Ponto de Ônibus.

 

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