Fotógrafo viaja de bicicleta pelo interior do Ceará e retrata o Nordeste

Pedalando, o profissional registrou paisagens e histórias de Itapebussu, Lagoa do Juvenal, Pentecoste, Caxitoré, Itaitinga e Pentecoste

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Fonte: O Povo  |  Autor: Bruna Damasceno  |  Postado em: 28 de julho de 2016

 
Foto: Pedro Jorge Nascimento

 

“Sertão, arguém te cantô
Eu sempre tenho cantado
E ainda cantando tô,
Pruquê, meu torrão amado,
Munto te prezo, te quero
E vejo qui os teus mistero
Ninguém sabe decifrá.
A tua beleza é tanta,
Qui o poeta canta, canta,
E inda fica o qui cantá”.

 

Os versos são do poeta Patativa do Assaré, que traduz a língua portuguesa equilibrado na cultura e na essência do povo nordestino. Suas palavras representam o universo apaixonante que os cearenses carregam na voz e no caminhar - e foi com essa perspectiva que um fotógrafo natural de Fortaleza usou a luz e o olhar nativo para traduzir o Ceará em imagens – com recortes genuinamente naturais.

 

Pedro Jorge viaja de bicicleta para aproveitar as particularidade da região. Em sua última viagem no estado neste mês de julho o fotógrafo pedalou da Maraponga, bairro da capital cearense, até o município de Itapajé.

 

Em entrevista ao site O Povo Online, ele narra a viagem. “Saímos na sexta-feira à noite e pernoitamos em uma pousada em Itapebussu, muito parecida com uma fazenda. Tinha uma área para armar a rede, atamos e ficamos esperando amanhecer para tomar um café”.

 

Desafio do Sertão

Ele detalha a aventura: “Essa viagem foi um desafio de um grupo de ciclistas, chamado “Desafio do Sertão”. O mais gratificante desses eventos é conhecer os moradores. Quando conversamos eles perguntam de onde a gente vem e se admiram ao saber que viemos de longe”. E conta as dificuldades. “O sol, a poeira e as pedras atrapalham andar na bicicleta. Por volta de 15horas no sábado, peguei um caminho muito complicado, cercas e muita pedraria, e quase cai na vala. Eu escapei, mas um amigo caiu”.

 

Ele descreve ainda como é ter que resistir às dificuldades do esgotamento físico.  “A sede e a fome são outros fatores, o desgastes e os pés feridos... Mas a vontade de continuar prevalece, porque eu me concentro na fotografia e isso me inspira”. “Apesar de tudo, é maravilhoso, porque de bicicleta temos a oportunidade de apreciar paisagens que de carro e moto passariam despercebidas, coisas simples que chamam atenção”, acrescenta.

 

De passagem pelas cidades de Itapebussu, Lagoa do Juvenal, Pentecoste, Caxitoré, Itaitinga e Pentecoste o profissional fotografou paisagens que contam histórias. Ele descreve com emoção uma das fotos que foi tirada pela manhã em uma rodovia, ao lembrar de um morador do lugarejo. “Parei para abastecer água às 10h12 na CE -354, próximo a Igreja Santa Luzia, e com o olhar sereno da vida do campo, o senhor Francisco me deu água”.

 

E foi nessa atmosfera de solidariedade que Pedro seguiu viagem, pedindo informações a outros ciclistas que passavam, recebendo água de quem respeita o valor desse recurso natural, sendo acolhido em locais que são apoio para os romeiros, como o Sítio da Vovó Ondina. Caminhando em estradas que o levava à casas com pessoas que ainda sentam em suas varandas para conversar. Casas de barro, rodeadas por árvores, mato, terra e afeto.

 

“É uma aventura indescritível, ver arquiteturas antigas preservadas, residências de cem anos, coisas muito antigas, a vegetação, a natureza. A diferença na época de chuva, de seca”, conclui.

 

Foto: Pedro Jorge Nascimento


Foto: Pedro Jorge Nascimento

 

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