O poder econômico e social das cidades caminháveis

Pesquisas recentes apontam que se antes os jovens americanos preferiam andar de carro, agora começam a optar por caminhadas, bicicleta ou transporte coletivo

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Fonte: ArchDaily  |  Autor: Constanza Martínez Gaete  |  Postado em: 05 de setembro de 2016

Pedestres em Nova Iorque, EUA

Pedestres em Nova York

créditos: Jeffrey Zeldman

 

Nos últimos anos, as prioridades de mobilidade da população dos EUA vêm apresentando mudanças significativas, sobretudo entre os jovens. Se antes a opção quase unânime de deslocamento era o automóvel, agora as escolhas incluem caminhadas, bicicletas ou o transporte coletivo, segundo apontam pesquisas recentes.

 

Esta diferença de prioridade dos modos de transporte resulta em diversos benefícios para os habitantes, mas também para a cidade, seja em termos econômicos ou sociais.

 

Com efeito, em um estudo realizado em 2014 pela organização Smart Growth America, dedicada à promoção de lugares habitáveis, em conjunto com a Escola de Negócios e o Centro de Imóveis e Análises Urbanas, ambos da Universidade George Washington, foi definido o perfil de 30 áreas metropolitanas, classificadas de acordo com o quão peatonais são e como isso influencia seu desenvolvimento comercial, o nível educacional de quem habita esses locais e o desempenho econômico da região.

 

Caminhabilidade

Nesta ocasião, observou-se que as três cidades mais peatonais foram Washington  (1°), Nova York (2°) e Boston (3°), enquanto que no lado oposto do espectro estavam Tampa (28º), Phoenix (29º) e Orlando (30º).

 

No entanto, além da posição de cada cidade na lista, a pesquisa permitiu obter outros dados que até agora não haviam sido relacionados à caminhabilidade, como por exemplo, que as cidades caminháveis têm um Produto Interno Bruto (PIB) per capita 38% maior que cidades não caminháveis, e também que atraem pessoas de nível educacional mais elevado, além de serem socialmente mais igualitárias.

 

A mesma pesquisa foi realizada novamente este ano e seus resultados acabam de ser publicados. Desta vez, a premissa partiu da ideia de que "pela primeira vez em 60 anos, os lugares urbanos transitáveis das 30 maiores áreas metropolitanas [dos EUA] estão acima do valor de mercado dos subúrbios, onde o automóvel é mais usado."

 

Além disso, entre as 30 áreas metropolitanas foram analisados 619 WalkUPs, isto é, lugares que são significativamente peatonais dentro das cidades, mas que em sua maioria representam cerca de 1% de toda a área de uma cidade. A população das 30 regiões representa 46% de toda a população dos EUA, ou seja, aproximadamente 145 milhões de pessoas, que, por sua vez, geram 54% do PIB nacional.

 

Em cada uma das 30 regiões, determinou-se a porcentagem da área ocupada por comércio, escritórios e habitações de aluguel dentro dos WalkUPs, comparando o resultado com a superfície que estas ocupam na área metropolitana. O resultado mostra que Nova York, Washington, Boston, Chicago, San Francisco e Seattle são as mais caminháveis.

 

Mas como isso se relaciona com o desempenho econômico das regiões e com o nível educacional de quem vivem ali? Segundo o estudo, estes indicadores se relacionam "de alguma maneira".

 

Em termos de uso de solo e, portanto, econômicos, a pesquisa demonstrou que o desenvolvimento urbano transitável aponta para a recuperação do centro das cidades e urbanização dos subúrbios, contudo, os maiores benefícios estão em quem opta pela primeira.

 

Por outro lado, as regiões mais transitáveis são socialmente mais igualitárias, já que contam com menores custos de transporte e acesso a mais ofertas de emprego, aspectos que compensam os custos mais elevados dos aluguéis.

 

Faça o download da pesquisa “Foot Traffic Ahead 2016” clicando aqui.

 

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