Em agosto de 2016, o Instituto Arapyaú convidou o Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas (GVces) a investigar lições aprendidas em quatro experiências de construção de agendas locais para cidades sustentáveis, com o objetivo de levar esse conhecimento a um público mais amplo e contribuir na construção de agendas locais participativas e de longo prazo.
Na visão das duas instituições, os arranjos da governança local – entendidos como os acordos formais e informais para a construção de políticas e ações – são cruciais para a qualidade dos resultados no fomento a cidades sustentáveis, de forma a garantir inclusão social, perenidade e efetividade. E a ampla participação social, de qualidade, condição fundamental para a boa governança.
Assim, a investigação do GVces ao longo dos sete meses de projeto foi orientada a responder às seguintes provocações:
- Como construir espaços de participação urbanos efetivamente multinível e multiator em uma complexa e diversa rede de articulação social?
- Como promover engajamento legítimo na construção de agendas para cidades sustentáveis?
- Como melhor aproximar a gestão pública da sociedade?
Em primeiro lugar, a pesquisa fez um mergulho no conceito de cidades sustentáveis, levantando o arcabouço teórico e bibliográfico sobre o tema e observando “a vida como ela é”, ao mapear mais de 200 iniciativas de instituições nacionais e internacionais que se propõem a trabalhar no tema.
O resultado foi a produção de um mosaico que aponta algumas das principais pautas de atuação. A investigação apontou também que o termo “cidades sustentáveis” responde a múltiplas interpretações e customizações, amparadas por adjetivos tais como “cidades criativas”, “cidades inteligentes” (smart cities), “cidades resilientes”.
Entendeu-se que é na governança dos processos de construção das agendas futuras de uma cidade sustentável que se dará a criação de uma narrativa condizente com a soma dos anseios e a explicitação dos conflitos entre os diferentes atores de um determinado território urbano, rumo a objetivos comuns.
Posteriormente, um mergulho em quatro experiências atuais de construção de agendas – Três Lagoas Sustentável, Curitiba 2035, Sobral de Futuro e Casa Fluminense – apoiou a investigação de aprendizados a serem compartilhados. Finalmente, foram agregadas as discussões trazidas em dois encontros com especialistas, que ajudaram a orientar a pesquisa.
Como caminhos a seguir, identificou-se a necessária conexão das agendas com políticas públicas e transversalidade; a demanda por recursos financeiros, humanos e intangíveis; a busca por equilíbrio ótimo entre diálogo inclusivo e conhecimento técnico; e a oportunidade de incremento do capital social e das capacidades por meio de transparência e monitoramento.