A associação cycl'Avenir, que promove autonomia e socialização com bicicleta, organiza no domingo (20), Dia Mundial dos Refugiados, um grande passeio pelas ruas da capital francesa. Haverá visitas a grandes monumentos, com guias que abordarão aspectos históricos e culturais da cidade, e até batucada, com o bloco de carnaval de rua Foliões Unidos saudando cada grupo de ciclistas que chegar às margens do rio Sena.

Vale dizer que a França é um importante destino para refugiados, pessoas em condição de vulnerabilidade que se esforçam por se adaptar a uma nova cultura e, muitas vezes, não encontram o acolhimento social que necessitam. Pensando nisso, a associação de ciclistas voluntários de Paris decidiu reduzir essa distância... pedalando!

Até meados de 2020, o mundo já somava cerca de 26 milhões de refugiados, estimam as Nações Unidas. A data dedicada a essa parcela populacional foi criada no ano 2000 pela ONU, como um modo de conferir mais atenção àqueles que, por diversas razões, são obrigados a deixar suas casas. 

Segundo Fernanda Hinke, co-fundadora e presidente de honra da associação que organiza este tour com os refugiados, o passeio "é uma forma de saudar a esperança dessas pessoas de reconstruírem suas vidas em outro lugar com mais segurança". 

Fernanda mora em Paris desde 2011 e há oito anos trabalha com passeios turísticos para estrangeiros na capital francesa. Muito mais do que a oportunidade de conhecer melhor a capital francesa, na sua visão esse passeio com refugiados é uma importante oportunidade de interação, socialização e acolhimento, explica. 

Aprender a pedalar

Fundada em 202, a cycl'Avenir atua em parceria com outras entidades ligadas ao tema dos refugiados e, entre suas atividades, uma das principais é ensinar as pessoas a andarem de bicicleta. Algo que parece simples, mas pode ser um importante fator de transformação social, explica a voluntária da organização.

"A gente acha que todo mundo sabe andar de bicicleta, mas não é verdade. Muita gente não sabe", alerta Fernanda: "Saber andar de bicicleta empodera essas pessoas, cria oportunidades de socialização, de integração na sociedade, além de servir para a locomoção, para o lazer", acrescenta.

Mães ganham bicicleta

"Nossos cursos de bicicleta acontecem quase todos os dias da semana, em diferentes centros de acolhimento. E muitas vezes nos ocupamos também de crianças monoparentais, quando atendemos suas mães. Ao final do curso, as mulheres do programa 1, chamado En s'elle(s), ganham uma bicicleta", conta Fernanda.

A cycl'Avenir foi contemplada este ano com o Budget Participatif de Paris, tipo de orçamento em que a população escolhe o projeto que receberá recursos financeiros públicos. A associação concorreu com mais de 700 projetos e conquistou o 11° lugar. "Estamos muito felizes com isso, porque a gente sabe que a bicicleta realmente move e une pessoas", vibra a dirigente da associação.

Meia-Noite em Paris

A bicicleta como elemento transformador não é algo recente na vida de Fernanda Hinke. Desde 2013, ela leva turistas, principalmente brasileiros, para conhecerem Paris e outras cidades da França sobre duas rodas. Um dos passeios mais procurados, o Meia-Noite em Paris, explora a "cidade luz" a partir das 22h e se estende até 1h da manhã. "É um passeio belíssimo, à noite, quando a cidade está mais vazia", comenta. As viagens para outras cidades acontecem pela parceria Conexão Paris Viagens.

O passeio de bicicleta para celebrar o Dia Mundial dos Refugiados acontece em colaboração com a plataforma Benenova e a Paris Bike Tour. Serão organizados grupos de no máximo 12 pessoas cada, respeitando as regras de segurança sanitária. Os Foliões Unidos receberão os refugiados-ciclistas com música ao final da atividade, mas sem a formação de bloco, também em respeito às medidas para evitar aglomerações.

Ouça a entrevista com Fernanda Hinke na RFI, para mais detalhes desta atividade.

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