Acidentes graves com bikes cresceram 30% nos primeiros meses de 2021

Pesquisa da Abramet revelou aumento de atropelamentos de ciclistas em todo o país. Estudo vê panorama preocupante em capitais, especialmente em BH, Goiânia e Fortaleza

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Fonte: Abramet  |  Autor: Abramet  |  Postado em: 25 de maio de 2022

Bicicleta em alta, mas falta infraestrutura

Bicicleta em alta, mas falta infraestrutura

créditos: Reprodução


Sustentável e econômica, a bicicleta muitas vezes é apontada como o veículo do futuro. Ela está cada vez mais presente no trânsito brasileiro e, infelizmente, também é protagonista de sinistros graves.  Uma análise da Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet) registrou um aumento relevante de sinistros que exigem atendimento médico envolvendo ciclistas traumatizados nos primeiros cinco meses de 2021: comparado ao mesmo período de 2020, foram 30% a mais.


“Esses dados demonstram a importância de termos atenção e iniciativas focadas nesse público. O uso da bicicleta cresceu no Brasil e exige uma abordagem de prevenção ao sinistro”, avalia Antonio Meira Júnior, presidente da Abramet. “A associação está atenta a esse tema e vamos discuti-lo em nosso Congresso, no mês de setembro”, informou. A entidade realizará o XIV Congresso Brasileiro de Medicina do Tráfego nos dias 16 a 18 de setembro, mobilizando os mais renomados especialistas do Brasil e do exterior para debater diversos temas, entre eles os efeitos da pandemia na mobilidade.


Em janeiro de 2019, foram registrados 1.100 sinistros graves com ciclistas, contra 1.451 em janeiro de 2021, mês com o mais alto nível de sinistros compilados no período estudado. Os dados mostram uma oscilação suave nas ocorrências, que mantiveram média de registro de 1.185 casos mensais nos últimos dois anos. Preparado com o suporte da agência 360° CI, o estudo da Abramet apropriou dados oficiais do Datasus, do Ministério da Saúde, relativos aos sinistros de trânsito envolvendo ciclistas.

 

Os dados avaliados mostram a evolução dos sinistros graves com ciclistas em todo o Brasil, com um mapeamento por região, estado e município. Chama a atenção a escalada no registro de sinistros em Goiás: em 2021, houve um aumento de 240% em relação a 2020, com 406 casos a mais.

Merecem destaque, ainda, os estados em que a incidência de sinistros graves acumulou crescimento de 100% ou mais, como Rondônia (113%) e Sergipe (100%). Entre os municípios, o estudo identifica panorama preocupante nas capitais, especialmente Belo Horizonte, Goiânia e Fortaleza.

 


Vítimas são homens entre 20 e 59 anos

O mapeamento preparado pela Abramet avaliou, ainda, o perfil dos ciclistas envolvidos em sinistros graves: cerca de 80% eram homens e a faixa etária predominante está entre 20 e 59 anos – que corresponde a 60% dos casos. Segundo Flavio Adura, diretor científico da Abramet, a entidade aproveitará o conhecimento produzido para propor ações e procedimentos que aprimorem o atendimento de sinistros envolvendo o ciclista, assim como o reforço de políticas públicas que protejam essas vidas.

“A superioridade numérica dos acidentes envolvendo pedestres e motociclistas fez com que os ciclistas fossem negligenciados enquanto objeto de políticas de prevenção. Percorrem ruas e estradas, partilhando espaço com veículos pesados e, muitas vezes, sequer sendo percebidos. Comparada a alguém que se desloca em um automóvel, uma pessoa que circula em uma bicicleta tem uma probabilidade de óbito oito vezes maior”, ressaltou o diretor científico.

 

Idade das pessoas envolvidas em sinistros de trânsito com bicicletas

 

Problemas na infraestrutura
Na visão da Abramet, a falta de infraestrutura adequada nas cidades, combinada à falta de campanhas educativas e de prevenção voltadas ao ciclista são o principal motivo do crescimento dos indicadores de vítimas. “É preciso reconhecer que ao longo dos últimos anos houve melhorias na estrutura de algumas cidades, sobretudo em grandes capitais como Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo. No entanto, essas mudanças não acompanharam a crescente demanda de pessoas que utilizam as bicicletas como meio de transporte, esporte ou lazer”, complementa Antonio Meira Júnior.


Para ele, são necessários espaços físicos diferenciados, mais sinalização e ações educativas que alertem para o fato de que todos fazem parte do trânsito e devem ser respeitados. “Sem isso, esses indicadores continuarão subindo. Os dados mapeados pela entidade indicam que, em média, 850 ciclistas morrem todos os anos por envolvimento em acidente de trânsito. Cerca de 60% das mortes foram registradas nas regiões Sul e Sudeste.


Leia mais no site da Abramet


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