França dá novos descontos a quem comprar carro híbrido ou elétrico

Incentivos são para combater poluição, e valem a partir de 2019. Outra medida, o pedágio urbano chega ao país, e permitirá conceder mais gratuidades ao transporte público

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Fonte: RFI  |  Autor: Adriana Moysés  |  Postado em: 19 de outubro de 2018

Carro elétrico recebe ainda mais incentivos na Fra

Carro elétrico recebe ainda mais incentivos na França

créditos: mariordo59/flickr

A França prepara uma série de medidas para diminuir a poluição causada pelo trânsito, o fator que mais contribui para o aquecimento global. Algumas até impopulares, como o pedágio urbano, como já existe em Londres ou Milão. Os motoristas também terão novos incentivos na compra de carros híbridos e elétricos. 

Atualmente, o governo francês já oferece uma subvenção de € 1.000 (cerca de R$ 4.200) na troca de um carro a gasolina fabricado antes de 1997 ou a diesel fabricado antes de 2001. Quando o comprador é isento de pagar imposto de renda, o incentivo dobra para € 2.000, pouco mais de R$ 8.400. 

Em troca, a pessoa só poderá comprar, se for um carro a diesel, aquele fabricado depois de 2011; e se for a gasolina ou elétrico, se produzido depois de 2005. Caso o motorista escolha um carro novo elétrico, o desconto sobe para € 2.500 (R$ 10.600). 

Essa política de incentivo é um enorme sucesso. Só em 2018, 250 mil carros menos poluentes foram vendidos no país. A subvenção é automática: na hora da compra, a pessoa recebe o desconto na nota fiscal, volta com um carro híbrido ou elétrico para casa e economiza para outras despesas. 

Mais incentivos
O desconto de € 2.500 deve ser estendido aos carros híbridos e elétricos novos a partir do ano que vem. O governo está sendo obrigado a compensar o aumento no preço dos combustíveis, provocado pela alta do petróleo no mercado internacional. E os franceses, sendo penalizados por um duplo aumento: o do preço da gasolina e também do imposto que incide sobre o diesel, criado para desestimular a compra desse padrão de carro, que é mais poluente e corresponde à maior parte da frota ultrapassada em circulação. 

Está custando bem mais caro encher o tanque. O diesel, que sempre foi mais barato que a gasolina, esta semana bateu recordes, vendido até 20% mais caro nos postos. Um litro de gasolina está custando em média R$ 6,62 (€ 1,57). O jeito é andar menos de carro e ainda preparar o bolso para o pedágio urbano que vem por aí. 

Pedágio urbano chega às cidades francesas
A legislação francesa já permite a criação do pedágio urbano, mas as modalidades de aplicação não eram atraentes. No novo projeto de lei sobre mobilidade, o governo decidiu reforçar essa medida para diminuir a poluição em cidades com mais de 100 mil habitantes. 

A prefeita de Paris, a socialista Anne Hidalgo, sempre se opôs ao pedágio por considerar que o pagamento prejudica principalmente quem já mora na periferia e depende do carro para trabalhar. Mas agora ela mudou de ideia e está disposta a aceitar o pedágio no centro de Paris, com algumas condições: tarifas diferenciadas nos horários de rush e de menor movimento. Ela também quer condicionar a receita do pedágio a um aumento na gratuidade do transporte público. 

O projeto de lei do governo prevê uma tarifa máxima de € 2,50 (R$ 10,50) para os carros, podendo chegar até o dobro nas cidades de mais de 500.000 habitantes. Os veículos utilitários podem pagar até quatro vezes mais caro.  

Mas o pedágio urbano só deve entrar em vigor em Paris em 2024-2025. Até lá, muita gente vai ter adotado as outras modalidades de transporte elétrico que estão crescendo numa velocidade vertiginosa, como patinete, bicicleta e scooter de aluguel compartilhado, menos poluentes, bons para a saúde e bem mais baratos. 

Mobilidade sustentável em Paris
Diariamente, aumenta a oferta de patinete, bicicleta e scooter elétricos na capital e na periferia, é um movimento de fundo, de consciência das pessoas. 

A Uber anunciou esta semana que vai lançar suas bicicletas elétricas Jump, de cor vermelha, no sistema de aluguel no início de 2019 em Paris. A empresa americana vai concorrer com a frota de 5 mil bicicletas mecânicas e 800 elétricas já disponíveis no sistema Vélib, cujo plano mais caro custa € 8,30 (R$ 35) por mês. Não tem comparação com o gasto de manutenção de um carro. Ainda mais numa cidade plana. O único desconforto é o frio e a chuva, mas o francês está acostumado e tem a opção do metrô nos dias de mau tempo. 

A oferta de scooter elétrico de aluguel triplicou neste ano em Paris. Já são duas empresas concorrendo nesse segmento, uma delas filial da Bosch, de autopeças. 

As patinetes elétricas de locação são a febre do momento. As start ups americanas Bird e Lime chegaram com força no mercado francês neste verão. As duas concorrentes cobram € 1 euro para desbloquear a patinete, mas depois faturam a distância percorrida de maneira diferente. A única preocupação são as quedas, porque a aceleração chega a mais de 25 km/h e tem muita gente levando tombo na rua. 

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