A motorização da população brasileira segue crescendo ano a ano, cada dia mais individual, acendendo um alerta, mais uma vez, sobre a precarização do transporte coletivo do país. Uma nova edição da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada pelo IBGE na última sexta-feira (22), revelou um novo avanço (ou seria retrocesso?) significativo na motorização dos lares brasileiros.
Em 2024, quase metade dos domicílios no Brasil (48,8%) possuía ao menos um carro, um aumento de 1,2 ponto percentual em comparação com 2016. E, como esperado: o número de moradias com motocicletas também registrou crescimento expressivo, com mais de um quarto dos imóveis (25,7%) tendo esse tipo de veículo.
A posse de veículos no Brasil tem demonstrado uma evolução notável ao longo dos últimos oito anos. Em 2016, 47,6% dos lares brasileiros possuíam pelo menos um carro. Essa proporção teve um aumento, alcançando 49,4% em 2019, e, embora tenha registrado seu pico em 2022 com 49,8% das propriedades com carro, fechou 2024 em 48,8%. Isso representa um aumento de 1,2%.
A quantidade de lares com pelo menos uma motocicleta saltou de 22,6% em 2016 para 25,7% em 2024, o que configura um avanço de 3,1 pontos percentuais. O estudo ainda revela que a posse combinada de veículos também está em ascensão: o número de propriedades que possuem tanto um carro quanto uma moto expandiu de 10,7% em 2016 para 13,4% em 2024, uma elevação de 2,7 pontos percentuais no período.
A posse de veículos não é uniforme em todo o território nacional, revelando contrastes regionais marcantes que têm relação direta com o poder econômico da população. O Sul do País tem mais carros do que todas as outras regiões. Já no caso das motocicletas, o Norte e o Nordeste lideram.
Posse de carros:
A Região Sul lidera com a maior proporção de domicílios com pelo menos um carro, atingindo 69%. Seguem-se as regiões Centro-Oeste (59%), Sudeste (55%), Norte (29,7%) e Nordeste (28,8%).
Posse de motocicletas:
A tendência se inverte para as motocicletas: Norte (37,9%) e Nordeste (33,5%) aparecem na liderança, seguidas por Centro-Oeste (31,2%), Sul (21,2%) e Sudeste (19,4%).
Os números do IBGE deixam evidente que a expansão da frota particular – sejam carros ou motocicletas – tem sido impulsionada pela percepção de falta ou pouca opção de transporte público eficiente e abrangente, o que leva a população a buscar alternativas individuais para deslocamento, principalmente a motocicleta, que é mais acessível financeiramente.
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