Protestaram contra uma obscura associação de moradores, que rejeitou a estação do coletivo no coração do bairro nobre. Os contrários temem a deterioração da vizinhança. E o governo do PSDB, em sua já clássica, persistente e séria tentativa de suicídio político, cedeu à negativa. Decidiu mudar a estação de lugar.
Estudo técnico do metrô aponta que 25 mil pessoas usariam a estação na av. Angélica. Depois da pressão dessa desconhecida associação, a estatal cogitou transferir a boca do metrô para o vale do estádio do Pacaembu. Um local fundo, deserto e rodeado de carros em alta velocidade.
Neste momento o metrô parece não ter ideia do que fazer. Nem dizer. E não apresenta mais dados técnicos para embasar sua (in)decisão. O povo chiou. Foi para a frente do principal shopping do bairro e, depois, para a esquina onde ficaria a ex-futura estação. A Polícia Militar estimou em 600 os participantes.
Tudo transcorreu em clima pacífico, bem humorado. Na Angélica, chegaram a pendurar roupas em varais, pois os contrários ao metrô temem a favelização da área. Faltou cerveja gelada, havia dezenas de bicicletas dos participantes amontoadas na rua e a PM foi cordial. À noite, o pessoal da Marcha da Maconha e um grupo gay distribuíram panfletos, sem ser incomodados.
Os participantes eram, na esmagadora maioria, da classe média. Havia poucos dos temidos "diferenciados" (pobres) no evento. Mas tinha moças bonitas.
São Paulo está mudando. Aos poucos, vai se abrindo. O chamado Baixo Augusta e região da praça Roosevelt, onde todos se misturam, são a genuína expressão disso. Uma minoria na cidade teima em viver em "bolhas", imóveis ou móveis. Em apartamentos cada vez mais caros ou em veículos cada vez maiores.
Ainda não entenderam o que vem por ai.