Não é de hoje que o passageiro do transporte público é tão maltratado no Brasil. Basta ver a longa série de marchas, sambas etc. sobre o tema. Em geral, são canções bem-humoradas, debochadas, como convém ao estado de espírito do Carnaval, festa que já começou em boa parte do país.
Só para lembrar algumas, começamos com o "Não pago o bonde", de J. Cascata e Leonel Azevedo, que dizia mais ou menos o seguinte: Não pago o bonde, iaiá | Não pago o bonde, ioiô | Não pago o bonde, que eu conheço o condutor | Não pago o bonde porque não posso pagar | O meu é muito pouco e não chega pra gastar...
Seguimos com o samba "Patrão, o trem atrasou", de Paquito, E. Silva e A. Vilarinho: Patrão, o trem atrasou | Por isso estou chegando agora | Trago aqui um memorando da Central | O trem atrasou, meia hora | O senhor não tem razão | Pra me mandar embora...
Voltando ao bonde, lembramos a marcha "Seu condutor", de Alvarenga e Ranchinho, e Herivelto Martins: O bonde da Lapa é cem réis na chapa | O bonde Uruguai é duzentos que vai | O bonde Tijuca me deixa em sinuca | E o praça Tiradentes não serve pra gente...
São dezenas de canções, incluindo a famosa "Trem das Onze", composta pelo paulista Adoniran Barbosa, que venceu o concurso de marchinhas do Rio de Janeiro, em 1965.
Enfim, o Carnaval começou de verdade em vários lugares do país (e até mesmo em São Paulo, acreditem!). Talvez a maior novidade seja a retomada vigorosa dos blocos populares, que ocupam as ruas das cidades com milhares de foliões, de forma quase espontânea.
Essa festa de rua sinaliza a vontade - em especial da juventude - de retomar o espaço urbano para a convivência entre as pessoas, de todas as idades, incluindo cadeirantes, piratas de perna de pau e gente de olho de vidro. Só não vale a cara de mau.
A propósito, publicamos nesta edição o novo post da sorridente Mila Guedes no blog Milalá, com dicas sobre o “Mardi Gras”, o Carnaval de New Orleans, nos Estados Unidos. Lá ela desfilou com sua scooter, a Julinha, e descobriu que a cidade é um excelente lugar para "cadeirar".
É um jeito diferente de curtir o Carnaval, sobre rodas, tal como fizeram os artistas do Bicicobloco, de Brasília, que saem às ruas com suas bicicletas musicais, fantasias e estandartes. Ou como o pessoal do bloco Senta que eu empurro, do Rio de Janeiro, formado por cadeirantes de todas as idades.
E vamos para a rua. Bom Carnaval a todos!