Perigo nas vias da capital federal

Estudo revela detalhes sobre acidentes de trânsito no DF e dá soluções para reduzir a média de mortes anuais

Notícias
 

Fonte: Agência CNT de Notícias  |  Autor: Carolina Rangel  |  Postado em: 11 de fevereiro de 2015

Ministério Público do Distrito Federal e Territóri

Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT)

créditos: Arquivo CNT

 

Uma pesquisa realizada pela Fundação de Peritos em Criminalística Ilaraine Acácio Arce, (FPCIAA), mapeou as vias mais perigosas do Distrito Federal. No estudo, divulgado este mês, peritos destacam que muitos dos acidentes de trânsito com morte poderiam ser prevenidos. Isso significa que, em 2012, ano usado como base para a pesquisa, 417 vidas não deveriam ter sido interrompidas nas ruas do DF.

 

A estatística informa o DHL (dia, hora e local), a velocidade dos veículos envolvidos nos acidentes e traça um perfil das vítimas e dos infratores. Todo o trabalho foi realizado em parceria com a Polícia Civil (PCDF), o Departamento de Trânsito (Detran/DF) e o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT).

 

Em 2012, 121 ocorrências de atropelamento com vítimas fatais foram registradas no Distrito Federal, responsável por 31% das ocorrências com mortes no trânsito deste mesmo ano. Somente nas principais rodovias ocorreram 52 atropelamentos de pedestre, aproximadamente 43% do total de atropelamentos.

 

O estudo também propõe algumas pequenas medidas que podem impedir futuros desastres. Na BR 070, por exemplo, próxima à Ceilândia (a cidade mais populosa do DF), muitos carros colidem quando motoristas se arriscam em retornos clandestinos para cruzar as duas pistas. Somente no período de análise dos peritos, houve 17 mortes na rodovia, cinco delas em um raio de apenas 2,6 quilômetros. Juliano Gomes, um dos peritos responsáveis pela pesquisa, destaca que uma simples mureta de concreto no canteiro central teria inibido as manobras irregulares e poupado o sofrimento das famílias que ficaram sem os parentes.

 

Estatísticas



infografico-rodovias-df-2_web.png

 

A análise também demonstra que o ambiente não é o único fator de risco. As atitudes de motoristas e pedestres que completam o triste cenário dos acidentes contribuem para o resultado desastroso das estatísticas. O estudo aponta que os homens, menos cautelosos ao volante, se envolvem mais em desastres.

 

Geralmente, eles têm entre 30 e 40 anos e, momentos antes do acidente, consumiram álcool. No caso dos atropelamentos, nove em cada dez acidentes envolveram condutores do sexo masculino.

 

Do lado das vítimas do choque entre carro e pedestre, diversas características se repetem: a maioria é do mesmo gênero (77%), está em idade produtiva, quase sempre sob o efeito de bebida (65%) e usa roupa escura na hora da colisão. Em grande parte das situações, os atropelados morrem de politraumatismo, já no hospital. No mapa cronológico desse tipo de sinistro, os acidentes geralmente ocorrem às quintas-feiras, no período da noite, entre 18 e 20 horas, momento que coincide com a volta do trabalho.

 

Soluções

 

“A observação atenta dos órgãos públicos e providências relativamente simples poderiam ter diminuído muito o risco de morte”, enfatiza Juliano. Os atropelamentos fatais acontecem, comumente, próximo a pontos de ônibus, em rodovias onde não há passarelas. O estudo do DF mostra que esta incidência é reduzida em perímetros de até 300 metros das travessias destinadas a pedestres.

 

Mecanismos como grades e muretas, para impedir que os pedestres cruzem a via nas áreas de risco, também evitariam acidentes e auxiliariam na mudança do comportamento dos pedestres.

 

Na BR 040, em um trecho próximo à cidade de Santa Maria, por exemplo, foram registrados quatro acidentes com vítima fatal apenas no primeiro semestre do ano-base para o estudo. A partir de julho de 2012, nenhuma morte desse tipo ocorreu no local. Duas intervenções do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) explicam o efeito: a instalação de pardais e a redução da velocidade na pista para 60 quilômetros por hora.

 

“Embora essas sejam ações rápidas e não muito onerosas, hoje há uma série de pontos ainda descobertos nas vias do DF”, conclui Juliano. A expectativa dos pesquisadores é que o estudo colabore para a discussão de soluções para a redução da violência no trânsito. 

 

infografico-rodovias-df-_atual.jpg

 

Leia também:


Governo do Distrito Federal é condenado a pagar R$ 3 mil a pedestre que caiu em buraco

Mais de 50% dos acidentes ocorrem perto de pontos de ônibus em Brasília

Ciclistas e pedestres à margem em nossas cidades

 


  • Compartilhe:
  • Share on Google+

Comentários

Nenhum comentário até o momento. Seja o primeiro!!!

Clique aqui e deixe seu comentário