A difícil locomoção na região do Hospital das Clínicas, em S. Paulo

Documentário será lançado dia 20/9 durante eventos da Semana da Mobilidade Urbana. Produção é do Instituto de Estudos Avançados e Faculdade de Medicina da USP

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Fonte: Instituto de Estudos Avançados | USP  |  Autor: Fernanda Rezende | IEA  |  Postado em: 13 de setembro de 2017

Capa do Dismobilidade Urbana

Capa do Dismobilidade Urbana

créditos: Reprodução

O acesso ao maior complexo hospitalar da América Latina, o Hospital das Clínicas (HC) da USP, foi documentado em um filme produzido pelo IEA e a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. 'Dis'Mobilidade Urbana mostra as dificuldades de locomoção e transporte que envolvem a região do HC e como isso afeta seus pacientes, principalmente aqueles que têm mobilidade reduzida. A idealização e coordenação geral foram do médico patologista Paulo Saldiva, diretor do IEA e professor da FMUSP.

O documentário será lançado no dia 20 de setembro, às 13h, durante o encontro Novos Olhares sobre a ‘Dis’Mobilidade no Complexo do HC, que acontece no Anfiteatro da Fisiologia da FMUSP. Após a exibição, haverá debate com a presença de Saldiva e das professoras da Medicina Linamara Rizzo Battistella, secretária de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência, e Julia Maria D'Andréa Greve; a diretora da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, Helena Ribeiro; o geógrafo Rafael Gândara Calabria e o jornalista Matthew Shirts.

Três dias depois, 23 de setembro, o filme encerrá a programação da Virada da Mobilidade, numa exibição às 17h na sala 2 do Cinearte, no Conjunto Nacional. Para falar do filme e de seu tema central, Saldiva e a arquiteta Meli Malatesta, blogueira do Mobilize Brasil, farão a exposição "Humanos e Urbanos: uma Caminhada na Fronteira entre Saúde e Doença nas Ruas de São Paulo". Para participar, é necessário realizar inscrição prévia.

O filme e o HC
Saldiva teve a ideia de fazer o filme após ser procurado pelos funcionários da Comissão de Sustentabilidade da FM, que queriam uma campanha inovadora para a Semana da Mobilidade da FMUSP. “A ideia do projeto era captar com as lentes aquilo que nossos olhos muitas vezes não enxergam, e levar essa visão às autoridades, num segundo momento, a fim de propor soluções viáveis e dignas a esse problema”, explica Saldiva.

O filme foi produzido pela jornalista Fernanda Cunha Rezende, que coordena a área de comunicação do IEA, com apoio dos funcionários do Instituto, da FMUSP e médicos do HC. O roteiro e edição são de Diego Machado.

A maratona para chegar ao hospital
O Hospital das Clínicas (HC) recebe, por ano, mais de 1,44 milhão de pessoas para realização de consultas e exames, além de 200 mil atendimentos de emergência e 78,8 mil internações. Considerando acompanhantes e profissionais da área, são milhares de pessoas circulando diariamente na região.

O complexo compreende (em relação a atendimento ao paciente) o Instituto Central, Instituto de Psiquiatria, Instituto da Criança, Instituto do Coração, Instituto de Ortopedia e Traumatologia, Instituto de Radiologia, Instituto de Medicina Física e de Reabilitação, e Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp). O Icesp fica localizado na Av. Dr. Arnaldo, enquanto todos os demais estão concentrados na Av. Dr. Enéas de Carvalho Aguiar, que conecta a Av. Rebouças à Rua Teodoro Sampaio.

Para chegar a esses locais, a maioria dos pacientes utiliza transporte público. Casos mais graves chegam por ambulâncias, as quais também são utilizadas para transportar pacientes de outros municípios, num sistema de caronas nos veículos das prefeituras.Quem vai de ônibus, desce na Av. Rebouças ou na Rua Teodoro Sampaio e caminha até o local de atendimento. O filme mostra que esse percurso de 100 m a 600 m – dependendo da unidade de destino – apesar de parecer curto, chega a durar 30 minutos para um paciente com AVC, neuropatia, obeso, idoso, cegos ou com qualquer outra dificuldade de locomoção. No meio do caminho, obstáculos dificultam ainda mais a caminhada: subidas e descidas, calçadas estreitas e esburacadas, piso tátil interrompido, camelôs etc.

Um dos pacientes que integram o filme relata que levou duas horas de casa até o hospital, trocou de condução três vezes, caminhou até o local e, após o atendimento, descobriu que ficaria internado por uma semana com um problema cardíaco. Outra personagem do documentário é a mãe e uma criança cadeirante de oito anos de idade. Para sair do metro Clínicas e chegar à Av. Dr. Arnaldo, elas precisam contar com a boa vontade de alguém para carregar a cadeira, enquanto a mãe sobe com a criança no colo, já que não há elevador conectando a estação à calçada da avenida.

As histórias dos pacientes são intercaladas por depoimentos de funcionários e médicos do HC, que presenciam diariamente situações em que o trânsito na Av. Dr. Enéas de Carvalho Aguiar e região pode ser determinante na vida humana. Além de mostrar os problemas, o documentário é ainda uma tentativa de chamar a atenção das autoridades para a necessidade de mudanças no trânsito e na infraestrutura do local. 

Serviço:
Novos Olhares sobre a ‘Dis’Mobilidade no Complexo do HC
20 de setembro, às 13h
Anfiteatro de Fisiologia da Faculdade de Medicina da USP
Av. Dr. Arnaldo, 455, 3º andar – sala 3.303, São Paulo - SP
Evento gratuito e sem inscrição 

Encerramento da Virada da Mobilidade
23 de setembro, às 17h
Sala de cinema Cinearte 2, no Conjunto Nacional
Av. Paulista, 2073, São Paulo - SP
 

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