Maioria das cidades na Grande Fortaleza não têm faixas para ciclistas

Apenas 7 municípios da RMF seguem o Programa Bicicleta Brasil, de 2018, que recomenda implantação de ciclovias/ciclofaixas em todas as cidades com mais de 20 mil hab.

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Fonte: Diário do Nordeste/ Mobilize (edição)  |  Autor: André Costa/ Diário do Nordeste  |  Postado em: 21 de novembro de 2022

Lei recomenda ciclovia em cidades com mais de 20 m

Lei recomenda ciclovia em cidades com mais de 20 mil hab.

créditos: Divulgação

Das 18 cidades que integram a Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), 17 têm mais de 20 mil habitantes, ou seja, deveriam, por lei, dispor de áreas para ciclistas. Contudo, apenas sete contam com ciclovias ou ciclofaixas. O levantamento foi realizado pelo jornal Diário do Nordeste com base no contato direto com as prefeituras.

 

Em 2018, entrou em vigor a lei de nº 13.724/18 que Institui o Programa Bicicleta Brasil, a ser implementado em todas as cidades com mais de 20 mil habitantes. O texto da Lei, porém, não descreve sanção para a cidade que não implantar a ciclovia. O objetivo era claro: “incentivar o uso da bicicleta visando à melhoria das condições de mobilidade urbana”. Quatro anos mais tarde, pouco se avançou na RMF. 

 

Conforme apurou a reportagem, das 10 que não contam com áreas exclusivas para este modal, três (Aquiraz, Eusébio e Trairi) mencionam a existência de projetos para implantar ciclovias em um futuro próximo - embora não tenha sido destacado prazos. Das 17 cidades, seis não responderam aos questionamentos. 

 

A professora do curso de arquitetura e urbanismo da Unifor, Camila Bandeira, considera que não contar com este tipo de equipamento, além de ser ilegal, traz prejuízos ao próprio município, ainda que ele tenha número reduzido de habitantes.

 

"Cidades pequenas precisam, sim, de ciclovias e ciclofaixas. Essa estrutura é um reforço para a segurança e uma política de incentivo ao modo cicloviário", destaca a especialista. 

 

Fortaleza

A capital cearense é a cidade com maior malha cicloviária do estado. São quase 410 km de ciclofaixas, ciclovias, ciclorrotas ou passeios compartilhados distribuídos por todas as regionais de Fortaleza. A prefeitura informa que a meta é a cidade ter 500 km de malha cicloviária até o fim de 2024.

 

Segundo o Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP Brasil), Fortaleza é a capital brasileira onde as pessoas vivem mais próximas à infraestrutura cicloviária, com mais de 50% dos habitantes morando a menos de 300 m de alguma ciclovia, ciclofaixa, ciclorrota ou passeio compartilhado.

 

Fortaleza: mais de 400 km de ciclofaixas, ciclovias, ciclorrotas ou passeios compartilhados. Foto: Divulgação/ PMF

 

Cidades com ciclovia na RMF 

O município de Caucaia informa ter cerca de 20 km de ciclofaixa. Além das estruturas já existentes, a Autarquia Municipal de Trânsito menciona um projeto para implantação de pelo menos mais 9 km de novas ciclofaixas, que deve contemplar a Avenida Ulisses Guimarães, um dos principais acessos ao município para quem vem de Fortaleza.

 

Ciclovia na Av. São Vicente de Paula, em Caucaia (CE). Foto: Divulgação

 

Também na cidade de Horizonte, a prefeitura informa ter quase 2 km de extensão de ciclovias. Em abril deste ano foi inaugurada uma faixa na Avenida Francisco Eudes Ximenes, no centro, além de duas ciclovias existentes, uma na Avenida Presidente Castelo Branco e na Rua Manoel Conrado. "Embora já sejam utilizadas pelos ciclistas, as ciclovias ainda precisam ser sinalizadas", reconhece a gestão. 

 

Maranguape também informou ter ciclovia. Na avaliação da gestão, a cidade é, atualmente, "um dos destinos mais buscados pelos amantes do ciclismo". E a ampliação do serviço "está presente na reformulação do Plano Diretor."

 

Em Pacatuba, a assessoria do município não informou a extensão da ciclovia que foi construída com recursos estaduais por estar em uma rodovia. 

 

Já em São Gonçalo do Amarante, o dado é que há aproximadamente 9 km de ciclofaixas. A instalação do equipamento trouxe, segundo a assessoria do município, "aumento no número de ciclistas, entre pessoas que buscam lazer e saúde em um só lugar". 

 

Em Pacajus, após a implantação de 10 km de faixas exclusivas para as bicicletas, o índice de acidentes teve redução de 90%, explica a Autarquia de Trânsito do Município, sem, no entanto, especificar o período ou o número de acidentes registrados. 

 

Obra de sinalização de ciclovia, em Pacajus (CE). Foto: Divulgação 

 

Sem ciclovia

Aquiraz, Eusébio e Trairi não contam com ciclovias ou ciclofaixas; no entanto, em contato com a reportagem do Diário do Nordeste, externaram a intenção de, em breve, mas sem estipular prazo, implantar áreas exclusivas para ciclistas. Em Eusébio, sem adiantar prazos, a Autarquia Municipal de Meio Ambiente e Controle Urbano pontuou que "foi autorizada pelo prefeito a iniciar os estudos para a implantação de ciclovias e ciclofaixas no município". Trairi também não deu previsão de quando pretende implantar vias para  bicicletas. 

 

Já em Pindoretama, a gestão diz ter conhecimento da lei e estar realizando estudos de tráfego em vias do município para poder implantar ciclovias/ciclofaixas, mas "sem prejudicar o trânsito local de automóveis e pedestres", destacou o prefeito Dedé Soldado.

 

Desafio

A docente da Unifor considera que o grande desafio para as cidades da RMF que não ofertam ciclovias e/ou ciclofaixas é obter o financiamento. O texto aprovado pelo então presidente Michel Temer vetou a destinação ao Programa Bicicleta Brasil de 15% dos recursos arrecadados com multas de trânsito. Camila Bandeira acredita também que, embora os desafios existam, é preciso que as gestões "costurem meios legais de implantar esses equipamentos, que são essenciais", reafirma.

 

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