De acordo com o Instituto Pelópidas Silveira, Recife tem 20 quilômetros de ciclovia. O tamanho é insuficiente para quem usa a bicicleta para trabalhar todos os dias. “Eu vou pela estrada mesmo. É perigoso, mas vou fazer o quê?”, diz o porteiro Amauri de Almeida Soares.
A única ciclovia da cidade fica na avenida Boa Viagem. Em outros lugares existe a ciclofaixa, onde carros e bicicletas dividem o mesmo espaço, mas a bicicleta tem preferência em dias e horários determinados. “É a maior dificuldade. Os carros não respeitam a bicicleta. O que mais a gente vê aí é acidente, né?”, afirma o vigilante Sérgio Ferreira de Lima.
A lei entrou em vigor no dia 06 de abril deste ano. De acordo com o vereador Jurandir Liberal (foto 4), autor do projeto, o objetivo é que, a longo prazo, o Recife tenha ciclovias interligadas, o que deve melhorar a mobilidade urbana.
“A bicicleta tem uma grande vantagem. Ela não polui, todo mundo pode ter acesso e ela, também, tem a vantagem dos pequenos deslocamentos servirem de exercício para as pessoas, ou seja, melhorar a saúde”, diz o vereador.
O presidente do Instituto Pelópidas Silveira, Milton Botler (foto 5), diz que essa preocupação em garantir o espaço para a bicicleta já existe. A lei foi criada para fazer a regulamentação. “Fazer com que a bicicleta seja um modal eficiente, que conecte a bicicleta ao sistema de transporte de maior eficiência, não seja apenas transporte de longa distância, que não tem reforços, mas que seja um transporte de conexão com outros modais”.
Se a ciclovia ainda parece um sonho para os ciclistas do Recife, em outros lugares do Brasil é uma realidade. Curitiba, no Paraná, por exemplo, tem mais de 100 quilômetros de ciclovias em toda a cidade. E não só no centro, nos bairros também. O espaço exclusivo para as bicicletas é garantido nos parques, nas ruas de maior movimento e nas ligações viárias mais importantes.
Para o engenheiro civil Antônio Flávio (foto 6), especialista em mobilidade urbana, a necessidade de construção de ciclovias é urgente. “Vai precisar de desapropriação. As obras vão ficar mais caras. Vai ter que utilizar muito mais sinalização, mais equipamentos. É possível. Tomou-se a decisão política, ótimo. Mas como vai resolver isso daí é outro problema”, afirma.