Alta na venda de carros prejudica mobilidade

Em Fortaleza, a estimativa é que neste ano a frota tenha um incremento de até 70 mil novos veículos

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Fonte: Diário do Nordeste  |  Autor: Thays Lavor  |  Postado em: 16 de agosto de 2012

Quantidade de carros vendidos em relação a 2011

Quantidade de carros vendidos em relação a 2011

créditos: Divulgação

 

Bom para uns, ruim para outros. Enquanto o setor das montadoras comemora o sucesso de vendas de automóveis, as vias de Fortaleza não suportam a demanda e não têm estrutura para a quantidade de novos carros que entram em circulação. Pelo menos esta é a impressão para grande parte dos fortalezenses e especialistas em mobilidade.

 

Expectativa da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores do Ceará (Fenabrave-CE) é que, neste ano, a frota da Capital tenha um incremento de 65 mil a 70 mil novos carros. Conforme o presidente do órgão, Fernando Pontes, estima-se um aumento entre 13,6% a 22,3% nas vendas em relação ao ano passado. Em 2011, foram comercializados 57,224 carros em Fortaleza.

 

"Somente para o mês de agosto, esperamos uma superdemanda, que pode ultrapassar sete mil vendas, tudo isso impulsionado pela redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI)", comenta Pontes.

 

Consequências
Por conta da redução do IPI, que acontece entre 21 de maio e 21 de agosto, foram vendidos 12.608 automóveis, durante os meses de junho e julho de 2012. No ano passado, em igual período, esse número foi de 9.250, uma variação de 36,3%. Segundo a Fenabrave-CE, para esse último mês, espera-se que a alta nas vendas se mantenha na faixa de seis mil veículos.

 

Para a arquiteta e urbanista, Fernanda Rocha, a medida econômica só agrava um problema que já é crônico na cidade. "Se tivéssemos um sistema de transporte intermodal esse tipo de decisão não afetaria tanto a situação. Acontece que Fortaleza não aguenta mais tanto carros. O sistema está estrangulado".

 

A especialista explica que Fortaleza precisa passar por um processo de reeducação. "Na verdade, a Capital é limitada fisicamente, e o problema da mobilidade sempre existiu. Tem que se passar por um processo pelo qual as pessoas se conscientizem e vejam que a solução para o problema de mobilidade não é comprar um carro novo", comenta Fernanda.

 

Além disso, a arquiteta destaca a necessidade de comprometimento dos gestores na oferta de transportes intermodais, ou seja, aqueles que envolvem mais de uma forma de deslocamento. "Tudo é feito com atraso e de uma forma paliativa, sempre correndo atrás do prejuízo. Hoje, se faz ações focadas e não políticas a longo prazo. Não digo que estas ações focadas não devam existir, mas não podemos perder de vista o futuro", completa.

 

Projetos

Dentre as medidas que estão sendo executadas pela gestão municipal para permitir maior mobilidade, está a implementação do Programa de Transporte Urbano de Fortaleza (Transfor). A primeira etapa corresponde ao corredor que liga o terminal do Papicu ao do Antônio Bezerra, no valor de R$ 235 milhões. A obra está em andamento desde maio de 2008, incluindo alargamentos e restaurações de vias. Conforme o Transfor, órgão responsável pela intervenção, a expectativa é que obra seja finalizada até o fim de 2012.

 

Mais dois corredores estão previstos: interligando a Avenida Augusto dos Anjos à Av. José Bastos; e a Avenida Senador Fernandes Távora a Avenida dos Expedicionários. Segundo o Transfor, estão sendo alargadas vias, como Germano Frank, Almirante Rubim, XV de Novembro e Augusto dos Anjos, sendo ainda implantado novo trecho do 1º Anel Viário, entre as vias Padre Cícero e Bezerra de Menezes (Benfica/Farias Brito/Parque Araxá/Rodolfo Teófilo). A segunda etapa do programa custará cerca de R$ 369 milhões aos cofres públicos.

 

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