Contrato destina R$ 150 milhões para corredores de ônibus em Florianópolis

Caixa Econômica Federal e prefeitura assinarão financiamento na próxima semana

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Fonte: Diário Catarinense  |  Autor: Diário Catarinense  |  Postado em: 16 de maio de 2014

Falta de política pública afeta mobilidade na Gran

Falta de política pública afeta mobilidade

créditos: Arte sobre Foto da Secretaria Municipal de Obras

 

O conceito de Bus Rapid Transit (BRT) em Florianópolis, que une faixas exclusivas e circulação de ônibus com maior qualidade e menor custo, começa a se tornar realidade com a liberação de R$ 150 milhões pelo governo federal. A assinatura do contrato será na semana que vem. A previsão inicial era ocorrer nesta sexta-feira, mas nesta quarta-feira a Caixa Econômica Federal pediu a transferência da data. 

 

Com o contrato assinado, a administração municipal poderá dar início à construção dos primeiros 20 quilômetros de faixas exclusivas em Florianópolis. Para tanto, primeiro será elaborado o projeto executivo, para depois ocorrer a licitação da obra. O financiamento, via Ministério das Cidades, refere-se às obras de implantação doanel viário e do teleférico Morro da Cruz. 

 

A intenção é que os dois projetos sigam simultaneamente, mas faltam estudos por parte do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para liberação do teleférico, o que pode atrasar essa parte. O anúncio da assinatura foi feito pelo prefeito Cesar Souza Junior nesta quarta-feira, em evento sobre mobilidade urbana organizado pela Embaixada da Suécia no Brasil.

 

Em meio a mudanças que envolvem licitação no transporte público e elaboração de uma extensa pesquisa para um Plano de Mobilidade Urbana Sustentável da Grande Florianópolis (Plamus), o embaixador da Suécia, Magnus Robach, afirma que o evento na Capital catarinense é importante para unir empresas e setor público na busca por soluções mais eficazes. Além de trazer representantes da empresa sueca Volvo, uma das líderes em veículos BRT na América Latina, e outros palestrantes, Robach fez questão de destacar a participação do coordenador da SCPar, do governo estadual, engenheiro Guilherme Medeiros, que falou sobre o Plamus.

 

"Descobrimos o projeto Plamus que nos parecia muito ambicioso e interessante. Temos experiências a respeito de urbanismo sustentável e temos empresas com ótimas tecnologias. Nos parecia normal organizar um evento desse tipo", justifica Robach.

 

Economia com menos poluição

O novo modelo de ônibus previsto consome 35% menos combustível e emite até 50% menos gases poluentes que os convencionais. É um veículo que se enquadra no conceito levantado pelo Plano de Mobilidade Urbana Sustentável da Grande Florianópolis (Plamus). Em 2013, a empresa sueca Volvo, uma das líderes em veículos BRT na América Latina, disponibilizou um veículo com tecnologia híbrida para circular pelas ruas de Florianópolis como teste. 

 

Para o dia 12 de junho, está prevista a finalização de uma pesquisa do Plamus em 5,4 mil domicílios de 13 municípios da Grande Florianópolis, que inclui levantamentos de ciclovias, calçadas, fluxo de veículos e pedestres e usuários do transporte coletivo. 
Segundo o coordenador do Plamus, engenheiro Guilherme Medeiros, 30 mil cartasforam encaminhadas às residências para que a população responda ao questionário online ou por telefone. Com os resultados da pesquisa pronto até o final de agosto, em setembro se iniciam os encaminhamentos para aplicações reais.

 

"Temos que levantar as ações imediatas e filtrar o que é aplicável. Queremos materializar essas ações em um curto espaço de tempo, mas algumas serão mais demoradas", salienta Medeiros.

 

Outros detalhes

* O contrato de financiamento para as obras de implantação do anel viário de Florianópolis e do teleférico Morro da Cruz tem recursos oriundos do governo federal via Ministério das Cidades. 

* A obra do anel viário consiste na criação de um corredor exclusivo para o transporte coletivo possibilitando o deslocamento com maior velocidade e eficiência. Essa primeira fase da implantação abrange o bairro do Pantanal (Rua Deputado Antonio Edu Vieira) e a Avenida Beira-Mar até o Terminal de Integração do Centro (Ticen).

* O processo de implantação do anel viário inclui a instalação de uma nova central de controle de tráfego, modernizando o sistema, pois a atual já funciona há mais de 15 anos. A central está orçada em R$ 20 milhões, valor já incluído no montante de R$ 150 milhões previsto no contrato que será assinado.

* O prazo para todo esse sistema (anel viário, central de controle e teleférico) começar a operar é de 36 meses a contar do início das obras.

 

Fonte: Secretaria Municipal de Obras de Florianópolis

 

ENTREVISTA

"É importante trabalhar com restrições, mas também com incentivos"

Magnus Robach
EMBAIXADOR DA SUÉCIA


Diário Catarinense — Como o senhor observa a questão de mobilidade urbana no Brasil?
Magnus Robach — O urbanismo sustentável é uma das prioridades da nossa ação, devido ao fato de que é uma grande questão da sociedade, não somente nos países emergentes, com urbanização muito rápida, mas também nos países da Europa. Temos empresas com grande compromisso nesse setor. Temos tradição de cooperação entre os atores, boa coordenação entre poderes públicos, empresas, academia, de trabalhar juntos para fazer um urbanismo inteligente. Eu sei que é um grande desafio aqui, particularmente com a geografia e a sociologia desse Estado, mas em geral no Brasil, a mobilidade urbana sustentável se tornou uma grande questão, muito relevante no debate político, para a qualidade de vida da nova classe média. Faz parte do desenvolvimento do país.

 

DC — Qual é a principal discussão em mobilidade urbana na Suécia?
Robach — Temos também na Suécia um grande debate do papel e do futuro do automobilismo, particularmente o automobilismo excessivo dentro das cidades. Como lidar com isso? Por exemplo, introduzimos há mais ou menos 10 anos um pedágio para automóveis em Estocolmo. Foi uma questão muito controversa. E hoje, quase uma década depois, a presença de automóveis dentro da cidade foi reduzido em mais ou menos 20%. Isso foi ligado também a um grande investimento e esforço de melhorar os transportes públicos. É importante trabalhar com restrições, mas também com incentivos. Oferecer ao público uma alternativa rápida, confortável e não cara demais.

 

DC — O senhor observa semelhanças entre a mobilidade urbana no Brasil e na Suécia?
Robach — Há diferenças. A Suécia é um país relativamente pequeno, mas o urbanismo continua. Estocolmo, por exemplo, a Capital do país, é uma cidade que cresce muito rapidamente. Sempre é o mesmo desafio de oferecer um trânsito aceitável e com cuidado ao meio ambiente.

 

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