Diretor do Mobilize luta para ver a Copa

Sem movimentos, Ricky Ribeiro está determinado a assistir a um dos jogos da Copa do Mundo em Itaquera

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Fonte: Uol  |  Autor: Vinícius Segalla  |  Postado em: 30 de junho de 2014

Diretor do Mobilize luta para ver a Copa em Itaque

Ricky Ribeiro, criador do Mobilize, de olho em Itaquera

créditos: Uol/Reprodução



Criador e diretor do Mobilize, Ricky Ribeiro sempre foi um torcedor sem limites, além de esportista amador. Aliás, foi durante um jogo de futebol que ele percebeu os primeiros sintomas da doença que lhe roubaria todos os movimentos. Um tombo, vários outros, até o diagnóstico da Esclerose Lateral Amiotrófica.

Agora, acompanhando todos os jogos da Copa do Mundo, Ricky está lutando para conseguir assistir a pelo menos uma partida no estádio de Itaquera, do Corinthians, seu time de coração.



Vejam a interessante matéria publicada pelo portal UOL:
 

Corintiano sem movimentos
do corpo vive saga para ver jogo no Itaquerão

O administrador Ricky Ribeiro é um especialista em mobilidade urbana. Formou-se em administração pública na FGV (Fundação Getúlio Vargas), defendeu sua dissertação de mestrado em  sustentabilidade na Universidade Politécnica da Catalunha (UPC, Espanha) e fez MBA Executivo na Universidade de Barcelona (UB, Espanha).

Em setembro de 2011, Ribeiro lançou o site Mobilize, que se transformou em referência para os formuladores de políticas públicas sobre o tema. Já produziu mais de 300 reportagens e publicou mais de 7.000 notícias, estudos, estatísticas e análises sobre transporte urbano e soluções sustentáveis para o crescimento e desenvolvimento das grandes cidades.

Ricky Ribeiro tem problemas de mobilidade. Em 2008, aos 28 anos de idade, foi diagnosticado com Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), doença neurológica degenerativa que causa atrofia muscular global enquanto a mente permanece intacta. Atualmente, encontra-se acamado, mexe apenas alguns músculos da face. Lê, escreve e fala através de um computador, de um software sueco e da dança do seu olhar.

"No dia que recebi o diagnóstico, entrei na internet e li sobre a doença. Tudo que dizia era negativo. Foi um choque. Fiquei muito triste e chorei, mas minha tristeza durou apenas um dia. No dia seguinte, acordei e decidi que ia focar minha energia em duas coisas: tentar combater a doença de todas as formas possíveis e escolher atividades prazerosas para fazer nos momentos em que não estivesse em tratamento", conta Ricky Ribeiro.

E foi isso mesmo que ele fez. Foi atrás de acupuntura, medicina ortomolecular, transplante de células tronco, tratamento espiritual, medicina alemã, além de fisioterapia, fono e terapia ocupacional. E também fez curso de fotografia, aula de política, visitou parques e equipamentos culturais pela cidade, andou de asa-delta, fez algumas viagens e segue trabalhando no Mobilize, 12, 13 horas por dia.

Mas Ricky Ribeiro tem uma paixão, e um sonho ainda por realizar. É apaixonado por futebol e pelo Corinthians. Já foi a 19 estádios, já viu o seu Timão de cadeiras de rodas no Pacaembu, quando a doença ainda não evoluíra ao ponto de tornar necessária uma cadeira especial, acompanhada de um respirador, para que possa se locomover.


Ele sonha ver um jogo da Copa, no Itaquerão. E está atrás de seu sonho.



"A ideia de assistir a um jogo da Copa na Arena Corinthians começou com uma brincadeira com meu melhor amigo, o Higor. Sabendo da minha paixão por futebol, ele  me escreveu um dia, indagando se não havia uma forma de ir a algum jogo da Copa", conta Ricky, pela voz metalizada do computador. "Eu respondi que adoraria, mas que, para isso, precisaria de uma estrutura e de um esquema especial para chegar e sair. A melhor forma de ir sem chegar lá exausto seria alugar uma ambulância ou algo parecido. Precisaria levar minha cadeira especial, o respirador e o aspirador. Também precisaria de ingressos em uma área reservada ou camarote para mim e mais três pessoas".

Os dois amigos bolaram um plano: escrever pedindo ajuda ao apresentador da TV Globo Luciano Hulk. "Eu associei que o Luciano Hulk é um entusiasta de mobilidade urbana e garoto propaganda do banco Itaú, banco que é patrocinador da Copa do Mundo e também do portal Mobilize Brasil".

O amigo Higor escreveu a carta e enviou diversas cópias para o programa Caldeirão do Hulk. Quando o início da Copa foi se aproximando e não chegava qualquer resposta, os amigos decidiram entrar em contato com o Itaú, explicando a situação e perguntando se eles poderiam ajudar.

Alguns dias depois, veio a resposta. Sim, estavam dispostos a ajudar. Disseram que conseguiam os ingressos para o camarote do banco, mas não a entrada de uma ambulância no estádio. A princípio, o COL (Comitê Organizador da Copa, ligado à Fifa). Se recusou a permitir a entrada do veículo no Itaquerão. Alegou questões técnicas. Ao UOL Esporte, disse que existem, nas arenas da Copa, algumas vagas disponíveis nos estacionamentos para pessoas com deficiência (ou PCD).

Veja o vídeo no portal UOL: http://copadomundo.uol.com.br 

 

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