Brasília é exemplo. Já em SP, campanha de trânsito não continuou

Em Porto Alegre, campanha com o "sinal da mãozinha" foi lançado há cinco anos. Campanhas de conscientização sobre o trânsito no país são desiguais

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Fonte: Zero Hora  |  Autor: Laura Schenkel  |  Postado em: 11 de setembro de 2014

"Mãozinha" foi pintada perto de algumas faixas em PoA

créditos: Ricardo Duarte / Agencia RBS

 

Em 1995, Brasília (DF) era uma das cidades mais violentas no trânsito brasileiro. Uma mudança se deu, sobretudo, entre 1996 e 1997. A transformação nasceu de uma iniciativa local, com envolvimento do governo e sociedade, com campanha educativa seguida de uma fiscalização rigorosa. 

 

Aprenderam, em parte, pelo bolso. Além disso, foram pintadas novas faixas e apagadas outras que estavam em locais considerados inadequados, e foram instaladas placas de sinalização com as palavras "Passagem de Pedestre" a 100 metros de cada faixa. Mais recentemente, a cidade de São Paulo também empreendeu um grande esforço para melhorar a relação de motoristas e pedestres. 

 

Há três anos, a prefeitura paulista fez durante três meses campanhas educativas com orientadores de trânsito espalhados por cruzamentos e, depois, reforçou a fiscalização no trânsito. De acordo com a Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo, a percepção que os pedestres têm de estarem sendo respeitados aumentou de 30,5% em fevereiro de 2011 para 41% em março de 2013.

 

Por outro lado, a percepção que os condutores têm de respeitar a travessia subiu de 76,8% a 88,2% no mesmo período. Além disso, 89,5% dos motoristas alegaram que, com maior fiscalização, eles passaram a dar maior atenção ao direito à travessia dos pedestres. Por outro lado, moradores da cidade percebem também que, depois de um tempo, o respeito ao pedestre diminuiu:

 

"Acho que a campanha conscientizou algumas pessoas, mas não estamos nem perto de resolver os problemas que envolvem os pedestres. Existem alguns lugares em que somos mais respeitados, mas também depende muito do motorista. Na época da campanha, melhorou, mas acho que já estão perdendo o costume. Acho que um reforço da campanha ajudaria. E, se realmente houvesse a fiscalização com aplicação de multa, acho que seria mais eficiente. O pessoal só entende quando mexe no bolso, igual a blitz do bafômetro. Enquanto não acontece com você, você não acredita que funcione. Infelizmente o povo só fica "educado" quando envolve dinheiro", opina Ana Letícia de Castro Vieira, 25 anos, nutricionista.

 

Em vídeo, veja algumas das infrações de trânsito que registramos em duas horas na última sexta-feira e a opinião de pedestres sobre a dificuldade em atravessar as ruas:




"Houve uma melhora na relação dos motoristas com pedestres e também com ciclistas desde então. A campanha, bem divulgada em rádios, jornais e revistas e com intervenções nas ruas teve um papel educativo. Mas faltou continuidade", aponta Marcos de Sousa, editor do portal Mobilize Brasil, sobre o enfraquecimento da campanha paulista. Roberto Douglas Moreira, médico e presidente da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), considera que a campanha em São Paulo foi boa, mas ainda há muito a ser feito.

 

Para se ter uma ideia, em 2011, no início da fase de fiscalização mais rigorosa, após a campanha educativa massiva, em 19 horas, os bombeiros da cidade atenderam 20 casos de atropelamento.

 

"Eu percebo que ficou o alerta de respeito maior ao pedestre. Eu mesmo, como condutor, aumentei minha percepção de a pessoa estar na calçada ainda, dar o sinal e você parar."

 

O médico considera que o país vive um despertar para o respeito ao pedestre e a mortalidade no trânsito:

 

"Se caísse um Boeing por dia no Brasil, a sociedade estaria em pânico, fazendo o governo tomar atitudes. Mas esse Boieng cai no Brasil, todos os dias. Morrem 120, 130, 140 pessoas por dia no asfalto brasileiro, atropeladas, uma morte "silenciosa". Temos muito a avançar", completa.

 


Autuações por desrespeito ao pedestre | Create Infographics

 

O que os motoristas não podem fazer, de acordo com o Código de Trânsito Brasileiro

– Não esperar o fim da travessia do pedestre: Infração gravíssima, com multa de R$ 191,53 e perda de sete pontos na carteira de habilitação

– Não dar vez ao pedestre na faixa: Infração gravíssima, com multa de R$ 191,53 e perda de sete pontos na carteira de habilitação

– Não respeitar os pedestres nas conversões: Infração grave, com multa de 127,69 e perda de cinco pontos na carteira de habilitação

– Já o pedestre, para cruzar a pista de rolamento, deve tomar precauções de segurança, levando em conta, principalmente, a visibilidade, a distância e a velocidade dos veículos, utilizando sempre as faixas — quando existir uma faixa de segurança em uma distância de até cinqüenta metros dele.

 

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Infográfico da Campanha Sinalize! 

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