Campanha Sinalize


Sinalização para pessoas: pedestres, ciclistas e usuários do transporte coletivo
Melhores práticas

Exemplos de boa sinalização, no Brasil e em cidades mundiais

Há quem resuma a sinalização apenas em uma indicação luminosa ou uma placa indicativa. Mais que isso, as cidades são uma compilação de símbolos, signos e informações que ocasionalmente orientam, mas muitas vezes confundem o cotidiano dos cidadãos e acabam por desestimular o uso do espaço público.

Tal mentalidade, resultado de um histórico fundamentado em um único modal de transporte – o automóvel –, contrapõe a ideia de que o ambiente urbano pode e deve ser desfrutado e compreendido de modo mais amplo e saudável, seja num percurso à pé até o comércio local mais próximo ou em uma pedalada ao parque.

Nesse viés, as cidades contemporâneas estão pondo em prática maneiras de contornar a situação e abrir espaço para um domínio múltiplo urbano, de modo inclusivo, saudável e diverso.

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Esse foi o caminho determinado pela gerente de transportes Janette Sadik-Khan, de Nova York, que ao implementar um programa de localização voltado aos pedestres, facilitou o dia-a-dia dos nova-iorquinos desnorteados. Segundo os idealizadores da campanha WalkNYC, o desenvolvimento de mapas informativos e instalação de totens clarificam o contexto urbano e incentivam o uso de novas alternativas de deslocamento além das soluções já tão conhecidas, como o táxi e mesmo o metrô.

O pioneiro sistema de localização de Londres - inspirador do plano americano descrito – vale-se do mesmo conceito. Através de uma hierarquia de informações que respeita as escalas de aproximação, atende às diferentes necessidades de usuários e contempla o emprego do mesmo conteúdo em diversos equipamentos, difundindo o material em maior escala. Por exemplo, com variados formatos, os mapas podem estar contidos num painel, indicando um raio do que pode ser abrangido através de 5 minutos de caminhada e, num outro momento, indicar as linhas que passam por um ponto de ônibus. Em ambos modelos, tais representações também são replicadas aos usuários da bicicleta, juntamente às estações compartilhadas, mas com a adaptação do raio de abrangência para uma velocidade mais alta, referente à esse veículo.

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A nível nacional ainda há muito em que melhorar. São nos meios de transporte massivo onde encontramos os exemplos mais evoluídos de sinalização informativa, mais especificamente no metrô paulistano, o qual atende à sentidos de direcionamento, acessibilidade universal e mapas para localização, e ainda acolhe a demanda da magrela, embora em horários restritos. Para o transporte coletivo de superfície a realidade não é a mesma.

Diferentemente do continente europeu, com seus núcleos urbanos adensados e compactos, a configuração das cidades brasileiras originada a partir de um perfil de expansão horizontal, impacta diretamente na questão da gestão da informação para o modal do ônibus. Enquanto Barcelona possui um avançado programa de sinalização para o sistema de ônibus, com horários, mapas e trajetos descritos em cada ponto de parada; Paris, com suas telas eletrônicas temporizadas descrevendo quais serão os próximos ônibus passarão por ali; São Paulo e inúmeras outras capitais brasileiras, ficam anos luz atrás, pois alguns pontos sequer indicam quais linhas atendem às respectivas estações.

Quando a perspectiva é voltada às bikes, mais uma vez, é comum à referência aos países onde essa alternativa de transporte se destaca das demais, como a Holanda. Especificamente, pode-se apontar outros recursos que dão suporte ao tráfego da companheira de duas rodas e inclusive compará-los à sinalização voltada ao carro, como vias exclusivas, indicação semafórica independente e mesmo placas que mostrem a direção e velocidade a ser seguida.

Não menos importante são as faixas de travessias, sinais luminosos e verticais já tão conhecidos dos cidadãos. A verdade é que não somente a segurança perante aos veículos de alta velocidade deve ser garantida, e sim uma convivência e um uso equânime das diversas maneiras de viver a cidade a partir da amplitude e admissão de novos e eficientes exemplos que vêm à somar e qualificar o hábito urbano.

*Texto de Marília Hildebrand 


Saiba mais:

WalkNYC - Sinalização para pedestres (galeria de fotos)

Pontos de ônibus em Paris (galeria de fotos)

Pontos de ônibus de Barcelona (galeria de fotos)

Legible London (PDF)

Legible London (galeria de fotos)

Melhores práticas de sinalização no Brasil (galeria de fotos)

Melhores práticas de sinalização para ciclistas (galeria de fotos)