Estudo faz uma análise crítica que busca desvendar os processos especulativos que nas últimas décadas trouxeram transformações profundas à cidade de Curitiba, pela transferência e concentração de áreas que até os anos 1970 eram praticamente rurais. Essas áreas passaram a ser valorizadas não mais pela condição de terras produtivas, mas como "capital imobiliário", ou "falso capital", diz o texto, já que não mais vinculadas a uma atividade produtiva. Trata dos fenômenos como o da criação de uma Cidade Industrial, resultado de processos de reassentamento da classe trabalhadora antes ligadas à produção agrícola.
Além de contextualizar os mecanismos de privatização do uso do solo, o estudo avança por caminhos da eficiência do transporte coletivo, e faz uma avaliação do sistema de transporte que notabilizou a capital curitibana no mundo. Da perspectiva histórica, conclui que seu plano de transporte não diminuiu nem a motorização privada, nem a poluição ambiental. Observa ainda, no período citado, "não a diminuição, mas o aumento das desigualdades sociais na cidade e na metrópole".
Por fim, conclui que, efetivamente, Curitiba "é uma mentira, já que a imagem produzida de uma cidade sustentável, justa, ecologicamente correta e com um sistema de transporte de Primeiro Mundo não se sustenta", avalia o autor. A exceção, diz Ghidini, e único ponto positivo, segundo ele, é o instrumento do vale-transporte. "A eficiência de um sistema de transporte baseado na transferência e concentração de capital dos trabalhadores para a empresa de transporte, promovido pelo instrumento jurídico do vale-transporte, é um caminho, cumpre o papel social que lhe cabe". No mais, a conclusão do autor é que estamos diante de uma "cidade-marketing" fabricada por aqueles que implantaram seu plano de mobilidade.