O congresso da mobilidade ativa

Congresso da ANTP reúne "elite" dos transportes urbanos do país. A novidade foi a presença vigorosa da mobilidade ativa. Leia o editorial da newsletter #225 do Mobilize

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Fonte: Mobilize Brasil  |  Autor: Marcos de Sousa / Mobilize Brasil  |  Postado em: 07 de julho de 2017

Cidadeapé

Ilustração do coletivo Cidade a Pé

Centenas de participantes, dezenas de trabalhos apresentados e mais de duzentas horas de palestras e debates marcaram o 21º Congresso da Associação Nacional dos Transportes Públicos (ANTP), realizado no final de junho, em São Paulo. A edição marcou também os 40 anos da entidade, criada em 1977 e hoje a mais respeitada organização sobre mobilidade urbana do Brasil. 

O fato mais notável foi a forte presença de ativistas, estudiosos e agentes governamentais que militam na área de mobilidade ativa  - a pé e de bicicleta. Havia gente de todas as partes do país, trabalhando para fazer valer o que está escrito na Política Nacional de Mobilidade Urbana. Assim, acessibilidade, possibilidade de caminhar, ciclovias, espaços para crianças nas ruas, ou tempos semafóricos adaptados para idosos foram temas tão (ou mais) discutidos quanto os modelos de financiamento do transporte público ou as novas tecnologias de ônibus e veículos sobre trilhos.  

 


"Bonde a Pé" levou participantes do metrô Barra Funda até o local do evento, no Bairro do Limão

Talvez tenha faltado uma troca efetiva de conhecimentos entre os grupos, de forma a integrar interesses de pedestres aos dos projetistas de metrôs e de BRTs. Ou das pessoas com deficiência às demandas de ciclistas e de ambos aos projetos de remodelação dos trens urbanos. 

Um dos poucos momentos de "reunião dos diferentes" ocorreu no lançamento da ideia do Sistema Único de Mobilidade Urbana, proposta inspirada no SUS. O objetivo é viabilizar pessoal técnico, recursos e legislação capaz de fazer valer o Direito Social ao Transporte, tal como previsto na Constituição Federal desde setembro de 2015. A proposta conseguiu colocar na mesma sala representantes do setor de ônibus, ciclistas, pessoas com deficiência, especialistas em mobilidade a pé, pesquisadores acadêmicos e até um representante do poder público. Agora, depende de articulações políticas e de (muita) pressão da sociedade. 

O Congresso contou com a participação do secretário Nacional do Transporte e da Mobilidade Urbana do Ministério das Cidades, José Roberto Generoso, que anunciou novas ações, programas e projetos na área. O secretário informou que para 2017 o órgão tem uma carteira de R$ 36,6 bilhões em projetos contratados e mais R$ 7 bilhões a contratar com recursos do FGTS  e do Orçamento Geral da União. "Não temos problemas de financiamento, mas sim de projetos a financiar...". O problema é a qualidade dos projetos, arrematou o secretário, ao lembrar que o Ministério continua a receber estudos de baixo nível técnico, o que inviabiliza o financiamento de mais obras. 

O executivo do Ministério das Cidades reclamou, ainda, da falta de uma visão integrada de transportes entre municípios vizinhos, além de políticas tarifárias que reduzam os custos para os usuários. São tarefas que cabem a técnicos, prefeitos e governadores de estados.  

A boa notícia  - se verdadeira  - é que os planos e projetos para a mobilidade nas cidades não estarão sujeitos às chuvas e trovoadas que atormentam os palacianos de Brasília.


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