"Vamos mudar o mundo?"

Pandemia do novo coronavírus gera reflexões sobre os deslocamentos urbanos nesta Semana da Mobilidade. Leia o artigo de Ricky Ribeiro, diretor do Mobilize

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Fonte: Mobilize Brasil  |  Autor: Ricky Ribeiro/Mobilize Brasil  |  Postado em: 23 de setembro de 2020

Andar de bicicleta e caminhar, recomenda a OMS

Andar de bicicleta e caminhar, recomenda a OMS

créditos: Reprodução


No mês de setembro acontece a Semana da Mobilidade e, todo ano, uma série de atividades é realizada para celebrar esta importante causa, mas desta vez tudo está diferente por causa da Covid-19. A quarentena forçou uma mudança de hábitos em pessoas ao redor do planeta, muito além das questões de higiene e o uso de máscaras. Este é um bom momento para refletirmos sobre os deslocamentos que realizamos, ou pelo menos realizávamos, no dia-a-dia, e como será nossa rotina no mundo pós pandemia. É possível evitar alguns deslocamentos que fazíamos antes? Conseguimos substituir as saídas necessárias por modos mais sustentáveis?

 

As celebrações de mobilidade ocorrem sempre na semana do dia 22 de setembro, que é o Dia Mundial sem Carro, mas dias sem carro aconteceram, de fato, na fase mais rigorosa do isolamento social. A queda forçada na circulação de pessoas provocada pela pandemia resultou em cidades menos ruidosas e com ar mais limpo. A redução na emissão de gases de efeito estufa traz valiosos benefícios ambientais, relacionados à mudança climática e à saúde humana. Vale lembrar que, segundo a Organização Mundial da Saúde, cerca de 7 milhões de pessoas morrem todos os anos no mundo por causas atribuídas à poluição atmosférica. Esse número é muito maior que as vítimas da Covid-19, que até o momento atingiu aproximadamente 1 milhão de óbitos.

 

Com a ameaça de contágio pelo coronavírus, muitas pessoas passaram a evitar o transporte público, quando possível. Para que uma parte desses passageiros não migrasse simplesmente para o automóvel particular ou para os carros de aplicativo, agravando o problema de mobilidade urbana, muitas cidades do mundo investiram maciçamente no estímulo ao transporte ativo. Exemplos dessa priorização foram a ampliação de calçadas, possibilitando maior distanciamento entre os pedestres, a implantação de ciclovias e uma ajuda financeira para comprar bicicletas. Esta decisão está sendo bastante exitosa, principalmente na Europa.

 

Um grupo de pesquisadores alemães prevê uma economia de 3 bilhões de dólares por ano de gastos com saúde em 106 cidades do continente por causa das novas ciclovias e calçadas que foram criadas durante a pandemia.

 

Além disso, o investimento dos governos locais em ações para promover a bicicleta atendeu a uma recomendação publicada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 21 de abril. Andar de bicicleta e caminhar foram considerados úteis tanto para o distanciamento social como para atender aos requisitos mínimos de atividade física diária, afirma a OMS. A economia em saúde e os benefícios proporcionados mostram que investir na mobilidade ativa é um bom exemplo a ser seguido.

 

Ciclovias, calçadas e trabalho remoto

Outro tema relacionado à mobilidade urbana que ganhou uma enorme repercussão com a pandemia foi o trabalho remoto. O isolamento social fez com que boa parte das pessoas evitasse sair de casa, aumentando radicalmente o home office. Muitas empresas adotaram essa prática pela primeira vez em 2020. Com a Covid-19, nos familiarizamos com diversos programas e aplicativos de comunicação e teleconferências. Assim, muitas reuniões que antes aconteciam presencialmente, envolvendo deslocamentos até por avião, no futuro deverão ocorrer remotamente.

 

Estamos vivenciando um momento único na história. O novo coronavírus trouxe medo, distanciamento e gerou uma tragédia de saúde, com hospitais lotados, milhões de infectados e muitas mortes. Por outro lado, a pandemia também permitiu questionarmos o mundo que vivemos e estilos de vida insustentáveis no longo prazo. Hoje em dia, os avanços tecnológicos permitem a adoção de hábitos mais respeitosos ao meio ambiente e à sociedade. Temos, diante dessa crise mundial de saúde, a oportunidade de construir um futuro próximo mais harmônico e sustentável. Só depende da atitude de cada um de nós. Vamos mudar o mundo?!

 

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