Você manda em seu carro? Ou é ele que te controla?

Em tempos de COP 27, uma publicação argentina reúne problemas e propostas para mudar o modo de vida contemporâneo em busca de um equilíbrio que evite o colapso climático

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Fonte: Mobilize Brasil  |  Autor: Marcos de Sousa/Mobilize Brasil  |  Postado em: 16 de novembro de 2022

Clima, um pacote de ideias para evitar o colapso

Clima, um pacote de ideias para evitar o colapso

créditos: Reprodução


“Nenhum de nós é motorista, ciclista, ou pedestre, nem existimos apenas dentro de um coletivo. Somos pessoas que usam um modo para ir de um lugar a outro e cada modo tem suas vantagens e desvantagens" (Trecho do livro Clima, da organização argentina El Gato y la Caja).

 

Acaba de ser lançado nesta semana o livro Clima, trabalho de vários autores que discutem as necessárias transformações na vida cotidiana para que as metas climáticas sejam realmente atingidas nos prazos necessários. Trata-se de uma abordagem ampla, mas contém vários artigos que mostram o impacto dos transportes nas emissões e na transformação das cidades contemporâneas.


O livro foi elaborado coletivamente, de forma aberta. As minutas dos capítulos foram publicadas on-line para que qualquer pessoa pudesse lê-las e comentá-las, e para que os autores pudessem corrigir, modificar ou fortalecer os textos finais.


Exemplos de conteúdos

"A bicicleta é ótima para demonstrar como a forma de transporte que escolhemos muda drasticamente as emissões de gases, pois ela gasta menos energia. Mesmo que seja uma daquelas bikes com motorzinho, ela vai emitir menos gases de efeito estufa porque vai precisar menos energia e menos combustível.


Mover-se com modos mais eficientes é mover-se melhor: mesma distância, mesma velocidade, menos energia. 

 

Gasto energético em diferentes modos de transporte. Imagem: Clima 


Assim como não usamos uma espada para passar geléia em uma torrada, também não faz sentido usar um automóvel para viagens curtas, sem cargas pesadas. A bicicleta pode substituí-lo, fazendo um uso mais eficiente da energia.


A bicicleta pode substituir todas as viagens de carro? Claro que não. Também não vamos para a guerra com uma faca de manteiga. Trata-se de adequar o tipo de veículo às características da viagem, levando em consideração velocidade, distância, carga, passageiros. Trata-se de mutação para sobreviver, adaptando-se a cada situação particular..."



"...A ineficiência no uso do espaço é fácil de entender quando olhamos para problemas de congestionamento ou estacionamento. É algo óbvio, um limite físico, um monte de carros acumulados à nossa frente, uma multidão de pessoas que querem fazer o mesmo que nós.

 

Uso de espaço por alguns modos de transporte. Imagem: Clima

 

Mas há outra ineficiência do carro que é mais difícil de ver. Quando nos deslocamos de carro não estamos apenas transportando uma pessoa média de 70 kg, mas estamos levando uma máquina de 1000 kg com uma pessoa de 70 kg dentro. E mesmo que se fosse uma pessoa com 140 kg ainda seria uma relação muito má no que diz respeito ao peso de o carro.


Assim, podemos dizer que o carro usa muita energia para mover uma pessoa porque a maior parte da energia que ele está usando serve para mover a si mesmo. A relação parasitária parece estar invertida. O carro nos usa para se mover, como uma espécie de inteligência artificial robótica malévola que usa humanos apenas para conseguir alguém para operar os pedais e o volante.

É verdade que quando estamos em um carro nós não gastamos a nosssa energia e que nos deslocamos com um pouco mais de conforto do que em outros modos de transporte. Mas, se pensarmos em tudo o que perdemos, o tempo em congestionamentos e o espaço urbano dedicado a estacionar carros - em vez de dedicados a parques, casas ou espaços públicos -, parece que quem ganha são os carros.


Os automóveis parecem ficar felizes em passear uns com os outros em avenidas e estacionamentos às nossas custas. E quando aprenderem a circular com autonomia, não precisarão mais de nós...."


Como obter o livro
A publicação, redigida em espanhol, pode ser adquirida em versão impressa (US$ 20), mas também pode ser lida, gratuitamente no site da editora.  Você pode ver a versão v0.1 aqui.


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