Prefeitura responde sobre atropelamentos com ônibus em SP

Sinistros envolvendo ônibus, pedestres e ciclistas ganharam destaque na mídia paulistana em 2023. E procuramos explicações

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Fonte: Mobilize Brasil  |  Autor: Mobilize Brasil  |  Postado em: 10 de março de 2023

Cuidado, ônibus!

Cuidado, ônibus!

créditos: Reprodução Rafael Arbex (Estadão) e Google


Os dois primeiros meses de 2023 foram marcados por uma sequência de atropelamentos envolvendo ônibus do transporte coletivo na cidade de São Paulo. Não foram "acidentes", a julgar pelas cenas fortes exibidas em vídeos que circularam pela internet.


Em janeiro,
as redes sociais destacaram o atropelamento brutal do ciclista Rafael Mesquita Xavier, de 28 anos, que atravessava uma faixa de pedestres no bairro de São Miguel Paulista, zona leste da cidade. O motorista do ônibus não prestou socorro e declarou à polícia "não ter percebido o atropelamento". O ciclista faleceu no dia seguinte e o condutor foi indiciado por homicídio culposo. Um mês antes, em 19 de dezembro de 2022, outro ciclista fora atropelado por um ônibus articulado, na av. Nove de Julho, Centro de São Paulo.


Em fevereiro,
um idoso foi derrubado de um ônibus e atropelado pelo coletivo em um bairro da zona norte da cidade. O passageiro havia discutido com o motorista porque o profissional não estava usando a máscara, ainda obrigatória naquele período. Um vídeo mostra o momento em que ônibus arranca, provoca a queda do idoso e passa por cima de sua pernas. A vítima morreu depois de alguns dias.


Ainda em fevereiro
, no dia 13/2, uma senhora de 79 anos foi atropelada por um ônibus metropolitano no bairro de Cidade Ademar, zona sul de São Paulo. Em depoimento, a motorista disse que ouviu gritos, mas não havia notado o atropelamento. No mesmo dia e na mesma região (zona sul), um motorista negou-se a acionar a plataforma de acesso para um cadeirante, que acabou caindo e ferindo-se, sem receber socorro do condutor.


E hoje (10)
, no Terminal D. Pedro II, no Centro de Sâo Paulo, um rapaz desequilibrou-se e foi atropelado por um ônibus urbano que saía da plataforma. O rapaz de 28 anos morreu no local.


Além desses casos, nossa equipe tem recebido informações ou testemunhado diariamente alguns comportamentos agressivos/perigosos de condutores de ônibus em relação a ciclistas, especialmente quando necessitam pedalar fora das ciclovias e ciclofaixas.


Ante essa aparente maré de violência envolvendo ônibus, encaminhamos um pedido de entrevista à Prefeitura de São Paulo e à SPTrans, companhia que opera o transporte coletivo na cidade. A assessoria de imprensa da SPTrans informou que nenhum porta-voz poderia falar sobre o assunto. Novo contato foi realizado com a Secretaria de Comunicação da Prefeitura, que - apesar de nossa insistência - respondeu por meio da nota abaixo, que inclui dois documentos sobre o treinamento dos profissionais que trabalham no transporte coletivo da cidade:


"A Prefeitura de São Paulo, por meio da SPTrans, valida e audita todos os treinamentos de ingresso, processo obrigatório para todos os motoristas, cobradores e fiscais contratados. Na sequência, a obrigatoriedade é o treinamento de reciclagem.


A SPTrans trabalha continuamente na atualização do treinamento dos profissionais de linhas de ônibus da capital, determinando o conteúdo programático dos treinamentos que devem ser realizados pelas concessionárias operadoras do sistema de transporte municipal.

Este conteúdo é dinâmico e está em constante evolução. Atualmente, são obrigatórios temas como respeito ao passageiro em geral, em específico aos idosos e pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida, direção defensiva e prevenção de sinistros de trânsito entre outros, conforme mostra a Cartilha de Acessibilidade. Esse material é fornecido às concessionárias com as premissas básicas para que realizem o treinamento de seus motoristas.

O Anexo 5.4.1 - Procedimentos para Qualificação dos Operadores é parte integrante do contrato de concessão que trata dos procedimentos para qualificação dos operadores e que inclui o conteúdo que todos os funcionários têm de receber ao serem contratados por uma concessionária, de acordo com a função a ser desempenhada.

Ainda em março, será realizado novo treinamento aos motoristas, especificamente com a prevenção de sinistros de trânsito.

Além disso, sempre que há um sinistro com vítima, a SPTrans determina imediatamente que a concessionária responsável pelo veículo preste todo o apoio necessário à vítima e à sua família.

A SPTrans conta com o Programa de Redução de Acidentes no Transporte (PRAT), que visa a reduzir o número de ocorrências com vítimas envolvendo os ônibus do sistema municipal e atua na prevenção. Quando verifica que motoristas envolvidos em sinistros com vítimas não praticaram os conceitos de direção defensiva, determina seu afastamento dos volantes e somente os liberam para retornarem às suas funções após passarem por treinamento de reciclagem. Questões trabalhistas e detalhes da relação entre as empresas e seus funcionários devem ser tratadas diretamente com as concessionárias."


Além da Prefeitura de São Paulo, também entrevistamos o superintendente da ANTP, Luiz Carlos Mantovani Néspoli (Branco) a ativista Sandra Ramalhoso, que trabalha pela melhoria das condições de circulação das pessoas com deficiência.

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