Em greve inédita, funcionários querem liberar catracas do Metrô de SP

Após paralisação e prejuízos aos usuários nesta manhã (23), Metrô e Governo do Estado aceitam a liberação das catracas, mas Justiça proíbe e exige volta ao trabalho

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Fonte: Mobilize Brasil  |  Autor: Mobilize Brasil  |  Postado em: 23 de março de 2023

Imagem na página do sindicato propunha a liberação

Imagem na página do sindicato sugeria liberação das catracas

créditos: Sindicato dos Metroviários de São Paulo/Reprodução

(Texto atualizado às 13 horas)

Paralisadas desde o início desta manhã (23), as linhas do Metrô de São Paulo começam a voltar ao funcionamento após a decisão do governo paulista de aceitar a sugestão do sindicato dos metroviários de manter a operação com as catracas liberadas. No entanto, no início da tarde a Justiça do Trabalho vetou essa possibilidade e exigiu o retorno ao trabalho.

 

A sugestão, na forma de um desafio, havia sido encaminhada à direção da companhia no início da madrugada, logo após a categoria decidir pelo início de uma greve. A adesão ao movimento paralisou as linhas 1 Azul, 2 Verde, 3 Vermelha e 15 Prata, deixando mais de 2 milhões de pessoas sem transporte, com grandes reflexos no trânsito da Região Metropolitana de São Paulo.

 

Em entrevista à rádio CBN, pela manhã, o vice-presidente do sindicato, Narciso Fernandes Soares, explicou que a proposta de liberação das catracas fora discutida durante a assembléia e levada à direção do Metrô, mas sem resposta até aquele momento por parte da companhia ou do governo do estado. Soares explicou que a greve foi decretada em função do não pagamento das parcelas de participação nos resultados em anos anteriores, conforme previam os acordos salariais.

 



Também em entrevista à rádio, o diretor de operações do Metrô, Milton Gioia Junior, justiificou que a companhia havia pago todas as parcelas acordadas. "Nós cumprimos o contrato de trabalho, pagamos reajuste de 20% face a uma inflação de 17%. A participação nos lucros é um benefício adicional que o Metrô não tem condições de pagar neste momento", declarou o executivo. Gioia Júnior explicou que o Metrô não via condições de colocar o sistema em operação dada à falta de técnicos, que pudessem garantir a segurança para a circulação dos trens.


Mais tarde, por volta de 9 horas, em meio aos problemas gerados pela paralisação, a direção do Metrô decidiu acatar a sugestão, permitindo que a operação seja feita com as catracas abertas. Os trabalhos devem ser retomados por volta das 10 horas desta manhã.


O movimento dos metroviários também reivindica a contratação de mais funcionários para substituir os que foram afastados por aposentadorias ou demissões. A redução do número de trabalhadores já é sentida pelos usuários, por exemplo no pequeno número de agentes de segurança disponíveis em algumas estações, o que tem facilitado a ação de criminosos e vendedores ambulantes nas estações e até no interior das composições.


O sindicato acusa o governo do estado de provocar deliberadamente a piora na qualidade do sistema de transporte como forma de justificar uma possível privatização do sistema. Hoje duas linhas (4 Amarela e 5 Lilás) já são operadas por empresas do grupo CCR. O Metrô de SP é considerado bom ou ótimo por mais de 80% de seus usuários


Impasse emperra solução
Às 11h58 a operação do Metrô continuava paralisada porque o governo do estado exigia a presença de 100% dos funcionários como condição para a liberação das catracas. O sindicato argumentava que esse índice de presença é quase impossível de ser alcançado, mesmo nos dias de operação normal, mas garantiu que 70% dos operadores já estaria a postos para colocar o sistema de transportes em funcionamento

Às 12h30, a Justiça do Trabalho colocou mais uma pimenta no caldo da greve a vetar a liberação das catracas do Metrô. Na decisão, resultado de uma liminar a pedido da companhia, o desembargador Ricardo Apostólico determinou o retorno imediato da operação, sendo 80% em horário de pico e 60% nos demais períodos. O desembargador argumentou que a eventual liberação colocaria em risco a segurança dos usuários e trabalhadores.


"A eventual liberação das catracas poderia submeter o sistema ao recebimento de usuários acima do regular, diante de evidente migração de passageiros de outros meios de transporte, causando colapso e pondo em risco a segurança dos trabalhadores e dos próprios usuários, além de danos aos equipamentos e estrutura das estações." diz o texto da decisão judicial. Em caso de descumprimento, pode ser aplicada multa ao sindicato dos metroviários no valor de R$ 500 mil por dia.


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