Como os centros de conhecimento podem contribuir com a mobilidade urbana?

Unicamp é o laboratório em pesquisa que propõe espaço público mais acessível e seguro

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Fonte: Jornal da Unicamp/Mobilize  |  Autor: Mobilize/Jornal da Unicamp  |  Postado em: 13 de novembro de 2025

As autoras Silvia Stuchi, Milena Pavani e Marcela

As autoras Silvia Stuchi, Milena Pavani e Marcela Noronha

créditos: Jornal da Unicamp

O planejamento para as cidades do Brasil e da América Latina sairem do modelo de mobilidade urbana centrado no carro e construirem espaços públicos nos quais as pessoas sejam prioridade, possibilitando conviver, caminhar, pedalar e usar transporte público com segurança e conforto deve começar pelos polos produtores de conhecimento. É o que defendem pesquisadoras da Unicamp, Milena Pavam Serafim, pesquisadora do Centro de Estudos sobre Urbanização para o Conhecimento e a Inovação (Ceuci) e Diretora da Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA), Silvia Stuchi, bacharela em gestão ambiental e pesquisadora do Ceuci e Marcela Noronha, arquiteta e urbanista, especialista em mobilidade urbana e pesquisadora do Ceuci. 

 

Promovendo Campus Caminháveis

O atigo Promovendo Campus Caminháveis: Urbanismo Tático e Ruas Completas nos Territórios de Conhecimento Brasileiros, publicado recentemente na revista científica Cities & Health, sugere que estas mudanças em polos produtores de conhecimento têm a capacidade de testar, avaliar e propor soluções baseadas em ciência. No estudo, um grupo de pesquisadores de diferentes áreas do Brasil e da Argentina analisou os processos e desafios da implementação de Ruas Completas e Urbanismo Tático em territórios de conhecimento brasileiros. 

 

A pesquisa concentrou-se no campus da Unicamp em Campinas (SP), onde circulam 50 mil pessoas diariamente e no seu distrito de inovação adjacente, o Hub Internacional para o Desenvolvimento Sustentável (HIDS), em fase de implantação. De acordo com as autoras, territórios de conhecimento  “São lugares nos quais é possível experimentar, com grande fluxo de pessoas e produção de conhecimento técnico. Nesses locais, surgem parcerias entre universidade, governos, empresas e sociedade civil, com potencial para gerar inovações replicáveis em outras áreas da cidade”, avalia Milena Pavan Serafim. 

 

Ruas Completas

 

O estudo apresenta as políticas de promoção de Ruas Completas como iniciativas que buscam tornar vias acessíveis e seguras para todos, independentemente do modo de transporte, idade ou capacidade física. Para a arquiteta e urbanista, especialista em mobilidade urbana e pesquisadora do Ceuci, Marcela Noronha, redesenhar a rua pode oferecer um estímulo para ciclos virtuosos que geram benefícios sociais. “É como se estivéssemos criando um universo capaz de estimular o ambiente que desejamos. Ao promover a caminhabilidade, incentivamos a convivência e permanência das pessoas no espaço público, a segurança e o desenvolvimento cultural e econômico.”

 

O Urbanismo Tático, por sua vez, é uma abordagem de baixo custo que permite melhorias urbanas experimentais, rápidas e de pequena escala, testáveis antes de se tornarem permanentes e pode ser  uma ferramenta para a implementação das Ruas Completas. No artigo, no entanto, as autoras ressaltam que entraves burocráticos, questões de governança e processos de licitação pública podem dificultar a implementação eficaz dessas estratégias. Ainda segundo as pesquisadoras, outro desafio refere-se à participação social – nas oficinas promovidas durante o estudo para envolver a comunidade na discussão do planejamento do HIDS, a participação acabou restrita à comunidade científica. 

 

A pesquisadora Silvia Stuchi, lembra das lacunas históricas entre a comunidade acadêmica e a população local. “As estratégias de participação social devem transcender limites institucionais e incorporar diferentes vozes para garantir intervenções equitativas e socialmente legitimadas.”

 

Leia o artigo completo em Cities & Health (em inglês)

 

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