Corrida Amiga defende mobilidade com afeto no Dia Mundial em Memória das Vítimas de Trânsito

A segurança viária é também uma questão de justiça urbana e direito à vida, defende instituto que atua desde 2014 em defesa da mobilidade ativa

Notícias
 

Fonte: Corrida Amiga  |  Autor: Mobilize Brasil/Corrida Amiga  |  Postado em: 14 de novembro de 2025

Marina Harkot, morta em 2020 enquanto pedalava em

Marina Harkot, morta em 2020 enquanto pedalava em São Paulo

créditos: Corrida Amiga

Por cidades que priorizam a vida

 

No Brasil, mais de 60 mil pedestres perderam a vida no trânsito na última década — uma média de 15 mortes por dia. Na cidade de São Paulo, 1.068 pessoas morreram atropeladas entre janeiro e setembro de 2024, número 18% maior que no mesmo período de 2023. Por trás desses dados estão escolhas urbanas e políticas que ainda colocam a fluidez dos automóveis acima da segurança de quem caminha. O resultado é uma cidade que normaliza o risco e transforma a travessia de rua em um teste de resistência cotidiana.

 

Travessia #Cilada: o protagonismo da população por travessias mais seguras mais seguras

Criada em 2019 pelo Instituto Corrida Amiga, a campanha Travessia #Cilada vem revelando como os tempos semafóricos nas cidades brasileiras são insuficientes para garantir travessias seguras. Na edição 2024, que abrangeu 21 cidades, a campanha apontou que 54% dos semáforos analisados ofereciam 10 segundos ou menos de verde, com média nacional de 7 segundos, enquanto o pedestre espera, em média, 2 minutos e 11 segundos para iniciar a travessia. 

 

Em 2025, o Instituto voltou a campo aplicando o Índice de Desigualdade Temporal (IDT) — indicador que considera o tempo disponível para a travessia, a largura da via e a velocidade média de diferentes perfis de pedestres. O resultado mostrou que 90% das travessias na cidade de São Paulo seguem inadequadas para crianças e pessoas com deficiência (0,6 m/s) e 80% para o público 60+ (0,8 m/s).

 

Essas medições expõem um modelo urbano excludente, que contraria o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), a Lei Brasileira de Inclusão e a Política Nacional de Mobilidade Urbana — todas com diretrizes que priorizem os modos ativos e coletivos. A defasagem dos tempos semafóricos, portanto, não é um erro técnico, mas um reflexo das escolhas de quem a cidade considera digna de prioridade.

 

Em São Paulo, 97,8% dos idosos não conseguem caminhar a 4,3 km/h, a velocidade padrão adotada pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET-SP) para a regulagem dos tempos semafóricos da cidade”. Soma-se aí as crianças, as pessoas com deficiências ou dificuldades de locomoção e a injustiça se multiplica, afirma Silvia Stuchi, fundadora e diretora do Instituto Corrida Amiga.

 

Educação, infância e afeto como caminhos para mudança

Em comunicado à imprensa, o Instituto Corrida Amiga defende a educação para a mobilidade desde a infância como caminho importante para a transformação dessa realidade, motivo pelo qual, desde 2016, o Instituto mantém uma trajetória contínua de atuação em escolas públicas. Uma destas escolas é a EMEF Profa Rosângela Rodrigues Vieira, na Zona Leste de São Paulo, com projetos que unem aprendizagem, cidadania e urbanismo participativo. Entre as ações realizadas estão oficinas de mobilidade ativa, caminhadas com vistorias cidadãs, atividades de sensibilização e revitalização de espaços públicos, sempre com escuta ativa incentivando o protagonismo das crianças e o envolvimento da comunidade escolar.

 

Em 2025, essa parceria resultou em uma experiência que ganhou destaque no artigo “Crianças desenham a cidade: analisando trajetos casa–escola”, publicado no portal Caos Planejado. A Atividade “Como Chegou Aqui?”, mobilizou 127 crianças a retratar seus trajetos casa–escola por meio de desenhos. A análise dessas imagens, feita com apoio de Inteligência Artificial, revelou que os desenhos de quem caminha trazem mais pessoas, árvores, cores e expressões de alegria, enquanto os trajetos motorizados aparecem com menos interação e vitalidade.

 

Esses resultados reforçam que a mobilidade ativa é também saúde emocional, aprendizado e pertencimento, além de pilar da sustentabilidade e da segurança viária. O estudo integra a publicação “A Cidade sob o Olhar das Crianças: a partir da Mobilidade Urbana – Vol. 2”, organizada pelo Instituto Corrida Amiga com apoio do CAU/SP, por meio do edital CAU Educa 2025, que aprofunda o papel da escuta e da expressão infantil na construção de cidades mais humanas e seguras.

 

Neste 16 de novembro, Dia Mundial em Memória das Vítimas de Trânsito, O Insdtituto convida todas as pessoas e instituições, de diferentes setores e segmentos, a unirem-se em prol da vida. Mais do que um momento de lembrança, este dia representa um chamado à responsabilidade coletiva, destacando a urgência de uma cultura de segurança viária pautada pela valorização da vida e pela consolidação de práticas e políticas que garantam mobilidade segura, inclusiva e acessível a todas as pessoas.

 

*Texto de autoria do Instituto Corrida Amiga 

 

Sobre o Instituto Corrida Amiga

Desde 2014, a Corrida Amiga vem protagonizando ações em defesa da mobilidade ativa, do direito à cidade, da ocupação dos espaços públicos e da construção de cidades para todas as pessoas. Por meio do engajamento voluntário e de uma equipe interdisciplinar comprometida, o Instituto já beneficiou mais de 26 mil pessoas na região metropolitana de São Paulo, impactando diretamente a vida de crianças, jovens, adultos e público 60+.

 

Leia mais

Paulistanos correm para atravessar as ruas - Mobilize Brasil

Silvia Stuchi: "Fazer a revolução do óbvio" - Mobilize Brasil

Corrida Amiga lança guia de atividades com crianças - Mobilize Brasil

Já pensou em adotar a corrida para ir ao trabalho? - Mobilize Brasil

 

Quer apoiar o Mobilize Brasil? 

 

 

Comentários

Nenhum comentário até o momento. Seja o primeiro!!!

Clique aqui e deixe seu comentário