São Paulo atinge 500 km de faixas para ônibus nesta segunda-feira (29)

Serão implantados hoje mais 4,2 km de faixas de ônibus em diferentes áreas da capital. Meta inicial de faixas, de 150 km, é superada, mas corredores não avançam

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Fonte: Blog Ponto de Ônibus*  |  Autor: Adamo Bazani  |  Postado em: 29 de fevereiro de 2016

Faixas de ônibus em SP: plano de mobilidade alcanç

Faixas de ônibus em SP: plano de mobilidade alcançado

créditos: BPO

 

Com a inauguração de 4,2 km de faixas de ônibus nesta segunda-feira (29), a cidade de São Paulo alcança 500,3 km de faixas destinadas exclusivamente ao transporte público. A informação é da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), que destaca ainda que a meta inicial era implantar bem menos, ou, 150 km de faixas. 

 

Em nota oficial, a CET ressalta que até 2012 a cidade tinha apenas 90 km destas faixas exclusivas e que "diante dos resultados expressivos em benefício dos usuários a programação foi ampliada e se tornou permanente.”

 

Na mesma nota, o secretário municipal de transportes de São Paulo, Jilmar Tatto, diz que as faixas reduziram o tempo gasto nos transportes na cidade em quatro horas por semana.

 

“As faixas exclusivas têm tido um papel fundamental no processo de democratização do viário, seja por atender os passageiros, que tiveram uma redução de quatro horas por semana em suas viagens, seja por contribuir para organizar o fluxo do trânsito em geral, já que as faixas delimitam os espaços para os respectivos veículos”, afirmou o secretário.

 

As novas faixas

As vias exclusivas para ônibus que farão a cidade de São Paulo chegar aos 500 km de faixas de ônibus nesta segunda-feira (29) são os seguintes:

 

- Faixa da rua Caio Prado, entre rua Augusta e rua da Consolação, sentido centro. Funciona de 2ª a 6ª feiras, das 6h às 20h (300 m)

- Av. dos Três Poderes, entre a av. Prof. Francisco Morato e av. Eliseu de Almeida, sentido Eliseu de Almeida. De 2ª a 6ª feiras, das 6h às 20h, e sábados das 6h às 14h (400 m)

- Rua Leais Paulistanos, entre av. Dom Pedro I e rua Agostinho Gomes, sentido bairro.  De 2ª a 6ª feiras, das 17h às 20h (1 km)

- Rua Agostinho Gomes, entre rua Leais Paulistanos e rua Xavier Curado, sentido bairro. De 2ª a 6ª feiras, das 17h00 às 20h00 –  800 metros.

- Rua Xavier Curado, entre rua Agostinho Gomes e rua Silva Bueno, sentido bairro. De 2ª a 6ª feiras, das 17h às 20h (400 m)

- Rua José Chimenti, entre rua Silva Bueno e av. do Estado, sentido bairro. De 2ª a 6ª feiras, das 17h às 20h (200 m)

- Rua São Pedro Fourier, entre av. Giovanni Gronchi e rua Mal. Hastimphilo de Moura, sentido centro. De 2ª a 6ª feiras, das 6h às 9h e das 17h às 20h (400 m)

- Rua Mal. Hastimphilo de Moura, entre rua São Pedro Fourier e a 70 m antes da rua Domingos Lopes da Silva. De 2ª a 6ª feiras, das 6h às 9h e das 17h às 20h (200 m)

- Av. Vitor Manzini, entre rua Vicentina Gomes e rua Cristalino Rolim de Freitas, sentido centro. Horário integral (200 m) 

- Ponte Santo Dias da Silva/Ponte do Socorro, entre av. Atlântica e rua Cristalino Rolim de Freitas, sentido bairro. Horário integral (300 m)

 

Corredores

Vale destacar entretanto que muitas faixas pela cidade estão instaladas em locais que, segundo os planos de governo, deveriam receber corredores de ônibus. A meta dos 150 km de corredores, anunciada durante a campanha do então candidato à prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, dificilmente será cumprida até o final de 2016. Menos ainda a meta de 173,4 km (23 corredores), apresentadas no primeiro trimestre da gestão Haddad.  

 

Para a implantação dos corredores, a administração municipal enfrenta diversos problemas, como dificuldades financeiras motivadas também pela crise econômica que afetou a arrecadação local e fez o governo federal no ajuste fiscal diminuísse os repasses de verbas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que financia grande parte desses corredores. Dados do próprio governo federal (veja em: http://wp.me/p18rvS-5Ui) confirmam esta situação.

 

Outro entrave parece ser a postura do Tribunal de Contas do Município (TCM), que vem barrando as licitações de corredores de ônibus desde 2013, início da administração Haddad. Além disso, há problemas técnicos, como erros em projetos que precisaram ser refeitos.

 

No início de 2016, o secretário de Infraestrutura Urbana e Obras, Roberto Garibe, prometeu que até o início de março devem ser entregues 33 km de corredores de ônibus, incluindo as obras recentemente finalizadas.

 

Os quatro corredores dentro desta estimativa são:

– Av. Eng. Luís Carlos Berrini, zona sul, com 3,3 km de extensão e custo de R$ 45 milhões com recursos do PAC (concluído)

– Av. Inajar de Souza, zona norte (previsto para janeiro, foi concluído no início de fevereiro)

– Av. M’Boi Mirim, zona sul (previsto para janeiro, foi entregue em fevereiro)

– Binário Santo Amaro, zona sul (previsto para fevereiro, está em execução e deve atrasar)

 

Somando esses corredores, São Paulo passa ter 63,3 km de vias em obras. Os 33 km prometidos representam menos de um terço da meta reavaliada, de 173,4 km, apresentada no primeiro trimestre da gestão. O discurso mudou, e o prefeito agora promete não mais a entrega de 150 km, ou 173 km, mas 150 km de corredores em obras.

 

Benefícios das faixas

Mesmo as faixas de ônibus não possibilitando, tanto quanto os corredores, aumentos no desempenho dos ônibus - devido a interferências que permanecem, como cruzamentos, conversões à direita, entradas e saídas de carros em garagens e a presença de táxis (permitida desde setembro de 2014) - as faixas são uma forma de dar preferência ao transporte coletivo.

 

Dados da CET e de órgãos independentes mostram ganhos para os passageiros com as faixas exclusivas. De acordo com levantamento do Observatório de Indicadores da Cidade de São Paulo de 2015, por exemplo, após a implantação de faixas, as viagens ganharam em rapidez. No horário de pico da manhã, na direção bairro-centro, o tempo dos trajetos dos ônibus diminuiu de 66 minutos em 2012 para 61 em 2014. No pico da tarde, na direção centro-bairro, passou de 69 minutos para 64 minutos.

 

Já um estudo de 2014 feito pela CET em 59,3 km de faixas indicou aumento de velocidade média dos ônibus de 12,4 km por hora para 20,8 km por hora. Ainda segundo a CET, o maior ganho foi na faixa da ponte do Jaguaré, na região oeste, com aumento de 317,3% na velocidade, passando de 10,8 km por hora para 44,9 km por hora. 

 

Na av. Lins de Vasconcelos (zona sul), as faixas exclusivas melhoraram a velocidade dos ônibus em 140%, de 12,1 km por hora para 29,3 km por hora. Na rua Faustolo, na Lapa (zona oeste), o crescimento na velocidade foi de 50,7%, segundo este estudo da CET.

 

Menos poluição

As faixas de ônibus também parecem trazer benefícios ao meio ambiente, atesta um estudo desenvolvido pelo Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema), órgão independente do poder público que reúne especialistas do mundo acadêmico. Pois, se os ônibus conseguem desenvolver maior velocidade nas faixas, logo o desempenho operacional será melhor, o que reflete no consumo de combustível e na emissão de poluentes. 

 

O comparativo feito pelo órgão e concluído em outubro de 2014 , em 37 linhas de ônibus que passam pelo Corredor Norte Sul, na capital paulista, aponta redução do consumo de óleo diesel foi de 756 litros por dia, devido à implantação da faixa para o transporte coletivo no local. Essa redução de consumo de óleo diesel significa, ainda de acordo com o instituto, que por dia os ônibus deixam de emitir nestas 37 linhas municipais aproximadamente 1,9 tonelada de gás carbônico.

 

O período de comparação foi entre setembro de 2012, quando não havia ainda a faixa, e setembro de 2013, já com o espaço para o transporte coletivo. O Iema levou em consideração para os cálculos o perfil de cada motorização de ônibus diesel, desde os mais antigos e poluentes até os de atual tecnologia Euro V, que geram menos poluição.

 

Aprovação

A aprovação das faixas de ônibus é em torno de 90% de acordo com a mais recente pesquisa de satisfação dos paulistanos do Ibope/Fecomércio/Rede Nova São Paulo, apresentada no início de 2016. Já uma pesquisa do Datafolha no final do ano passado revela aprovação de 88% entre os entrevistados.

 

Apesar da alta provação, as faixas de ônibus também têm levantado polêmicas. Uma delas é em relação ao número de multas, que cresceu tendo por causa as invasões de carros nos espaços destinados ao transporte público. Ressalte-se que as vias em geral são bem sinalizadas e as faixas de ônibus hoje não são novidades na cidade de São Paulo. Assim, não há desculpa para o motorista de carro individual ou o motociclista não conduzirem com maior atenção para identificar se há ou não em um local a faixa de ônibus.

 

Outra crítica tem como alegação o “pouco planejamento, que prejudica o acesso dos veículos às casas e estabelecimentos comerciais” segundo alguns moradores e comerciantes. A polêmica mais recente envolve a faixa de 3,8 km criada na região da av. Giovanni Gronchi, no Morumbi, área nobre da zona sul de São Paulo.  Moradores e comerciantes organizaram um abaixo-assinado para que a faixa fosse retirada. Em resposta, a prefeitura alega que o trajeto reduz o tempo de viagem de 146 mil passageiros do ônibus por dia.

 

Há também discussões sobre as regras nas faixas de ônibus, que variam de uma região e outra. Não há horários padronizados entre as faixas e nem dias de operação: algumas funcionam o dia inteiro, outras somente nos horários de pico; algumas só em determinados sentidos da via; umas têm operação somente nos dias úteis, enquanto que outras também estão ativas aos sábados. Mas de acordo com a prefeitura, é impossível haver uma padronização pelo fato de cada região ter características diferentes.

 

* Editado pelo Mobilize Brasil

 

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