Por que viagens curtas a pé não entram nas pesquisas Origem-Destino?

Grupo da USP estuda métodos para tornar mais preciso e próximo da realidade o transporte a pé nas pesquisas OD realizadas pelo Metrô de São Paulo

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Fonte: Mobilize Brasil/ Corrida Amiga  |  Autor: Sílvia Cruz  |  Postado em: 14 de fevereiro de 2017

Percursos a pé são contabilizados incorretamente n

Percursos a pé são contabilizados incorretamente na pesquisa

créditos: Reprodução

 

Na semana passada, participei de um curso do Nupens (Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Faculdade de Saúde Pública da USP) elaborado para compartilhar a experiência de utilização de GPS e acelerometria em pesquisas. O enfoque foi demonstrar como essas tecnologias combinadas podem ser úteis para as Pesquisas de Origem e Destino (OD), especialmente no estudo do Transporte Ativo.  

 

A Pesquisa de Mobilidade da Região Metropolitana de São Paulo (Origem-Destino, 2013), realizada pela companhia do Metrô, aponta que 32% das viagens dos moradores de São Paulo são realizadas a pé -  exclusivamente/ou em distância superior a 500 metros. 

 

Ressalte-se que as viagens a pé somente entram na estatística quando o motivo da viagem é trabalho ou escola, independentemente da distância percorrida. Ou quando a distância percorrida é superior a 500 metros, para os demais motivos. Na prática, o que isso quer dizer? 

 

Embora sejamos todos pedestres e, em algum momento do dia caminhamos, seja para ir até o transporte público coletivo, estacionamento do carro etc., essa distância não é contabilizada pela pesquisa. 

 

De acordo com Claudio Kanai, pesquisador do grupo do Nupens, "o trabalho realizado por nós tem a expectativa de melhorar os métodos de obtenção dos dados das viagens da pesquisa de origem e destino, tornando-os mais precisos e próximos da realidade". 

 

Ele esclarece: "Sobre os benefícios para o transporte ativo, espera-se que essa inclusão nos dados torne mais evidente o modo a pé, principalmente no relato das pequenas viagens, como por exemplo aquelas idas de um indivíduo aos locais próximos de trabalho e de moradia, que não são colhidas pela metodologia utilizada pelo Metrô de São Paulo, ou que nem mesmo são relatadas pelos próprios participantes da pesquisa". 

 

Segundo Kanai, "isso pode gerar uma diferença na estimativa da participação do uso do modo a pé". "Nosso trabalho, atualmente, está verificando a existência dessa evidência", conclui. 

 

Thiago Herick de Sá, também pesquisador do Nupens - e super engajado nas pesquisas sobre atividade física no deslocamento - falou um pouco sobre o trabalho: "A ideia é fazermos a validação dos componentes da pesquisa origem e destino, e entender melhor a magnitude do erro no relato do entrevistado, e se esse dado pode ser considerado importante ou não, sobretudo na contabilização do tempo,  distância e modo da viagem".

 

Priorizar o pedestre

O valor contabilizado atualmente pela OD - um terço das viagens são realizadas a pé - já deveria ser suficiente para garantir a priorização do pedestre na rede de mobilidade urbana, que ainda favorece os modos motorizados em detrimento dos ativos. 

 

Então, que pesquisas como as do Nupens possam fornecer dados mais acurados e que auxiliem os gestores a tomarem decisões condizentes com as demandas da sociedade. 

 

Para mais informações sobre a pesquisa desenvolvida pelo Nupens, acessar: 

Facebook: http://facebook.com/odnupens

Site: http://odnupens.wixsite.com/home

 

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