Taxistas de Curitiba protestam oferecendo corrida a R$ 5

Para pressionar o prefeito Rafael Greca em relação aos aplicativos de transporte Uber e Cabify, taxistas da capital paranaense estão fazendo corridas coletivas

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Fonte: Gazeta do Povo  |  Autor: Eriksson Denk  |  Postado em: 21 de agosto de 2017

Pontos onde os taxistas fazem corridas coletivas a

Pontos onde os taxistas fazem corridas coletivas a R$ 5,00

créditos: Divulgação

Cerca de 500 motoristas de táxi de Curitiba aderiram à campanha Táxi Solidário, em vigor desde sexta-feira (18). Para protestar contra a regulamentação dos aplicativos de transporte, como Uber e Cabify, assinada no mês passado pelo prefeito Rafael Greca (PMN), os taxistas estão oferecendo corridas coletivas a R$ 20 - dividido em quatro pessoas, sai por R$ 5 por passageiro, só um pouco mais caro do que a passagem de ônibus, de R$ 4,25.

Os trajetos das corridas coletivas são similares aos das linhas de ônibus. Cinco trechos estão disponíveis: Praça Rui Barbosa – Vila Sandra, Praça Generoso Marques – Terminal de Santa Felicidade, Praça Santos Andrade – Jardim Social e Tarumã, Praça Rui Barbosa – Terminal Centenário e Praça Generoso Marques – Orleans e São Brás.

Segundo a prefeitura, a Urbs, que regula e fiscaliza a frota de táxi, está monitorando o protesto e pode aplicar sanções aos motoristas. A administração municipal diz que a regulamentação do serviço de táxi não permite que corridas tenham preço pré-determinado. 

Na manhã desta segunda-feira (21), a União dos Taxistas de Curitiba (UTC) vai protocolar na prefeitura um pedido de reunião com o secretário municipal de Finanças Vitor Puppi. “Queremos uma conversa para que a prefeitura perceba a realidade que estamos passando”, argumenta o presidente da UTC, Eduardo Fernandes.

No entanto, de acordo com os taxistas, o protesto não está burlando regras. “A Urbs está fazendo uma ameaça velada, estão dizendo que vão reforçar a fiscalização, que a atitude é incompatível com a Lei do Táxi. A prefeitura diz que não podemos cobrar valor fixo e andar com o taxímetro desligado. Acontece que vamos andar com o taxímetro ligado, mas vamos cobrar menos”, afirma um taxista que aderiu ao Táxi Solidário e prefere não se identificar.

“Já que o Uber pode, por que os táxis, que são legalizados, não podem? A prefeitura quer afundar com o transporte de táxi, vamos afundar com o transporte coletivo”, comenta o taxista. De acordo com esse motorista, a ideia é convencer a prefeitura a chamar o táxi para a discussão do transporte público. “Do jeito que está, não dá. A concorrência é desleal. Nós queremos mostrar números que provam que a situação está se tornando insustentável”.

Protesto
Na manhã desta segunda (21), eram poucas as corridas coletivas feitas no terminal Centenário, no bairro Cajuru, um dos pontos do protesto - a categoria acredita que o volume de corridas vai aumentar conforme a população seja informada. Segundo Paulo Toledo, um dos organizadores do protesto, a procura de passageiros foi grande no fim de semana e deve aumentar agora. “Hoje de manhã [segunda] aumentou principalmente nos bairros. No centro o pessoal ainda está conhecendo”, informa. Segundo ele, o custo por km rodado de táxi é bem superior ao dos aplicativos, em torno de R$ 0,38.

Edson Luiz Becker, 46 anos, há 25 motorista do ponto do Centenário, considera o protesto válido. “Meu faturamento caiu 50% e todo dia a Urbs passa para ver minha licença e a máquina de cartão. Os Ubers andam por aí sem segurança nenhuma e não têm fiscalização”, reclama. “Em 25 anos é a pior situação para os taxistas. Nós estamos abandonados pela prefeitura, que continua cobrando valores excessivos de outorga. O pessoal está entregando as licenças”.

Aplicativos
Já o taxista João Pedro Mendes, de 82 anos, reclama que a entrada dos aplicativos está afetando a sua renda familiar. “Não estou mais conseguindo sustentar a família. Está bem triste a situação dos taxistas. Caiu pelo menos 65% o que eu ganhava”, afirma.

Mesma opinião de José Maria Sauer, taxista há 50 anos. “No auge, fazíamos 26 ou 30 corridas por dia. Atualmente, tem taxista que faz três. E mesmo assim tem que pagar as licenças, renovar o carro de tempos em tempos. O faturamento caiu 80%. Essa conta não vai fechar”, explica. Para ele, o Táxi Solidário é a única maneira de encarar a situação “antes do fim do táxi”.

A ideia, segundo os taxistas, é que a ação incentive uma conversa franca com a população. “Nós queremos que a população pague barato, mas tenha segurança, que os táxis participem dos estudos de mobilidade. Esse protesto quer chamar a população, a prefeitura e a cidade para um diálogo franco contra a concorrência desleal”, aponta um taxista. 


Mensagem que circula no Whatsapp divulga o protesto do Táxi Solidário. Foto: Divulgação

Às 20h30 desta segunda, os taxistas vão se reunir no estacionamento do Parque Barigui para fazer um balanço do protesto. Fiscais da Urbs já começaram a sondar os motoristas de táxi para controlar a adesão.

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