Ativistas avaliam novo padrão de calçadas em SP

Idosos e pessoas com deficiência percorreram passeio piloto na zona sul da cidade, e registraram suas impressões sobre a qualidade e acessibilidade

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Fonte: Mobilize Brasil  |  Autor: Regina Rocha/Mobilize Brasil  |  Postado em: 17 de outubro de 2018

Grupo de pedestres e cadeirantes testa nova calçad

Pedestres e cadeirantes testam nova calçada paulistana

créditos: Meli Malatesta

O novo padrão de calçadas que a Prefeitura de São Paulo pretende adotar na cidade, e que foi implantado em caráter piloto em uma área da zona sul da capital - na rua Pedro de Toledo, Vila Mariana -, foi vistoriado por um grupo da Comissão Técnica de Mobilidade a Pé e Acessibilidade da ANTP.

Para a caminhada, o grupo partiu da Pedro de Toledo, esquina com a Napoleão de Barros, e seguiu até a recém-inaugurada estação Hospital São Paulo da linha 5-lilás do metrô. Participaram da ação idosos, pessoas com deficiência visual e pessoas com deficiência física que, ao longo do trajeto, fizeram anotações, avaliações e registros em foto e vídeo de suas experiências.   

O novo passeio, definido pela Comissão Permanente de Calçadas do município, apresenta na faixa livre um piso cimentado, bastante liso e regular; e nas bordas - nas faixas de serviço e de acesso- revestimento vermelho com blocos intertravados de concreto. 

A execução ficou a cargo da Secretaria de Serviços e Obras, e foi iniciada em dezembro, tendo durado cerca de três meses. O custo orçado foi de quase R$ 1,4 milhão 

Impressões in loco
Na vistoria feita pelo grupo da ANTP, a nova calçada mostrou-se tecnicamente bem executada, mas com importantes ressalvas - que no mínimo justificam uma revisão conceitual do padrão adotado - quanto à segurança de quem por lá caminhar. Em primeiro lugar, o grupo observou que, embora o piso seja bem construído, totalmente liso e plano, sem quaisquer ranhuras, textura perceptível ou porosidade, justamente essas características podem provocar, em dias úmidos, derrapagens e portanto uma chance maior de quedas das pessoas. Segundo o relatório do grupo: "No clima úmido ou chuvoso, tanto pela presença de folhas caídas das árvores existentes ao longo da via como pela formação de lâmina de água, o piso facilita a derrapagem e muitos usuários escorregam e sofrem quedas. (...) Esta solução exige que haja limpeza e drenagem constantes e suficientes para manter a superfície apropriada a evitar quedas e escorregões". 

Outro ponto negativo foi a ausência do piso tátil direcional, notada principalmente pelas pessoas cegas do grupo, que se sentiram desorientadas ao longo de todo o percurso. ao que parece, os blocos intertravados instalados nas faixas de serviço e de acesso foram usados para servir de piso tátil direcional, solução que não se mostrou suficiente nem adequada a tal função. Como aponta o relatório: "...o piso direcional não pode absolutamente ser substituído por soluções com saliência fora do padrão NBR 9050, ainda mais situadas fora da faixa útil da calçada".

Outro problema, este de execução, que chamou a atenção do grupo foi a incorreta instalação das tampas de caixas de serviço das concessionárias, que ficaram desniveladas, e se tronam obstáculos perigosos, capazes de provocar tropeções e quedas.   

Já no trecho do entorno da estação Hospital São Paulo, o grupo observou que a calçada, de responsabilidade do Metrô, adota outro padrão construtivo, à base de blocos intertravados, um piso diferente que cria descontinuidade na caminhada. Esta despadronização, denuncia o relatório, "compromete o instituído pela NBR 9050 para dar total segurança à pessoa com restrição de mobilidade". 

Confira aqui o relatório Comissão Técnica de Mobilidade a Pé e Acessibilidade da ANTP

 







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