Trabalho de voluntários que ajudam ciclistas a pedalar com segurança é testado em Porto Alegre

Desde o ano passado na Capital, Bici Anjos doam parte do seu tempo e de seus conhecimentos para que outras pessoas possam andar de bicicleta sem medo

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Fonte: Zero Hora  |  Autor: Priscila Martini  |  Postado em: 20 de agosto de 2012

Cadu Carvalho (D) é um dos 10 voluntários cadastra

Cadu Carvalho (D) é um dos 10 voluntários cadastrados

créditos: Diego Vara / Agencia RBS

 

Você tem medo de andar de bicicleta nas ruas de Porto Alegre? Eu também tinha. 

 

Só tirei o pó da minha magrela depois de descobrir um pessoal que zela pela segurança dos ciclistas que os procuram: os Bici Anjos. Não poderia ter nome melhor para esse grupo de voluntários que doa parte de seu tempo, seu conhecimento e sua prática para ensinar outras pessoas a pedalar com segurança. E de graça. 

 

A iniciativa existe em outras cidades brasileiras, mas, em Porto Alegre, o grupo começou a funcionar em maio do ano passado. Atualmente, são 10 voluntários cadastrados para atender aos pedidos. 

 

O publicitário Cadu Carvalho foi meu Bici Anjo em uma manhã de quinta-feira. Com ele, aprendi como o trânsito pode não ser tão assustador assim se o ciclista souber como se portar nas vias. São orientações práticas que me deixaram mais segura. Nos encontramos no Parcão, na esquina da Rua 24 de Outubro com a Av. Goethe, e pedalamos até o prédio de Zero Hora, na esquina das avenidas Ipiranga e Erico Verissimo. 

 

Antes de partir, Cadu me passou informações básicas e, no trajeto, revelou outras manhas que ajudam a evitar acidentes. Ironicamente, se você sabe dirigir um veículo motorizado, leva vantagem no aprendizado (não é meu caso). Saber como o trânsito funciona é fundamental. 

 

— Quando você consegue interagir com o motorista de uma maneira mais suave, é recíproco. Se você sabe se portar, vai se incomodar menos com as pessoas, e as pessoas vão lhe incomodar menos — explica Cadu. 

 

Mas a primeira lição que os Anjos passam para os apreensivos alunos é também o que o editor do site Vá de Bike (www.vadebike.org), que desde 2002 orienta o internauta sobre o uso de bicicleta, salientou como a principal causa do medo dos ciclistas. 

 

— Os motoristas ou as próprias pessoas que têm vontade de usar bicicleta não conseguem ver a bike compartilhando a rua com um carro. Isso se deve a uma questão cultural, de achar que a rua é feita só para os carros, que ela não é um espaço público que todas as pessoas podem utilizar. Você se sente como um invasor do espaço alheio – afirma o paulista Willian Cruz. 

 

Por isso, quem está atrás do volante também precisa fazer sua parte. Segundo o diretor-presidente da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), Vanderlei Cappellari, o órgão está fiscalizando a lei que determina uma distância de 1m50cm ao ultrapassar uma bicicleta. Neste ano, já são 16 autuações, que rendem ao motorista quatro pontos na carteira e uma multa de R$ 85,13. 

 

Manual do ciclista

Dicas do Bici Anjo Cadu Carvalho e do editor do site Vá de Bike, Willian Cruz:

 

Escolha do caminho


Antes de botar a bike na rua, escolher bem o itinerário até seu destino é fundamental. Lembre-se de que você deve raciocinar como motorista, não como pedestre (só aja como pedestre se descer da bike). Portanto, considere que você precisa seguir por vias na mão correta. Eleja ruas mais tranquilas e planas. Evite avenidas movimentadas, onde há muitas pistas, veículos que andam em alta velocidade ou muitos caminhões e ônibus. 

 

Direção na pedalada

Vá na mesma direção dos outros veículos, nunca na contramão. Alguns ciclistas têm medo dos carros que vêm de trás – por isso, pedalar na direção inversa dá uma falsa sensação de segurança. Esse, porém, é um pensamento equivocado, pois motoristas e pedestres não esperam que alguém surja na contramão, o que pode causar acidentes.

 

Posição na rua

Ande pela direita e não fique muito próximo ao meio-fio. Se você ficar muito no canto, encontrará buracos, ondulações, bueiros e outros obstáculos que podem fazer você cair. Além disso, é quase certo que os motoristas vão passar perto demais. O ideal é ocupar um terço da faixa. Se você achar mais seguro, especialmente em ruas com velocidade mais alta, pode ocupar o espaço de outro veículo na via, andando no meio da faixa. Assim, você obriga o motorista a mudar de faixa para ultrapassá-lo. Se ele não fizer isso, você terá espaço suficiente para desviar. É preciso agir de forma preventiva, atento ao que pode acontecer. 

 

Equilíbrio

A insegurança do ciclista é uma causa de acidentes – você pode ser atingido por um veículo. Por isso é importante você pedalar sempre em linha reta, evitando ziguezaguear na pista. 

 

No semáforo

O ciclista também tem de obedecer às regras de trânsito e parar no sinal vermelho. Posicione- se de forma que todos os motoristas parados no semáforo o vejam, mas não fique sobre a faixa de pedestres. Em alguns locais, há um intervalo entre a faixa e o limite para os carros – espaço ideal para o ciclista aguardar. Nos que não têm, considere posicionar-se no meio da pista, para garantir que todos os motoristas o vejam. 

 

Sinalização

O ciclista precisa sinalizar com as mãos quando pretende mudar sua posição na pista, para avisar os motoristas de suas intenções. A sinalização também é muito importante em conversões. Você não deve avisar somente se vai virar, mas também se vai seguir adiante em um ponto onde, geralmente, os carros viram. Isso evita que você leve uma fechada. Também é legal fazer contato visual com os motoristas. 

 

Carros estacionados

Quando você pegar uma via em que há carros estacionados a seu lado, fique muito atento. A qualquer momento, uma porta pode ser aberta bem à sua frente e atingi-lo. Outra opção é pedalar mais para o meio da pista, mas nem sempre isso é possível. 

 

Mudança de lado

Quando você não se sentir seguro para mudar de lado na pista apenas com sinalização, pode optar por atravessar a via pela faixa de pedestres. Mas, para isso, você deve descer da bicicleta e conduzi-la com as mãos.

 

Pedalando à noite

A principal diferença entre o dia e a noite é a falta de visibilidade que os motoristas têm da bicicleta. Por isso, você precisa garantir estar bem visível. A bicicleta precisa ter iluminação branca na frente e vermelha atrás, porque esse é o código de cores a que o motorista está acostumado. Além disso, a luz deve estar piscando, para chamar mais atenção. É importante também usar roupas claras e chamativas. Outra opção é usar faixas reflexivas no corpo e no capacete, ou até aquelas pulseiras que piscam utilizadas em festas.

 

Equipamentos

O que é obrigatório, segundo o Conselho Nacional de Trânsito (Contran): campainha, sinalização noturna dianteira, traseira, lateral e nos pedais e espelho retrovisor do lado esquerdo.

O que também é recomendado: capacete, luvas e calçado que se firme nos pés.


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