Redução da tarifa de ônibus pode levar à menor inflação pelo IPCA em três anos

Estimativa é que revogação de aumentos do transporte em 7 capitais reduzirá o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo de julho em 0,12 ponto percentual

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Fonte: Valor Econômico  |  Autor: Tainara Machado  |  Postado em: 07 de agosto de 2013

Tarifa menor pode levar IPCA de julho a cair

Tarifa menor pode levar IPCA de julho a cair

créditos: Divulgação

 

Ao ceder às manifestações contra o aumento das tarifas de transporte público, como ônibus e metrô, e cancelar o reajuste das passagens, os governos estaduais e municipais podem ter garantido a menor inflação, até aqui, do governo Dilma Rousseff. 

 

Esse fato, aliado à continuidade da desaceleração dos alimentos, deve levar o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) a deixar a alta de 0,26% em junho para ficar estável em julho, de acordo com a média das projeções de 15 consultorias e instituições financeiras ouvidas pelo Valor Data. No acumulado em 12 meses, o IPCA, que será divulgado hoje pelo IBGE, deve ceder de 6,70% para 6,24% na passagem mensal - voltando, portanto, a ficar abaixo do teto da meta perseguida pelo Banco Central.

 

Se confirmado o resultado esperado pelos economistas consultados, julho marcará o menor avanço da inflação mensal desde junho de 2010. Caso os economistas situados no piso das projeções, que variam entre baixa de 0,02% e alta de 0,05%, acertem o resultado, será a primeira deflação do índice desde junho de 2006.

 

Basiliki Litvac, economista da MCM Consultores, estima que a revogação dos aumentos das tarifas de transporte público em 7 das 11 capitais pesquisadas - São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, Curitiba e Goiânia - vai reduzir o IPCA de julho em 0,12 ponto percentual.

 

Outros preços administrados também não foram elevados diante das pressões populares e contribuíram para a desaceleração do índice na passagem mensal em ritmo mais forte do que era esperado. O governo estadual de São Paulo, por exemplo, suspendeu o reajuste das tarifas de pedágio de rodovias. No Paraná, a Copel parcelou o aumento da tarifa de energia elétrica entre 2013 e 2014, sob determinação do governo, para atenuar o impacto para os consumidores do aumento da conta de luz que foi aprovado pela Aneel.

 

Para Basiliki, que projeta alta de 0,05% do IPCA em julho, a inflação no mês passado também deve ter sido bastante baixa por causa da sazonalidade. Para o grupo alimentação e bebidas, por exemplo, a economista estima deflação de 0,15% no período, movimento que deve ter sido mais acentuado no caso das refeições feitas no domicílio. "Os produtos in natura tiveram choque relevante de oferta, que perdurou até abril, mas agora estamos passando por um período de devolução dessas altas expressivas", diz a economista, que projeta queda de dois dígitos de itens como o tomate e a batata, além da desaceleração de hortaliças e frutas.

 

Fernando Parmagnani, da Rosenberg & Associados, projeta deflação de 0,32% deste grupo em julho, também por causa da devolução das altas observadas pelos preços in natura. A partir de agosto, os preços de alimentos devem voltar a se acelerar, ainda que moderadamente, mas o economista avalia que o segundo semestre será mais positivo para a inflação do que foram os seis primeiros meses do ano.

 

"O câmbio é uma preocupação, mas o cenário de preços de commodities em queda no mercado internacional pode ajudar a contrabalançar esse efeito", afirma. Segundo Parmagnani, o "efeito manifestação" deve contribuir para segurar os preços administrados neste ano e, por isso, ele se diz bastante "confortável" com projeção de 5,8% para o IPCA em 2013.

 

Basiliki, da MCM, também avalia que o segundo semestre será de continuidade do processo de desaceleração da inflação em 12 meses. "No nosso cenário, já incorporamos real mais enfraquecido e estimamos IPCA de 5,7% em 2013", afirma. Nesse caso, a meta estabelecida nos discursos da autoridade monetária, de entregar em 2013 inflação menor do que a observada no ano passado, quando o IPCA subiu 5,84%, seria cumprida.

 

Já o Itaú, que estima avanço de 0,02% do IPCA em julho, avalia que esse alívio terá "vida curta". "A desvalorização do real vai, provavelmente, criar pressão inflacionária em um contexto que contempla mercado de trabalho ainda aquecido", afirmou, em nota, o departamento econômico do banco, que projeta alta em torno de 6% para o índice neste e no próximo ano.

 

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