Em Juiz de Fora, especialista britânico discute mobilidade urbana em seminário

"Seminários deste tipo são essenciais para acordar as pessoas à realidade" diz o consultor Philip Anthony Gold

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Fonte: UFJF  |  Autor: Da redação  |  Postado em: 27 de novembro de 2013

Evento acontece na próxima sexta-feira (29), às 14

Evento acontece na próxima sexta-feira (29), às 14h

créditos: Divulgação

 

Com o objetivo de estimular o debate público e apresentar ideias que merecem ser compartilhadas acontece na próxima sexta-feira, dia 29, o 1º Seminário de Responsabilidade Social e Sustentabilidade de Juiz de Fora. Numa parceria da Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares (Intecoop) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) com o site Viverjf.com o evento acontecerá a partir das 14h, no Museu de Arte Murilo Mendes (Mamm), com entrada gratuita.

 

Entre os palestrantes está o britânico Philip Anthony Gold, consultor viário de diversas instituições, para discutir mobilidade urbana focada em pessoas. Em entrevista exclusiva ao portal da UFJF, o especialista falou sobre a necessidade de uma proposta mais humana, mais completa e mais honesta de se planejar e administrar o sistema de mobilidade urbana de uma cidade, que atenda melhor às necessidades de toda a população.

 

Atualmente, Gold atua como consultor na International Road Assessment Programme (Programa Internacional de Auditoria de Rodovias), em fase de implantação no Brasil, e na Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP). Na palestra, a sua experiência na ANTP, na qual é autor e tutor do curso de Educação a Distância sobre Mobilidade Urbana, será aplicada ao tema. “A parte da qual sou autor trata da questão do “andar a pé” como parte integral do sistema de transporte urbano, destacando que andar a pé, na realidade, é a parte mais fundamental do sistema de transporte embora não é visto assim pelos técnicos e políticos.”


Confira trechos da entrevista


Secretaria de Comunicação (Secom): Qual é a importância desse tipo de consultoria nas empresas públicas e privadas?

Philip Anthony Gold: É fundamental porque essa consultoria procura demonstrar uma visão de mobilidade urbana diferente das visões em uso atualmente no mundo inteiro, que são focados, no meu ver, erroneamente, nos veículos e não nas pessoas. Procuro substituir essas visões com uma visão que valoriza as pessoas e suas necessidades de deslocamento, sendo que os veículos são apenas uma das maneiras de possibilitar os deslocamentos. Se for aceita essa visão, então todos os profissionais e políticos que trabalham no desenvolvimento do transporte urbano colocariam boas condições para o andar a pé como prioridade, e não como última prioridade como ocorre na maioria das cidades.


O senhor tem notado se o interesse por medidas sustentáveis cresce entre as instituições?

Sim, porém, ainda muito longe da intensidade necessária para efetuar mudanças positivas significativas nas cidades, onde o automóvel ainda reina sobre as pessoas.

 

De que modo eventos como o 1º Seminário de Responsabilidade Social e Sustentabilidade colaboram para despertar a responsabilidade social, tanto para profissionais que divulgam suas ideias como para leigos?

Na minha experiência, seminários deste tipo são essenciais para acordar as pessoas à realidade; para poder enxergar em vez de somente ver superficialmente o que está acontecendo de ruim e de não sustentável nas cidades. A questão de qualidade das calçadas foi levantada no Brasil recentemente, principalmente por meio de uma sequência de seminários dedicados ao assunto que foram montados durante cinco anos em cidades do Brasil inteiro.

 

Qual é o papel das universidades, como a UFJF, nesse tipo de discussão?

Fundamental e subutilizado. Deve haver um fluxo bidirecional intenso constante de pesquisa, criatividade e conhecimento entre as universidades e a sociedade. É para isso que as universidades existem.

 

Quais são os principais setores em que você nota uma carência de ações sustentáveis no país?

Os setores mais básicos: educação, saúde e administração pública.

 

E quais medidas são mais urgentes hoje em dia?

Vou me limitar à minha área de mobilidade urbana. O mais urgente é, sem dúvida, mudar a visão de como administrar as condições para o andar a pé nas cidades. A ideia prevalente de que o proprietário do terreno é responsável pela construção e manutenção da calçada na frente do seu terreno deve ser definitivamente eliminada. A prefeitura deve assumir totalmente a responsabilidade pelas calçadas e pelo sistema de travessia de pedestres, criando e implementando um plano e um programa de requalificação da RVTCP – Rede Viária de Transporte e Convivência a Pé. Essa rede existe, porém, ninguém a enxerga e ninguém a reconhece.

 

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