"Sem sinalização não há garantia da liberdade de movimento"

Uma entrevista com o engenheiro Frederico Viebig, autor do livro "Sinalização em Acessibilidade", que destaca o papel da informação na garantia da mobilidade

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Fonte: Mobilize Brasil  |  Autor: Du Dias/ Mobilize Brasil  |  Postado em: 19 de novembro de 2014

Viebig defende sinalização como garantia de acessi

Viebig defende sinalização como garantia de acessibilidade

créditos: Reprodução

 

Em seu livro Sinalização em Acessibilidade, Frederico Viebig buscou estimular o debate e a conscientização sobre a importância da sinalização como parte integrante e indissolúvel do ambiente humano. A obra, lançada em 2013, é um guia permanente para consulta de projetos com acessibilidade, que induz à reflexão sobre os diversos aspectos da ambientação de pessoas com deficiência, dá diretrizes e antevê produtos futuros de tecnologia assistiva. Viebig é ex-presidente da ABSA – Associação Brasileira de Sinalização Ambiental; coordenador do GT de Sinalização da NBR 9050 e da Norma Brasileira de Acessibilidade em Estádios. Após o lançamento da campanha Sinalize, o Mobilize Brasil conversou com ele sobre a importância de entender o binômio mobilidade X sinalização.  Confira abaixo o resumo da entrevista.

 

Qual a importância da sinalização em acessibilidade na dinâmica da sociedade, especialmente para pessoas com deficiência?
A dinâmica de uma sociedade onde o princípio da liberdade de movimento exista implica o atendimento às variáveis mobilidade e sinalização, formando um binômio onde coexistem. Mobilidade sem sinalização, ou vice-versa, não resultam positivamente. Quando pensamos em pessoas com deficiência, concluimos que uma sinalização adequada a este público estende suas características também aos outros indivíduos, alcançando o que denominamos Sinalização Universal.

 

Quais os custos e os benefícios, para o poder público, de investir em sinalização em acessibilidade?
Os custos advindos da sinalização como uma boa prática de inclusão social são especialmente econométricos. Imagine o quanto pode ser economizado (não apenas em dinheiro) se uma sinalização adequada evitar uma queda de um idoso em uma calçada?

 

Qual a responsabilidade de empresas privadas na promoção da acessibilidade?
Algumas são conscientes das necessidades, mas não são maioria. O Estado precisa estar presente, como indutor e fiscalizador das intervenções.

 

Quais foram os avanços na garantia da acessibilidade com a revisão da NBR 9050, que trata da acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos?
A NBR 9050 está em revisão geral desde 2008 e após extensos trabalhos deve ser entregue no início de 2015 como a mais moderna norma de acessibilidade no mundo atual, compatibilizada internacionalmente.

 

Há um ano o senhor publicou o livro Sinalização em Acessibilidade, um guia de consultas e manual para utilização em projetos, esclarecimentos e exemplos de aplicação que ajudam a compreender e aplicar a NBR 9050. As normas e leis brasileiras são tão inacessíveis quanto nossas cidades?
As normas brasileiras estão disponíveis pela internet gratuitamente. O livro Sinalização e Acessibilidade visa a esclarecer cada um dos pontos da norma de forma mais didática, de forma que se possa entender como se deve aplicar cada item, de forma coerente. O livro é inédito, não há similar em todo o mundo e traduz uma falta clara do parâmetro "sinalização" como complemento da Acessibilidade.

 

O que falta para que empresas e o poder público atendam às exigências legais de sinalização em acessibilidade?
Apenas vontade política e recursos.

 

O que o senhor diria para quem acha que sinalização é “perfumaria”? Isso explica em parte o caos que vivemos nas grandes cidades?

Pergunte a qualquer um deles se sabem onde fica o "banheiro". Tem um sinal que identifica o local, não tem? A necessidade da sinalização é tão óbvia que até a história de "João e Maria" já a contemplava. Creio que o caos não vem da falta de sinalização apenas, mas sim desta mal aplicada. Faltam profissionais na área.

 

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