Transcaribe, o BRT de Cartagena, na Colômbia

Criado em 2016, o sistema funciona com ônibus a gás. É eficiente, mas ainda não caiu no gosto da população. Um dos motivos é tarifa mais alta

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Fonte: Mobilize Brasil  |  Autor: Marcos de Sousa / Mobilize Brasil  |  Postado em: 23 de janeiro de 2018

Estação de parada: acessibilidade

Estação de parada: acessibilidade e ar-condicionado

créditos: Transcaribe

Transcaribe é  sistema de BRTs de Cartagena de Índias, cidade colombiana localizada no norte do país, região do Mar do Caribe. Na verdade, existem ao menos duas Cartagenas: a histórica intramuros, a cidade expandida, onde estão os novíssimos hoteis e condomínios, e os bairros onde vivem as pessoas de baixa renda.

O centro histórico, protegido pelas muralhas erigidas para barrar ataques de piratas e corsários no século 16, não consegue evitar a entrada dos automóveis, que ainda circulam por suas ruas estreitas, disputando espaço com carruagens, bicicletas e uma multidão de pedestres, turistas em sua maioria. Nesta Cartagena de Índias, com seu tráfego lento e controlado, os congestionamentos são limitados apenas a algumas esquinas. 

Mas é sobretudo no lado de fora das muralhas que os problemas de mobilidade se mostram de forma mais exuberante. Caminhar nessa Cartagena exige muita atenção e cuidado, especialmente nas travessias de ruas, porque os carros particulares, pequenos ônibus, táxis e motocicletas brigam ruidosamente pelo espaço e invadem qualquer  cantinho que sobre dos congestionamentos, inclusive as calçadas, surpreendendo os pedestres desavisados de outras localidades. 

Mapa do Transcaribe

Para tentar reduzir os acidentes e o impacto urbano das motos, a prefeitura de Cartagena estabeleceu a proibição do uso de motos, motonetas e até de bicicletas elétricas durante todas as sextas-feiras, o chamado "Dia sem moto". A norma, evidentemente, gerou protestos, especialmente entre as pessoas que trabalham com motocicletas. Mas a medida acabou sendo aceita pela maioria dos moradores e incorporada pela rotina da cidade. Os dias sem motos têm um impacto visível no transporte coletivo, e especialmente no Sistema Integrado de Transporte Masivo, do qual o BRT Transcaribe é o principal articulador.

 

Cabine do condutor de um ônibus compacto Foto: Transcaribe

BRT de Cartagena
O Transcaribe é um sistema de corredores de ônibus cujo projeto foi iniciado em 2004 para melhorar o transporte de passageiros na cidade. Resultado de um parceria público-privada, o BRT de Cartagena conta hoje (2018) com pouco mais de 15 km de canaletas que conectam os principais pontos de atração da cidade. O Transcaribe funciona com cerca de 150 ônibus modernos, dotados de ar-condicionado, parte deles articulados, todos alimentados com gás natural. Os coletivos são abastecidos no terminal de transbordo Portal das Américas, em uma instalação da empresa colombiana Gazel. Com essa alternativa de motorização, a prefeitura busca reduzir o impacto ambiental no ar e no ruído urbano: de fato, os ônibus são menos ruidosos.

Pátio de abastecimento no Portal de Américas: gás natural Foto: Mobilize Brasil

Além dos corredores troncais, a rede Transcaribe incorpora linhas alimentadoras e auxiliares, de forma a cobrir toda a área urbanizada de Cartagena. As passagens custam 2.300 pesos colombianos (cerca de R$ 2,61), pagos por meio de cartões dotados de chips que acionam as catracas das plataformas de embarque ou dos próprios veículos, quando circulam fora das canaletas. O valor é alto para a população local, que prefere circular com os microônibus ou "busetas", com tarifas entre 1.600 a 1.800 colombianos, cerca de 1,80 a 2 reais. Isso apesar dos calor e dos congestionamentos diários. Especialistas locais acreditam que o problema tarifário poderá inviabilizar toda a expansão do sistema. Vamos acompanhar.

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