Enchentes, urbanização e mobilidade: ouça o Boletim Mobilize #109

Na edição de hoje (17) de seu boletim na Rádio Trânsito, Ricky Ribeiro discute as enchentes e sua relação com o modelo de urbanização adotado nas cidades do país

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Fonte: Mobilize Brasil  |  Autor: Ricky Ribeiro/Mobilize Brasil  |  Postado em: 17 de fevereiro de 2020

Marginal do Tietê, em São Paulo, na segunda-feira

Marginal do Tietê, em São Paulo, na segunda-feira, 10/2

créditos: Foto: Roberto Casimiro/Fotoarena

Na semana passada, os rios de São Paulo cobraram uma dívida antiga da cidade em sua relação com as águas urbanas. Elas ocuparam suas várzeas, alagaram as avenidas construídas em fundos de vale e paralisaram toda a região metropolitana. 

 

Há dez anos, em março de 2010, o governo do Estado de São Paulo entregava as obras de ampliação das avenidas Marginais de São Paulo, uma grande intervenção nas pistas que seguem os rios Tietê e Pinheiros, com cerca de 15 km e custo de 1,75 bilhão de reais. A meta era melhorar o fluxo do trânsito e acabar com os congestionamentos.

 

Antes, entre 1995 e 2005, os dois rios haviam sofrido obras de "aprofundamento de suas calhas", conforme o jargão técnico do Departamento (estadual) de Águas e Energia Elétrica (DAEE), com investimento de 826 milhões de reais. A previsão dos técnicos era de que as obras evitariam enchentes por mais 100 anos. 

 

As cheias teimaram em voltar em pouco mais de cinco anos e levaram o governo a cogitar um novo aprofundamento das tais calhas. Quanto ao trânsito, bastou um ano para as Marginais voltarem a congestionar. Talvez o cenário fosse diferente se a proposta elaborada em 1925 pelo engenheiro Saturnino de Brito fosse realizada: um grande parque ao longo de toda a várzea do rio Tietê. 



Na edição de hoje do Boletim Mobilize, Ricky Ribeiro levou à Rádio Trânsito um breve comentário sobre o problema e sua relação com a mobilidade urbana.

 

Ouça o Boletim Mobilize 

 

Se preferir, leia o texto:

"Olá. As enchentes da semana passada em São Paulo nos fazem refletir sobre como a forma de urbanização da cidade ao longo dos anos contribui para o caos que acontece a cada chuvarada. Apesar de São Paulo ter sido fundada na confluência de dois rios, o Tamanduateí e o Anhangabaú, com o tempo esses corpos d’água deixaram de ser valorizados e passaram a ser vistos pelos governantes como obstáculos ao crescimento urbano. Rios foram enterrados, canalizados, achatados e retificados. E suas várzeas, que são parte dos leitos, viraram loteamentos e avenidas. Em épocas de grandes chuvas, seguindo a natureza, os rios voltam a ocupar essas áreas, agora tomadas por casas, prédios e avenidas. Para piorar, existe a falta de educação de parte da população, que joga lixo e entulho nas ruas, além do excesso de concreto e asfalto na cidade, o que acaba acelerando a velocidade das águas e dos detritos que ela carrega. As enchentes se devem principalmente a uma série de decisões políticas e modelos ultrapassados de planejamento urbano de São Paulo.Em vez de ampliar as Marginais, como foi feito há dez anos, talvez o caminho correto fosse a eliminação gradativa das pistas que ocupam as várzeas. Teríamos um belo parque linear, como previa o projeto do engenheiro Saturnino de Brito, cem anos atrás. Felizmente, as cidades são obras inacabadas, que sempre podem ser corrigidas e melhoradas. Eu sou Ricky Ribeiro e este é o Boletim Mobilize. Saiba mais em www.mobilize.org.br"


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