Pandemia fez avançar ciclorrotas em Vitória

Para sair da crise do coronavírus, a capital capixaba põe em prática a expansão da malha cicloviária. O ciclista - agora assessor - Fernando Braga explica

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Fonte: Mobilize Brasil  |  Autor: Marcos de Sousa/ Mobilize Brasil  |  Postado em: 05 de junho de 2020

Trabalhador instala placa de sinalização em ciclor

Trabalhador instala placa de sinalização para ciclorrota

créditos: Thiago Barcellos de Souza/Setran Vitória


No final de maio, recebemos uma série de imagens das novas obras de ciclovias e ciclorrotas que estão sendo implantadas em Vitória (ES) como parte da estratégia da prefeitura local para sair da quarentena pela Covid-19. As informações foram enviadas por Fernando Braga, um professor de educação física e cicloativista que atua há vários anos para a melhoria das condições de circulação de bicicletas, primeiro no Rio de Janeiro, e nas últimas décadas na capital capixaba.


Hoje como assessor da Secretaria Municipal de Transportes, Trânsito e Infraestrutura Urbana (Setran), Braga explica que a pandemia do coronavírus acelerou a decisão do prefeito Luciano Rezende (PPS) em iniciar a implantação das pistas para bicicletas.


"Fui para a Setran a convite do prefeito, mas notei que havia muita resistência, porque a cultura dos técnicos da prefeitura ainda é muito ligada ao automóvel. Agora, com a crise da Covid 19, não teve jeito...o prefeito deu o sinal verde e nós começamos com esses treze trechos, que totalizam dez quilômetros. E agora vamos seguir com a implantação dessas ciclorrotas, que não exigem obra física, permitem rápida execução e têm um custo mais baixo", disse Braga.
 


Plano de implantação de ciclovias em Vitória (2020)  (Clique e amplie) Imagem: Setran/Vitória


Antes dessa etapa a prefeitura havia concluído uma nova ciclovia, realizada no canteiro central da Avenida Vitória, uma via na área sul da cidade. "Anteriormente tinhamos outra ciclovia na ilha central, mas gradeada, sem passagem para a travessia dos pedestres. Essa nova obra foi feita com muito cuidado, preservando arborizaçãoe com piso de concreto, para maior durabilidade", justificou Fernando Braga.

 

 
Fernando Braga: apoio à Setran
Nova ciclovia na av. Vitória, área sul da capital. Foto: Edson Chagas    



O representante da Setran entende que a bicicleta pode ser uma ferramenta importante para "permitir que as pessoas possam se deslocar pela cidade sem usar o transporte público e sem fugir para o carro privado".  Ele reconhece que as infraestruturas para a bicicleta ainda estavam muito limitadas às "áreas mais nobres" da cidade, especialmente nas faixas turísticas e lembrou que o prefeito tem sido muito criticado por isso, mas explicou que a gestão municipal tem a meta de desenvolver a bicicleta como instrumento de mobilidade urbana e que as obras atuais já estão chegando às vias de bairros onde está a população mais pobre, de trabalhadores.

 

O desafio das pontes
Vitória tem um grande potencial para ser uma cidade ciclável e caminhável. Localizada em uma ilha, premida entre as montanhas e o mar, a cidade se desenvolveu nas áreas mais planas de seu território, com cerca de 100 quilômetros quadrados, dos quais 40% são ocupados por montanhas e afloramentos graníticos. Na prática, a cidade ocupa apenas 60 quilômetros quadrados. Para comparação, o município de São Paulo tem mais de 1.500 km2.


No entanto, a vida social e econômica de Vitória depende muito das pontes que a ligam ao continente e aos municípios vizinhos, de Vila Velha, Cariacica e Serra. Pontes rodoviárias, com poucas ou nenhuma opção para pedestres e ciclistas. Para cruzá-las, a maioria delas, é necessário estar em um carro, moto ou em transporte público. A solução encontrada pelo governo estadual foi a criação de uma linha de ônibus exclusiva para o transporte de ciclistas e suas bicicletas.

 


Ponte Florentino Avidos: uma saída para ciclistas Foto: Reprodução Google


Segundo as autoridades, as pontes mais elevadas, e que cruzam trechos os canais mais largos, junto ao mar, são perigosas para ciclistas e pedestres. Assim, para sair de Vitória e chega a Vila Velha, os bicicleteiros têm duas opções: tomar o ônibus, ou realizar uma grande volta até o Centro da cidade para acessar a Ponte Florentino Avidos, uma estrutura mais antiga, dotada de calçadas laterais, usadas por ciclistas e pedestres. Não por acaso, os cicloativistas capixabas lutam há muito tempo para a construção de faixas cicláveis em todas as pontes.

 

Veja mais fotos:

 

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