"A bicicleta pode mudar as cidades", diz Ana Carboni, da UCB

Presidenta da União dos Ciclistas do Brasil, ela fala sobre o papel que a bike pode desempenhar agora e depois da pandemia

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Fonte: Mobilize Brasil  |  Autor: Marcos de Sousa/Mobilize Brasil  |  Postado em: 29 de maio de 2020

Ana Carboni, presidenta da União dos Ciclistas do

Ana Carboni, presidenta da União dos Ciclistas do Brasil

créditos: Arquivo pessoal


Caminhar e pedalar está sendo a solução de transporte mais adequada para as cidades durante a pandemia do coronavírus. De Londres a Bogotá, de Nova York a Wellington, na Nova Zelândia, cidades ao redor do mundo estão ampliando espaços para o uso da bike durante esta crise mundial de saúde. Na China, primeiro país a sofrer os efeitos da Covid-19, houve um crescimento expressivo de bicicletas nas ruas, especialmente as bikes públicas compartilhadas. Agora, quando algumas cidades do Brasil começam a planejar formas de sair da quarentena, uma nota pública preparada pela União dos Ciclistas do Brasil (UCB) sugere providências aos governantes para estímular o ciclismo urbano no país. Para entender essa iniciativa, entrevistamos Ana Carboni, presidenta da UCB e ativista da Rede BikeAnjo em Niteroi (RJ), onde ela nasceu, vive e trabalha.  

 

O que é essa nota pública e por que divulgá-la agora?
Nós estamos fazendo um trabalho de difusão, na verdade um trabalho de reforço da divulgação da bicicleta. Isso porque acreditamos que o uso da bike como forma de transporte urbano é uma grande solução para este momento crítico. Desde março temos feito a divulgação - em nosso site - de informações sobre como utilizar a bicicleta de forma segura durante a pandemia, porque ela permite que as pessoas mantenham a distância mínima e evitem a propagação do vírus. Sabemos que este não é um momento de estimular grupos de pedal, mas entendemos que a bike é uma alternativa ao transporte público em boa parte dos deslocamentos, e traz benefícios à saúde de quem pedala. Quem usa a bicicleta, naturalmente está fazendo um ótimo exercício físico. Por isso criamos a "Nota Pública: Bicicleta no Pós-Coronavírus".

 

Você poderia resumir o que é essa nota?
O documento contém uma série de recomendações ao governantes sobre as vantagens de desenvolver políticas públicas para a bicicleta.  Nós já encaminhamos o texto para o governo federal porque este momento de crise, com menos carros nas ruas, mostrou que as cidades ficaram menos poluídas e que muita gente adotou a bicicleta em seu cotidiano. Achamos que é um momento de oportunidade para mudar. Por isso lançamos também a campanha Bicicleta para Futuros Possíveis, que propõe o uso da bicicleta para aquelas pessoas que obrigatoriamente precisam sair de casa. E sugerimos que os governos adotem medidas para garantir maior segurança e conforto ao ciclistas.

 

Cidades de várias partes do mundo, começando por Bogota, passando por dezenas de cidades nos Estados Unidos e, especialmente metrópoles europeias, como Londres, Paris, Milão e outras estão abrindo espaço em suas ruas aos pedestres e ciclistas. E há exemplos mais avançados, como o da Itália, que até criou um programa para ajudar a compra de bicicletas...
A Nota Pública contém uma lista de recomendações aos governos. Apresentamos propostas de estímulo também ao desenvolvimento de um novo nicho da economia, baseado na bicicleta, e que poderá gerar novos negócios, empregos e renda. O Brasil tem uma boa produção de bicicletas (é o 3º produtor mundial), o número de bicicletas no país é superior ao de carros e motos, mas a proporção de pessoas que usam a bike no dia a dia ainda é baixo. Sabemos que o grande limitador é a falta de infraestrutura. Se você faz as ciclovias, os ciclistas aparecem. É assim no mundo inteiro. Mas mesmo, com essa limitação, as últimas contagens mostram que o uso da bicicleta cresceu durante a pandemia. A bicicleta pode mudar as cidades e torná-las mais humanizadas. Precisamos falar sobre isso, colocar essa mensagem para o grande público. 

 

Quais são os resultados esperados com a nota pública e a campanha?
Já estamos trabalhando nos bastidores e sabemos que algumas cidades já estão fazendo essa articulação para criar ciclovias e ciclofaixas temporárias. Não posso falar ainda quais são, mas a meta é que nos consigamos aumentar também o número de ciclovias permanentes. Há várias articulações acontecendo no Brasil e eu espero que em breve nós tenhamos boas notícias para as pessoas que já usam ou desejam usar mais a bicicleta.


Quer ler ou apoiar? 
A "Nota Pública: Bicicleta no Pós-Coronavírus" ainda está aberta para mais apoios. Para conhecer e assinar acesse o site da UCB.




 

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