Veículos elétricos x Veículos a combustão

Cadeia produtiva do automóvel procura mostrar as vantagens (reais) dos elétricos. Mas a prioridade deveria ser dada ao transporte público, que é muito mais eficiente

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Fonte: Mobilize Brasil/UCorp  |  Autor: Marcos de Sousa/Mobilize Brasil  |  Postado em: 14 de julho de 2021

Pequenos carros elétricos estocados em uma área op

Carros elétricos estocados em Liuzhou, China

créditos: Aly Song/Reuters


A UCorp divulgou hoje (14) um infográfico no qual compara o desempenho de veículos elétricos a bateria com os atuais veículos movidos pela queima de combustíveis. Segundo o texto divulgado, a comparação considerou a eficiência dos veículos, os gastos de operação e de manutenção e as emissões de dióxido de carbono (CO2), que no caso dos carros elétricos são mínimas, e distribuídas pelas 400 usinas termoelétricas em operação no Brasil. Um automóvel a combustão chega a produzir 3.000 kg de CO2 a cada 20.000 km rodados, enquanto em um carro elétrico essas emissões equivalentes são menores do que 70 kg.


Um ponto óbvio destacado no texto é a inexistência da emissão de gases de efeito estufa e poluentes pelos motores elétricos. Um veículo a gasolina, por exemplo, emite em média 150 gramas de CO2 por quilômetro rodado. Outros gases como o monóxido de carbono (CO), óxidos de nitrogênio (NOx), hidrocarbonetos (HC), dióxido de enxofre (SO2) e material particulado (MP) também são emitidos, contribuindo para a poluição da atmosfera e as doenças daí decorrentes.

 

 

O gráfico da UCorp também mostra que um veículo a combustão chega a ter 2.400 peças, enquanto um carro elétrico tem cerca de 250 componentes, o que reduz significativamente os desgastes e a necessidade de manutenção. A manutenção periódica de um automóvel a combustão custa cerca de R$ 800,00, contra R$ 250,00 em um similar elétrico.


O documento também destaca a economia com a troca do combustível pela eletricidade. De acordo com o levantamento da startup, para reabastecer o tanque de um automóvel gasta-se por volta de R$ 275,00, enquanto uma carga completa em um veículo elétrico custa R$ 22,44.


De fato, segundo os especialistas em eficiência energética, os veículos elétricos são muito mais eficientes do que os que os movidos pela combustão. Estes, no máximo, levam 40% da energia contida nos combustíveis até as rodas. Os elétricos conseguem desempenhos acima de 90%. Mesmo assim, ambos ainda estão longe do rendimento de uma pessoa pedalando uma bicicleta, ou simplesmente caminhando. Explicamos: carros levam um peso morto acima de 800 kg, enquanto uma bicicleta não pesa mais do que 20 kg.

 


O dilema das baterias
O infográfico da UCorp não traz nenhum dado sobre o impacto ambiental da produção e descarte das baterias elétricas, que ainda é o item mais sensível no ciclo de vida dos veículos elétricos. Esse componente custa caro, gera grandes danos ambientais em sua produção e ainda não tem uma destinação adequada após a "morte" das células que armazenam energia. Até o momento, a resposta tem sido a adaptação das baterias velhas para usos alternativos, além de algumas iniciativas de pequenas empresas na Europa e Estados Unidos que estão trabalhando para reciclar as baterias usadas.


A indústria automobilística acena com a possibilidade da troca dos "veículos fósseis" pelos elétricos como uma solução ambientalmente mais amigável e segundo dados da Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE), o Brasil registrou alta de 29,4% nas vendas de veículos elétricos no primeiro quadrimestre deste ano, em relação ao mesmo período de 2020. No período de janeiro a abril de 2021 foram emplacados cerca de 7.300 veículos eletrificados, a maioria (94%) ainda com motorização híbrida. Nesse período, foram registrados somente 428 veículos 100% elétricos, incluindo caminhões, ônibus e automóveis.

 

A principal barreira para o acesso aos elétricos é o preço elevado desses veículos, mas esse panorama poderá mudar com o lançamento no Brasil de modelos mais econômicos, como o E10X, que chegará ao país em outubro de 2021: um carro pequeno produzido pela Si Hao, da joint venture Volkswagen-JAC, com um motor elétrico de 45 kW (61 cv) e uma bateria LiFePO4  de 30 kWh livre de cobalto. Graças à produção local e ao uso dessa bateria com menor custo de produção o preço poderia ficar em um patamar equivalente de R$ 39.500 a R$ 63.200 em uma conversão direta.


Congestionamentos elétricos
Poderia ser uma boa notícia se os carros elétricos ocupassem menos espaço do que os carros a combustão, mas a julgar pelo marketing do carro elétrico pessoal adotado pela indústria automobilística, o cenário futuro parece apontar grandes congestionamentos nas cidades brasileiras com milhões de automóveis híbridos, elétricos e também os velhos e desgastados carros a combustão, que - se não houver uma política de estímulo à eletrificação - tendem a perder valor e serem adotados pelos segmentos de renda mais baixa.

 


Considerando as orientações da Política Nacional de Mobilidade Urbana, um caminho mais virtuoso passa prioritariamente pelo estímulo à substituição dos motores de ônibus, caminhões e trens, hoje movidos a diesel, por veículos elétricos modernos, dotados de recursos capazes de atrair os atuais usuários de carros particulares.


Em outras palavras, sim, os veículos elétricos são um avanço, prinicipalmente se forem operados com a lógica do compartilhamento. Mas, atenção: a transição elétrica precisa e deve começar pelo sofrido transporte público.


Em tempo: a UCorp é uma startup que desenvolve soluções para gestão e eletrificação de frotas e de compartilhamento de veículos com vistas a reduzir custos no transporte de pessoas e cargas.

 

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