Em editorial, Folha de S.Paulo defende restrição a carros

Pedágio urbano, investimento em metrô, trens, ônibus e ciclovias são algumas das opções sugeridas em editorial

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Fonte: Folha de S.Paulo  |  Autor: Mobilize Brasil  |  Postado em: 03 de junho de 2022

Espaço ocupado por pessoas em carros, ônibus e bic

Espaço ocupado por pessoas em carros, ônibus e bicicletas

créditos: Julio Ottoboni/Envolverde


Um dos principais jornais brasileiros, a Folha de S. Paulo defendeu claramente em seu editorial desta quarta-feira (1º de junho) a adoção de restrições à circulação de carros particulares nas cidades brasileiras como solução necessária para melhorar as condições de mobilidade, especialmente nas capitais que foram alvo da pesquisa realizada pela publicação e pelo Lab99. No mesmo texto, o jornal defende investimentos prioritários em trens, metrôs e corredores de ônibus - transporte público - e o estímulo à mobilidade ativa: a pé e por bicicleta, com a ampliação das redes cicloviárias nas cidades.


O trabalho do Lab99 aborda, com metodologia da USP São Carlos, as mesmas cidades que são alvo do Estudo Mobilize 2022, em fase de conclusão. E tal como anota o editorial, poucas capitais brasileiras atendem aos requisitos mínimos para aquilo que está previsto na Política Nacional de Mobilidade Urbana, legislação de 2012 que tem sido ignorada pela maioria dos governantes do país. Leia o editorial:


"Mais que o trânsito

Índice aponta condição da mobilidade urbana; pedágio urbano é opção a considerar

Apesar de avanços recentes, as capitais brasileiras padecem ainda, em maior ou menor grau, de graves problemas relacionados à mobilidade urbana. Vias entupidas e um transporte público precário são apenas alguns dos transtornos enfrentados diariamente por dezenas de milhões de cidadãos.


Uma análise criteriosa dessa realidade, contudo, pode revelar detalhes que, embora não invalidem o diagnóstico geral, permitem uma avaliação mais precisa e, principalmente, comparativa das dificuldades e dos progressos obtidos pelas maiores cidades do país.


É o que propõe o recém-lançado Índice Folha de Mobilidade Urbana. Calculado com base em 13 critérios —entre eles conectividade da rede viária, malha de ciclovias, números de acidentes e emissões de dióxido de carbono—, o indicador busca aferir aspectos relacionados à qualidade do trânsito e em que medida eles atendem aos imperativos da sustentabilidade.


Trata-se uma versão resumida do Índice de Mobilidade Urbana Sustentável, que utiliza 87 indicadores e origina-se de uma tese de doutorado apresentada na Escola de Engenharia de São Carlos, da USP.


A ferramenta classifica cada cidade num nível crescente de qualidade, dentro de uma escala variando de 0 a 1 —e os resultados mostram que as grandes cidades ainda têm muito chão a percorrer para uma mobilidade sustentável.


Com 0,543, número apenas pouco acima do valor intermediário, Fortaleza foi a mais bem colocada dentre as capitais. O pelotão superior inclui somente outras três cidades: Aracaju, São Paulo e Curitiba. Na ponta de baixo aparecem Palmas, São Luís e Porto Velho.


A restrição à circulação de veículos particulares constitui uma das providências que, no entender desta Folha, mais podem contribuir para a melhoria da mobilidade nas maiores metrópoles.


Deve-se considerar, nesse sentido, a implementação do pedágio urbano em zonas centrais —que, além de aliviar o trânsito e reduzir a poluição, pode gerar recursos para investir no transporte público.


Somadas a isso, a expansão de ciclovias, linhas de trem e metrô e faixas de ônibus, bem como a redução de velocidade nas vias urbanas, constituem o rol básico de soluções que todas as capitais deveriam perseguir para tornar o deslocamento de seus moradores mais eficiente, seguro e limpo."


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