Porto Alegre trocou 12 diesel por elétricos: experiência parece positiva

Capital gaúcha divulga balanço do primeiro ano de operação de sua ainda pequena frota eletrificada

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Fonte: Prefeitura de Porto Alegre  |  Autor: Marcos de Sousa / Mobilize Brasil  |  Postado em: 22 de agosto de 2025

Usuários embarcam em ônibus elétrico

Usuários embarcam em um ônibus elétrico

créditos: Pref. de Porto Alegre

Porto Alegre tem apenas doze ônibus elétricos em circulação na cidade. Explica-se: os novos veículos chegaram há somente um ano e ainda fazem parte de uma experiência.


Mesmo assim, o primeiro balanço divulgado hoje (22) pela Prefeitura da capital mostra ganhos expressivos na operação. Em doze meses, os doze elétricos transportaram 1.240.375 passageiros, em 71.819 viagens que percorreram 656.982 km. E a iniciativa, conforme a gestão municipal, gerou uma economia de combustível de aproximadamente 1 milhão de reais, apenas na operação dos veículos. 

 

Na nota divulgada, o secretário de Mobilidade Urbana, Adão de Castro Júnior, lembrou ainda os ganhos com a descarbonização do transporte público, já que nesse período, "a substituição do diesel evitou a emissão de 874 toneladas de gases poluentes, equivalentes à queima de 263.276 litros de diesel". Ainda conforme o texto da Prefeitura, entre agosto de 2024 e agosto de 2025, as três unidades de recarga rápida abasteceram os veículos com 811.520 kWh, com consumo médio de 1,25 kWh por quilômetro rodado.

 

A economia divulgada pela Prefetura é coerente: pelos cálculos da gestão, os quase 657 mi km percorridos consumiram 821 mil kWh de energia. Com custos operacional e de manutenção mais baixos a longo prazo, os veículos elétricos têm um ciclo de vida mais sustentável em relação aos ônibus a diesel. Em um cálculo rápido e considerando o custo médio do diesel (R$ 6,06) da eletricidade (R$ 0,67404) em Porto Alegre, os gastos com combustível fóssil alcançariam R$ 1.595.452, enquanto o consumo de eletricidade pelos doze veículos totaliza um valor de R$ 553 mil, uma diferença de pouco mais de um milhão de reais.


Uma explicação para essa economia envolve a eficiência dos ônibus, bondes, barcos e demais carros elétricos. Enquanto os veículos a combustão levam menos de 50% da energia dos combustíveis às rodas, nos elétricos, essa taxa é sempre maior do que 90%. Outra característica positiva é o sistema de freio regenerativo, tecnologia comum em veículos elétricos e híbridos. Esse sistema permite recuperar parte da energia cinética gerada durante as frenagens, convertendo-a em eletricidade que é reaproveitada e armazenada na bateria do veículo.

 

Interior de um dos ônibus elétricos: piso baixo apenas na parte dianteira Foto: PMPA

 

Experiência do usuário

Conforto: os ônibus elétricos são silenciosos, oferecem ar-condicionado, wi-fi gratuito e permitem a recarga de celulares a bordo. Mas, mas esses serviços já são oferecidos há alguns anos em boa parte dos ônibus diesel, em várias capitais brasileiras.


Dinâmica: os elétricos, no entanto, respondem mais rapidamente aos comandos de aceleração, o que podeser uma vantagem, mas também gerar transtornos para passageiros mais idosos, mães com crianças ou pessoas que estejam portando compras nas mãos. Portanto, o conforto do usuário depende muito mais da habilidade do condutor.


Acessibilidade: outro ponto questionável é a manutenção do piso alto na traseira dos coletivos. A solução reitera o padrão já adotado nos ônibus a diesel, ou seja, embora ofereça um embarque pelo piso baixo, com mais acessibilidade, obriga a maioria dos passageiros a passar a catraca e subir e plataforma com o coletivo em movimento e a desembarcar pela traseira, descendo uma escadaria nem sempre de maneira confortável e segura.


Fica a pergunta para Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Paulo, Florianópolis, Vitória, Salvador e todas as cidades: por que não aproveitar o alto investimento na mudança de diesel para elétrico e adotar um piso baixo universal, além de abolir a anacrônica catraca?


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