Prefeitura de Florianópolis vai propor ciclovia na Lagoa da Conceição

Medida de implantar ciclovia ao longo da Avenida das Rendeiras veio do MP e é apoiada por ativista da Amobici:"Estacionar carros é o pior uso do espaço público", diz

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Fonte: ND Online/ Mobilize (edição)  |  Autor: Fabio Gadotti  |  Postado em: 17 de dezembro de 2018

Ciclovia na Lagoa da Conceição: será que agora vai

Ciclovia na Lagoa da Conceição: será que agora vai?

créditos: Caminhos do Sertão

No começo de dezembro, o Ministério Público de Santa Catarina enviou recomendação à Prefeitura de Florianópolis para que esta promova a substituição de toda a área de estacionamentos na Avenida das Rendeiras, no entorno da Lagoa da Conceição, por uma ciclovia.

 

Segundo a Prefeitura, os estudos para a ciclovia, a cargo do IPUF (Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis), estão em fase de ajustes pontuais e deverão ser anunciados oficialmente pelo prefeito Gean Loureiro (MDB) na semana que vem. 

 

O MP justifica a medida como a melhor solução, "diante do grave problema de mobilidade no local", e afirma que a retirada dos carros parados possibilitará maior fluidez ao tráfego, "beneficiando a toda a comunidade da Lagoa, Barra da Lagoa e até mesmo do Rio Vermelho", diz a nota do órgão.

 

A medida é comemorada pelos ciclistas, como o integrante da Amobici (Associação Mobilidade por Bicicleta e Modos Sustentáveis), Fabiano Faga Pacheco. Para ele, a proposta de ciclovia vai valorizar o espaço público e trazer benefícios “a turistas, moradores e comerciantes”.  Confira a entrevista: 

 

O que acha da proposta de proibir estacionamento de veículos na Avenida das Rendeiras com a implantação de uma ciclovia no local?
Vejo como um processo natural, que vem ocorrendo no mundo todo. É parte da valorização do espaço público. Então esse espaço, que é de todos, deve ser usado para servir da melhor forma ao coletivo. E o estacionamento é, francamente, uma das piores formas de se usar o espaço público. Ele prejudica a visualização da paisagem, ocupa uma área descomunalmente grande, impede o usufruto para outras atividades.

 

O carro emite poluentes e é caro para o dono, como também para o gestor, que tem que lidar com ônus coletivo da manutenção e conserto das vias e os traumas de trânsito. Assim, é normal que, numa orla visualmente valorizada como a da Lagoa da Conceição, seja proibido o estacionamento. Todos vão ganhar: o turista, o morador, e o comerciante, que vai ter acesso a um público maior, que não está no carro e vai ter a calma de observar os serviços ali disponíveis.

 

Sob o ponto de vista da eficiência da malha cicloviária de Florianópolis, como considera essa ideia?
Desde o final dos anos 1990 há projetos conceituais do IPUF para implantação de ciclovia na Lagoa da Conceição. No mesmo ano, inclusive, tivemos uma pedalada solicitando isso. Depois, teve o Movimento 'Ciclovia na Lagoa Já', que movimentou muitas pessoas durante vários anos. Hoje, o próprio Plamus [Plano de Mobilidade Urbana Sustentável da Grande Florianópolis] prevê a ciclovia na Lagoa. Quando se considera um projeto global, que leve em conta os deslocamentos das pessoas, a gente se dá conta que é inevitável que uma ciclovia seja instalada nas Rendeiras... Enfim, além dos aspectos evidentes de mobilidade urbana, a ciclovia vai requalificar enormemente a paisagem, a um custo ínfimo.

 

Como está a malha cicloviária de Florianópolis?
Há 10, 15 anos, a cidade estava na vanguarda do que se tinha de melhor em malha cicloviária no país. Nesse ínterim, se avançou pouco nessa expansão. Com raras exceções, muitas das ciclovias construídas já não tinham a mesma qualidade das anteriores. Pouco se fez, e se fez mal. Faltou planejamento global, justamente o que está sendo resgatado agora nesta decisão sobre as Rendeiras. Houve também uma fuga de cérebros: pessoas que estudaram cases de Floripa hoje projetam ciclovias em várias cidades de Santa Catarina e do Brasil. Hoje temos um déficit gigantesco de estruturas cicloviárias aqui. Comunidades tão díspares quanto a da Bacia do Itacorubi, a da Caieira da Barra do Sul, Rio Vermelho, Carianos e diversos bairros do Continente clamam por ciclovias como uma forma de amenizar seus problemas de mobilidade urbana e fornecer a uma parcela da população - na qual estão incluídas crianças, idosos e pessoas com mobilidade reduzida - uma alternativa segura de deslocamento. 

 

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