Porto Alegre construiu apenas 2,6 km de ciclovias em 2018

Menos de 10% da malha cicloviária prevista pela Prefeitura foi construída. Nesse ritmo, faltarão 172 anos para concluir a extensão toda prevista no Plano Cicloviário

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Fonte: Jornal do Comércio  |  Autor: Igor Natusch  |  Postado em: 28 de março de 2019

Ciclovia da Ipiranga, entre as obras não concluída

Ciclovia da Ipiranga, entre as obras não concluídas de POA

créditos: Cristine Rochol/PMPA

Em vigor desde 2009, o Plano Diretor Cicloviário Integrado de Porto Alegre (PDCI) não está nem perto de ser concretizado. De acordo com a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), foram realizados 2,6 km de obras para novas ciclovias em Porto Alegre em 2018. 

 

Com o acréscimo, foram oficialmente concluídos cerca de 48 km do total de 495 km previstos no PDCI, pouco menos de 10% da malha. Se o ritmo atingido pela prefeitura no ano passado for mantido, serão necessários mais 172 anos para concluir a extensão prevista no documento. Ou seja, os ciclistas só poderiam aproveitar as ciclovias em sua plenitude no ano de 2191.

 

Do total de pistas para bicicleta que viraram realidade no ano passado, cerca de 1 km está na ciclovia da Ipiranga, referente ao trecho que vai da Silva Só até a Lucas de Oliveira. Outro pedaço da via, que irá até a João Guimarães, não foi entregue dentro do prazo previsto, em dezembro do ano passado.

 

Além desse trecho, entram nos cálculos da EPTC a pista para ciclistas na avenida Goethe (650 m), a avenida Joaquim Pôrto Villanova, no Jardim do Salso (400 m), e a rua Nestor Ludwig, no bairro Praia de Belas (600 m).

 

Para este ano, o órgão mantém projeções modestas. A prioridade segue a mesma: concluir a pista para ciclistas da Ipiranga, que era para ser a menina dos olhos do PDCI quando foi iniciada, em 2011. A expectativa inicial de entrega, para o final do ano seguinte, ficou para trás há mais de seis anos. Após a conclusão do trecho até a Santa Cecília, ainda ficará faltando o trajeto na outra ponta da Lucas de Oliveira, chegando à Terceira Perimetral pela Tarso Dutra, com 1,7 km de extensão. 

 

Enquanto isso, danos aos guarda-corpos e desgaste na pista são perceptíveis em boa parte da extensão já construída, que soma 7,7 km do total de 9,4 km previstos. Como a realização das obras depende de contrapartidas, que ainda não estão acordadas, a EPTC não dá mais prazos para a conclusão da obra.

 

Construir ou só manter?

Além das obras pendentes na Ipiranga, a prefeitura tem como principal enfoque a consolidação e a manutenção da chamada Rede 1 - que engloba os bairros Centro, Cidade Baixa, Bom Fim e Menino Deus - além da ligação dos trechos já existentes.

 

Essa estratégia é questionada pelo cicloativista Pablo Weiss, da Associação dos Ciclistas de Porto Alegre. Segundo ele, o conselho gestor criado para cuidar do PDCI tem deliberado por priorizar a conclusão de obras inacabadas, além de identificar uma ampla demanda nas áreas mais periféricas da cidade.

 

"A população não vai usar uma malha totalmente fragmentada, com ciclovias que levam do nada a lugar algum", critica. Ao fazer obras "pingadas", a prefeitura, na visão de Weiss, acaba não atendendo nenhuma demanda adequadamente. "Porto Alegre teve a primeira legislação determinando a construção de ciclovias e dando origem para os recursos. Serviu de exemplo para outras cidades, que, hoje, têm uma malha muito maior que a nossa", lamenta.

 

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