Ciclovias precisam ser integradas ao transporte público

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Fonte: Mobilize Brasil  |  Autor: Marcos de Sousa  |  Postado em: 17 de fevereiro de 2017

Ciclista pedala ao lado de parada do VLT da Baixad

Ciclista pedala ao lado de parada do VLT da Baixada Santista

créditos: Divulgação EMTU

Na semana passada publicamos a atualização de um gráfico que mostra a extensão de ciclovias e ciclofaixas em 19 das 27 capitais brasileiras. No total, entre 2015 e 2017, a infraestrutura cicloviária cresceu quase 460 km nessas cidades. Os dados foram obtidos - em alguns casos arrancados - de prefeituras, departamentos e empresas públicas que cuidam da mobilidade urbana.  

 

Após a publicação recebemos mensagens, várias delas com questionamentos sobre a precisão dos dados divulgados e sobre a ausência de cidades como Joinville, em Santa Catarina, ou Sorocaba (SP), que hoje conta com 115 km de ciclovias, escreveu um orgulhoso sorocabano. Outros registraram críticas sobre a qualidade e falta de manutenção dos sistemas cicloviários, como em Rio Branco (AC), Recife (PE), Brasília (DF), ou sobre os números em si, que em alguns casos parecem inconsistentes.  

 

Explicamos: nossa equipe buscou atualizar as informações das capitais que constavam do levantamento de 2015. Os dados  vieram de fontes oficiais, depois de várias e insistentes consultas. Recebidos os dados, decidimos restringir a totalização apenas a ciclovias e ciclofaixas permanentes. Foi um critério. Depois de tudo publicado, no decorrer desta semana, recebemos mais algumas informações e complementações, que nos permitiram gerar um novo gráfico, mais atualizado.
 

Ciclovias e ciclofaixas estão sendo construídas ou melhoradas em todo o país, o que parece ser positivo para a difusão da mobilidade ativa. Pode ser simplesmente mais um modismo, como eram no passado as fontes luminosas, mas indicam um caminho de reconquista do território urbano para as pessoas, de todas as idades.  

  

Prefeitos, secretários e demais gestores começam a compreender que a bicicleta e a caminhada são duas poderosas alavancas de mudança urbana, porque retiram carros das ruas, aproximam as pessoas e melhoram a saúde das cidades.


Ciclistas se tornam pedestres em um passe de mágica - basta desmontar da bike - e pedestres viram ciclistas assim que pegam uma bicicleta pública. A longo prazo, a prática dessa mobilidade ativa pode influir no comércio, na oferta de empregos, na escolha de locais para moradia e trabalho, de forma a reverter a expansão das manchas urbanas e apontar um futuro de cidades mais compactas.  

 

No entanto, o estímulo ao novo pedestre/ciclista pede necessariamente uma integração perfeita entre rotas de caminhada, ciclovias, estações de bike-sharing e os grandes sistemas de transporte urbano, como os metrôs, trens urbanos, BRTs, barcas e terminais de transportes.  

 

Um exemplo brasileiro recente é o VLT da Baixada Santista (SP), uma linha de metrô leve entre as cidades de Santos e São Vicente. Implantado sobre a faixa ferroviária da antiga Sorocabana, o novo sistema tem hoje 11,7 km acompanhados por calçadas largas e uma ótima ciclovia em todo o trajeto. Falta ainda melhorar a sinalização de orientação a pedestres/ciclistas e, sobretudo, instalar bicicletários em todas as paradas, de forma a permitir a guarda segura das bicicletas, mas o sucesso da obra já atrai olhares cobiçosos de outras cidades da região.  

 

A propósito, um alerta: cresce em todo o país o número de notícias sobre roubos e agressões a ciclistas, especialmente a mulheres. Precisamos, urgentemente, de policiais que pedalem, caminhem e que atuem como agentes de proteção e educação. Será pedir muito? 

 

Marcos de Sousa
Editor do Mobilize Brasil


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