Brasilia Para Pessoas

19
outubro
Publicado por Brasília no dia 19 de outubro de 2023

Texto e fotos: Uirá Lourenço

Ontem foi um dia em que pedalei mais que o normal. À tarde tinha consulta no final da Asa Sul e aproveitei para ver as obras de ‘mobilidade’ no Setor Policial. O canteiro central já está peladinho, infelizmente. Muitas belas paineiras, algumas bem frondosas, foram retiradas.

Canteiro pelado, sem sombra, no Setor Policial.

A bela paineira florida não existe mais. Fotos de 1/5/2022 (esquerda) e de 18/10/2023 (direita).

O termômetro marcava 32° C e, sem a sombra das árvores, o desconforto térmico era grande. Que progresso é esse?!

Na volta pra casa, no fim do dia, o caos era grande no Eixão. Um mar de carros. Alguns ciclistas disputavam espaço com os motoristas. Prefiro seguir caminho pelo canteiro do Eixinho. Apesar das irregularidades no gramado e dos obstáculos (na Asa Sul há estruturas de concreto que ocupam todo o canteiro), fico isolado do fluxo motorizado intenso.

Ciclistas entre os carros no Eixão Sul.

Na altura do Conjunto Nacional, encontro o amigo Graco, também de bicicleta. O caminhar e o pedalar permitem esses encontros casuais. Papeamos um pouco, parei para hidratar e ouvir a boa música da artista que tocava na calçada.

Retomo o pedal pra casa e logo no início do Eixão Norte noto algo diferente: longa fila de carros e bloqueio da polícia. Imaginei ter ocorrido atropelamento e resolvi me aproximar. A suspeita se confirmou, uma cena chocante: o corpo estendido no chão, coberto com lençol branco, a mochila ao lado. Aguardava o IML para ser retirado.

Fiz o registro em vídeo e fiquei bem impactado com a cena. Conversei com um dos policiais no local. Ele achava que a vítima era ‘morador de rua’. Quando comentei que o Eixão é bem hostil com pedestres e ciclistas, o policial disse que as pessoas deviam usar a passagem subterrânea.

Pedestre morto no Eixão Norte.

Velho dilema de quem atravessa o Eixão: arriscar-se a assalto por baixo ou se arriscar entre os carros velozes por cima. A velocidade de 80 km/h ou mais (longe dos radares) desumaniza, é incompatível com a vida na cidade.

Fico imaginando o que o governador e as autoridades de trânsito pensam sobre os atropelamentos no Eixão da Morte. Apenas mais um que ‘morreu na contramão, atrapalhando o tráfego’?



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Uirá Uirá Lourenço
Morador de Brasília, servidor público, ambientalista e admirador da natureza, Uirá é um batalhador incansável pela melhoria das condições de mobilidade na capital federal. Usa a bicicleta no dia a dia há mais de 25 anos e, por opção, não tem carro. A família toda pedala, caminha e usa transporte coletivo. Tem como paixão e hobby a análise da mobilidade urbana, com foco nos modos saudáveis e coletivos de transporte. Com duas câmeras e o olhar sempre atento, registra a mobilidade em Brasília e nas cidades por onde passa, no Brasil e em outros países. O acervo de imagens (fotos e vídeos), os artigos e estudos produzidos são divulgados e compartilhados com gestores públicos e técnicos, na busca de um modelo mais humano e saudável de cidade. É voluntário da rede Bike Anjo, colaborador do Mobilize e membro da Rede Urbanidade.
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